terça-feira, 25 de junho de 2013

GRUPO DE LEITURA “SERTÕES E MEMÓRIAS” ENCERRAM A LEITURA DE “O QUINZE” COM EXIBIÇÃO DE FILME


Sábado, dia 15 de Junho, após o fervor das festividades do Santo Casamenteiro de Quixeramobim, vindo de Portugal, reunimo-nos na Casa do Velho Conselheiro, outro Antônio, para fecharmos “O Quinze”. E fechamos, com chave de ouro. Com uma sessão de cinema: “O Quinze”, o filme homônimo. Uma verdadeira obra de arte cinematográfica. O cenário? O mesmo do romance de Rachel. Os sertões de Quixadá.
Compartilhamos as ultimas impressões do livro e partimos para uma comparação entre a obra no papel e a obra na tela. Foi uma viagem tal qual a que tivemos ao ler o livro. Atentamente estávamos ali com as pupilas grudadas na tela e recorrendo vez por outra ás páginas do livro que parecia estarmos vendo em tamanho maior e digitalizadas com imagens e sons.
           Cada cena, uma página. Um comentário. Uma lembrança. Uma citação. Uma comparação. E a vontade de voltar ás páginas já amassadas do que escreveu a nossa Rachel. Jurandir Oliveira, o diretor do filme, soube muito bem escolher os atores e cenários e foi muito fiel ao romance, pois não deixou de retratar a mesma história de resistência e coragem e vida de homens e mulheres que se cruzam, durante um período de seca devastadora, criada pela escritora de Quixadá.
Até! Outros sertões nos esperam


João Paulo Barbosa- Coordenador do grupo de leitura “Sertões e Memórias”






Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Edmilson Nascimento e Rebeca Ravete

terça-feira, 11 de junho de 2013

PAPO CULTURAL ESPECIAL DE JUNHO RECEBE O PROF. JOSÉ ARTUR COSTA


Durante o mês de junho, período que acontece em Quixeramobim as festas de Santo Antônio, o projeto Papo Cultural realiza um bate papo especial durante os festejos do glorioso. Este ano aconteceu no dia 08 de junho, tendo como convidado o professor José Artur Costa, que falou sobre sua vida, trajetória profissional, familiar, musical e esportiva, na 29ª edição do Papo Cultural, que todo mês acontece na casa de Antonio Conselheiro.
Inicialmente o coordenador do evento, Neto Camorim, fez uma breve apresentação do convidado, destacando um pouco de sua história e trajetória profissional. Em seguida foi dado início a sua apresentação, a partir de um roteiro organizado com a colaboração do professor Antônio Carlos, amigo e compadre do convidado.
INFÂNCIA E JUVENTUDE E CASAMENTO- De início professor José Artur falou de sua infância e suas recordações da cidade quando menino, das lembranças dos banhos no rio Quixeramobim e jogos de futebol na areia do rio. Algo que infelizmente não existe mais, pois o rio está poluído e abandonado.  Destacou a influência dos pais em sua vida. “A minha mãe era costureira, costurava as roupas cantando, isso contribuiu para o meu gosto pela música. Meu pai era coletor na cidade, uma pessoa muito fechada, mas de uma generosidade muito grande. Respeito, disciplina e responsabilidade foram heranças que recebi deles e procuro honrá-los”.
Disse também que na sua juventude teve muita influência do rádio, em Quixeramobim na época, não tinha televisão. Ouvia muitos programas de rádio (Ceará Rádio Clube, Rádio Nacional (RJ), Sociedade da Bahia, Rádio Jornal do Comércio (PE). Depois surgiu na cidade radiadora do Fenelon Câmara, hoje Rádio Difusora Cristal. Todo esse contexto influenciou o seu gosto musical, despertando o gosto em fazer serestas pela cidade, colocando o rádio na janela da casa de suas paqueras e dos amigos e primos. Depois passou a realizar serestas com violão e a frequentar bailes no Quixeramobim Clube, ponto de encontro da juventude nas festas da cidade.
Falou de quando foi morar em Fortaleza para estudar no colégio cearense e morar com Fausto Nilo e outros primos. Relatou suas aventuras na capital, o gosto pelo cinema e a música sempre na companhia desses parceiros. Quando perguntado se a inspiração musical do Fausto Nilo veio dessa época, ele falou. O gosto musical em nossa família é genético, está no DNA. Brincou. Mas com seriedade explicou que de fato a família Costa e Frutuoso sempre tiveram afinidade com a música. É uma grande paixão. Frisou.
Outro aspecto que abordou ainda relacionado à sua juventude, o período que estudou no Colégio Jesuíta de Baturité e sua atuação enquanto jogador de Vôlei na seleção cearense. Acredito que minha passagem pelo vôlei só aumentou minha paixão também pelo esporte de um modo geral.
Ainda durante a primeira parte do papo, José Artur falou sobre o seu casamento. De como conheceu dona Jandira sua esposa e como aconteceu a paquera inicial na passagem do pontilhão do trem, onde hoje se localiza o inacabado memorial de Antônio Conselheiro. Durante todos esses anos tem sido uma grande companheira. Ela me entende, claro que existe desavenças como qualquer casal, mas ela me entende. Quando reclamo de algo que não está dando certo e no intuito de melhorar. Planejamos dois filhos e graças a Deus saiu como programamos para oferecer-lhes uma melhor educação. Hoje eles nos dão muitas alegrias, além dos netos.
BOÊMIDADE E FESTAS DE SANTO ANTÔNIO- Como sempre gostou de música, procurou ter amizade com violonistas pra amimar as serestas nos encontro com amigos e familiares regados a música. Destacou a amizade como Dico, Iza Caetano e Daboi que atualmente com Paulo de Tarso, Terezinha Oliveira, Liduína Leite e outros têm construído um espaço de lazer no salão paroquial, para os amantes da boa música. A Boêmidade surgiu da necessidade de se criar um momento cultural para nossa geração.
Outro ponto que frisou foi à festa de Santo Antonio e sua participação nela, juntamente com a juventude de sua época. As brincadeiras no parque, oferecer música para as paqueras de maneira anônimas na radiadora. Enfim havia um maior entrelaçamento de amizade, diversão e respeito na festa maior do que hoje.
CARGOU PÚBLICOS QUE OCUPOU- Além de professor de matemática no antigo Colégio Estadual Andrade Furtado e Escola Assis Bezerra, ocupou outras funções públicas. Diretor da DERE atual 12ª CREDE em Quixadá, diretor do posto do IPEC em Quixeramobim, hoje ISSEC, Diretor da Escola Agrícola de Ensino Fundamental Dep. Leorne Belém, Secretário Municipal de Educação. Foi eleito diretor do colégio estadual, mas em lista tripla, mas quem foi escolhida foi à professora Socorro Pinheiro.
Comandou o esporte de Quixeramobim por 14 anos, tendo como grande parceiro na liga Esportiva o senhor Acrísio Mendes Pereira. Durante seu período no comando do esporte do município, organizou as olimpíadas “Verde Oliva”, que recebia diversas delegações de outros municípios em Quixeramobim. Além do destaque da seleção de Quixeramobim nos intermunicipais, consagrando-se campeã em 1989.
RADIALISTA E DESPORTISTA- Seu gosto pelo rádio, ainda é latente. Ainda hoje apresenta todo sábado um programa das 5 as 8h da manhã na Rádio Campo Maior, onde faz questão de frisar, “lá se toca boa música”.
Mas durante muito tempo atuou como comentarista esportivo nas partidas de futebol no estádio carneirão ou no campeonato de futebol de salão mais recentemente. Sempre foi apaixonado por esporte.
Para finalizar algumas pessoas presentes fizeram comentários sobre o convidado, como professor Antonio Carlos e Terezinha Oliveira, que falou do livro de memória do futebol de Quixeramobim que o professor José Artur está escrevendo. Algo confirmado por ele. Disse que resolveu escrever estimulado pelo médico Luciano Marques. Está quase na conclusão do livro e disse que não quer ganhar dinheiro com a obra, mas homenagear e registrar a memória do futebol local.
Em seguida, Neto Camorim repassou ao professor Antônio Carlos a menção honrosa preparada pelo Iphanaq, para ser entregue ao professor José Artur Costa pela sua participação no 29º Papo Cultural.
NOITE REIMOSA- Após o papo aconteceu na lateral da casa de conselheiro a 5ª noite reimosa conduzida por João Paulo, exclusiva com disco de vinil. Cada um dos presentes escolhia sua música e deixava na fila de espera pela sua vez, além de alguns convidados trazerem seus discos. Outros recitaram poesias, saboreando a deliciosa caipirinha feita pelo presidente da Ong. Iphanaq Ailton Brasil.

Neto Camorim- Coordenador do Papo Cultural e integrante da Ong. Iphanaq














Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento

sábado, 1 de junho de 2013

5ª NOITE REIMOSA 2013


         Após o Papo Cultural especial de junho, que tece como convidado o professor José Artur Costa, aconteceu na lateral da casa de conselheiro a 5ª noite reimosa conduzida por João Paulo.Uma noite musical exclusiva com disco de vinil, para curtir o lado reimoso da vida. Cada um dos presentes a festa escolhia sua música e deixava na fila de espera até chegar a sua vez sua vez. Além de alguns convidados que trouxeram seus discos. Outros recitaram poesias, saboreando a deliciosa caipirinha feita pelo presidente da Ong. Iphanaq Ailton Brasil.











Da seca d’O Quinze para o verde da Oiticica do Poço Grande

         
            Depois de três encontros do grupo de leitura “Sertões e Memórias”, na casa de Conselheiro, nos dias 13, 27 de abril e 11 de maio, o quarto encontro aconteceu no dia 25 de maio as margens do rio Quixeramobim, no Poço Grande. Acompanhe a seguir texto produzido pelo coordenador do grupo de leitura, João Paulo Barbosa.
Arrumamos nossas cargas e arribamos sábado á tarde rumo ao Poço Grande, raízes do Brasil. Motivo? Era a seca d’O Quinze da Rachel de Queiroz que nos esperava para mais um deleite de leitura à sombra da oiticica nas margens do Poço Grande, reduto de pescadores e admiradores da natureza. Mas, ao andar pela estrada percebemos que tá tudo verdinho em flor, tudo fresco: os pés de canapum, marmeleiro, malva, velame, os “passarin” cantando mais alegremente, as águas de maio correndo nas grotas nas beiras da estrada, as vacas mais gordas e felizes, enfim...
E lá sentamos, depois de molharmos os pés nas águas do riacho escorregando nas pedras em lodo, com O Quinze debaixo do braço e as Vozes da Seca, do velho Lula, na caixinha de som pra dar um tom de poeticidade à prosa da Rachel no início das falas. Então, começamos. Apesar de todo aquele frescor trazido pelas chuvas citado acima, a tristeza da parte mais trágica do romance nos comove e nos faz lembrar sertões adentro e a fora daqui mesmo do nosso Quixeramobim.
Rachel é muito profunda. Faz o leitor mergulhar de cabeça, alma e coração nas profundezas da alma sertaneja, sofredora, que sai do seu torrão buscando a sobrevivência. É a marcha trágica e penosa do vaqueiro Chico Bento com sua mulher e seus cinco filhos, representando os retirantes. Ele é forçado a abandonar a fazenda onde trabalhara. Junta algum dinheiro, compra mantimentos e uma burra para atravessar o sertão. Tinham o intuito de trabalhar no Norte, extraindo borracha. No percurso, em momento de grande fome, Josias, o filho mais novo, come mandioca crua, envenenando-se. Agonizou até a morte. O seu fim está bem descrito nessa passagem:  "Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra da mesma cruz." 
Tudo isso nos remeteu aos sertões mais longínquos e, ao mesmo tempo, perto de alguns de nós que ainda vivemos um pedaço deles. Nada ali naqueles tempos não tão remotos interessava nada tinha mais importância do que a comida e a água para a sobrevivência. Veio o ser-tão de dentro para fora de nós para explicarmos àquela galera mais jovem presente no encontro como foi que o sertão se transformou no que é hoje.
Assim, demarcamos do capítulo 15 (parece que tudo gira em torno deste número) até o final do livro, para o dia 15 (num tou dizendo?!) de Junho, após os festejos do Santo Casamenteiro de Portugal pros sertões de Quixeramobim. E depois, “Não me deixes” não nos deixará esperando por muito tempo: tomaremos um café na varanda com a Rachel de Queiroz nos sertões do Quixadá, (com licença histórico-poética) distrito aqui de Quixeramobim.

João Paulo Barbosa - coordenador do grupo de leitura “Sertões e Memórias”.











Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Ailton Brasil e Elistênio Alves