segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ASSENTAMENTO TAPAJÓS RECEBE EXIBIÇÃO DO CINECLUBE IPHANAQ


No último dia 23 de agosto, o Assentamento Tapajós, distrito de Belém, recebeu pela primeira vez, o Cineclube na Escola Dep. Moreira da Rocha daquela comunidade.
A sessão de cinema começou com a exibição do curta “Vida Maria”, onde as crianças participaram do debate ativamente. Segundo o coordenador do cineclube, Neto Camorim, durante esses quase cinco anos de cineclube pelo sertão, poucos vezes aconteceu uma discussão tão interessante com as crianças, onde elas de fato falaram espontaneamente, como aconteceu no assentamento Tapajós. Isso é muito gratificante. Só respalda a importância cultural e educativa desse projeto. Destacou.
Após esse momento para o público infantil, foi exibido para o público em geral, o filme os “Narradores de Javé”, de Eliane Café. O filme apresenta seu enredo a partir da pequena cidade de Javé que será submersa pelas águas de uma represa. Seus moradores não serão indenizados e não foram sequer notificados porque não possuem registros nem documentos das terras. Inconformados, descobrem que o local poderia ser preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em "documento científico". Decidem então escrever a história da cidade - mas poucos sabem ler e só um morador, o carteiro, sabe escrever. Depois disso, o que se vê é uma tremenda confusão, pois todos procuram Antônio Biá, o escrivão da obra de cunho histórico, para acrescentar algumas linhas e ter o seu nome citado.
Segundo os moradores da comunidade, aqueles que participaram do debate, eles destacaram que esse filme retrata bem a importância de se preservar nossa história e nossa memória, aonde muitas vezes os que vêm de fora usam o discurso do “progresso” para destruir nossas raízes e nossa cultura.  Outros colocaram na sua fala os agradecimentos ao Iphanaq ao permitir que a comunidade dormisse um pouco mais tarde, com um programa cultural tão interessante, pois como sempre acontecem todos ficam nas suas casas assistindo novela, que não permite que a gente tenha uma conversa como essa após sua exibição. Muito menos discutir as questões da nossa realidade como aconteceu após o filme.
Portanto queremos agradecer e dizer que a comunidade está de braços abertos para que vocês voltem quando quiser. Finalizou a professora Vildenis.

O projeto Cineclube é uma realização da Ong. Iphanaq com o apoio do SESC-Ler e do Sistema Maior de Comunicação, que todo mês viaja ao sertão do município de Quixeramobim com exibição de cinema nacional gratuito.














Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

CINECLUBE IPHANAQ REALIZA EXIBIÇÃO NO ASSENTAMENTO MUXURÉ


          O Cineclube Iphanaq realizou no dia 14 de agosto, no Assentamento Muxuré, distrito de Lacerda, exibição de cinema pelo sertão. Foi a primeira vez que o projeto esteve na comunidade.
Os filmes apresentados do salão comunitário, próximo a residência do senhor Valdim Paulino foram o curta infantil, “Calango Lengo” e o documentário “Sertão, Sertões”, de Sérgio Resende.
Inspirado em dois clássicos da literatura brasileira, Os Sertões, de Euclides da Cunha e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, o filme de Sérgio Resende é uma reflexão sobre a categoria mítica do sertão no Brasil contemporâneo.
O deslocamento das populações rurais para os grandes centros urbanos e, do outro lado, a expansão das fronteiras agrícolas brasileiras, parecem confirmar a profecia famosa de Antonio Conselheiro: "O sertão vai virar praia, a praia vai virar sertão".
No mundo globalizado em que vivemos talvez se possa expandir o conceito de sertão para outras regiões do mundo, sendo o sertão o mundo do atraso e o litoral o assim chamado primeiro mundo.
Filmado ao longo de dois anos, a produção percorreu os territórios míticos de Rosa e Euclides, o norte de Minas e o sertão baiano. Esteve também em Rondônia, palco da rebelião dos operários da usina de Jirau. E se debruçou sobre o novo "sertão" das comunidades pobres do Rio de Janeiro, sobretudo a da Rocinha e Dona Marta.
Após as exibições aconteceu um debate mediado pelo presidente da Ong. Iphanaq, Ailton Brasil, que estava presente ao evento.
Segundo o senhor Dedé Lourenço, morador da comunidade e que veio assistir o filme, considerou importante aquele momento para pensar algumas questões sobre o sertão que continua enfrentando problemas desde muitos anos sem uma solução definitiva pelos governos. “Os jovens das comunidades estão saindo do sertão para a cidade em busca de uma vida melhor que na maioria das vezes não acontece. O nosso sertão está ficando só os mais velhos e são poucos. Esse filme me fez pensar sobre essa realidade que entre ano e sai ano e continuamos enfrentando. Até quando isso vai continuar? Por isso que a cada dia aumenta a violência nas cidades e agora está chegando à zona rural. É um quadro de abandono para os pobres seja na cidade ou no campo. Não sei falar bem, mas é isso que penso”. Assim se expressou.
Para o senhor Valdim Paulino, que já tinha participado de outro cineclube ano passado na comunidade vizinha de São João Velho, dessa vez ele gostou mais. “Aqui no Muxuré teve debate às pessoas participaram mais achei bem interessante esse projeto cineclube de oportunizar as pessoas do sertão ter acesso ao cinema e conversar a partir do filme sobre sua realidade”. Destacou.

Ainda contribuíram no debate o senhor Chico Antônio, também morador do assentamento e o coordenador do projeto cineclube iphanaq, professor Neto Camorim.












Texto: Neto Camorim
Fotos: Ailton Brasil e Neto Camorim


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PAPO CULTURAL DEBATE GESTÃO DA CULTURA















Foi realizado no último dia 02 de agosto na Casa de Antônio Conselheiro o 30º Papo Cultural (Edição Especial para debater a Gestão da Cultura em Quixeramobim), que teve como debatedores o jornalista e professor Danilo Patrício e o Radialista Sérgio Machado. Além de artistas, autoridades e o público em geral.
Inicialmente o coordenador do Papo Cultural, historiador Neto Camorim, fez uma breve introdução do que seria o momento e em seguida o presidente da Ong. Iphanaq Ailton Brasil apresentou a “Carta da Cultura” para debate e encaminhamentos com artistas, agentes culturais, vereador Paulo Ferreira e público em geral presentes ao evento. Vale ressaltar que as autoridades responsáveis (secretário de cultura, foi convidado e prefeito municipal foi tentado contato sem retorno) não compareceram. Isso mostra o grau de compromisso dos gestores municipais com as políticas culturais do município.
Veja a seguir os principais pontos apresentados na “Carta da Cultura” e discutidos durante o Papo Cultural. São demandas reivindicadas desde 2008, mas nunca foram implementadas pelos gestores municipais. Segundo o jornalista Danilo Patrício, já virou descaso merecendo medida judicial. Acompanhe a seguir:

  • Política de Fomento Cultural: Mínimo de 1% para Cultura, conforme Constituição Federal, e criação pelo município do Fundo Municipal de Cultura, com prestação de contas à Câmara e ao Conselho Municipal de Cultura;
  • Destinação anual de verba para editais municipais nas diversas linguagens da Cultura, como música, fotografia, vídeo e literatura. Para além dos editais, ações de registros culturais envolvendo as “artes populares”, concebidas a partir de trabalho entre as Universidades e a sociedade civil, onde está a ONG Iphanaq, e entidades classistas como associações e sindicatos;
  •   Criação da Área de Proteção de Patrimônio no Centro, com parceria entre a Prefeitura, Iphan, Secult-Ce e sociedade, de modo a resolver o impasse decorrente da ausência de ação para uma legislação municipal, diante da decisão do Ministério Público Estadual denominando o Centro “Área de Relevante Interesse Patrimonial. Quixeramobim perde recursos e visibilidade não se tomando tal medida. Os bens já estão catalogados em trabalho do Iphan, e de posse da Procuradoria do Município, com cópia no Fórum da cidade;
  •  Instalação do processo público através da Câmara de um novo Plano Diretor, atendendo dispositivos contidos no Estatuto da Cidade, de 2001, estando o atual Plano da cidade, de 2000, já desatualizado e sem valia, conforme jurisdição nacional;
  • Concurso Público para a Gestão da Cultura, incluindo funcionários da Secretaria, técnicos e profissionais especializados, bem como espaços como o Arquivo Público Municipal, com Projeto já aprovado pela Câmara Municipal, prestando a Prefeitura apoio administrativo;
  • Políticas de patrimônio e incentivo a moradores e comerciantes do Centro, evitando que o município perca recursos oriundos de frentes que asseguram verbas para iniciativas do tipo, como por exemplo, a inclusão do PAC das Cidades;
  • Implementação na Área de Proteção de Patrimônio do Centro, que também possui poligonal de proteção da Casa Conselheiro, de ações associadas à Cultura e Qualidade de Vida, através da fiscalização efetiva da poluição sonora, seguindo os padrões de decibéis estabelecidos; normatização de telas, fachadas e anúncios das edificações, incluindo as comerciais - conforme outras cidades do Brasil - e cronograma de ações públicos dinamizando a área, também Centro Histórico do Ceará;
  • Ação da Secretaria Municipal de Cultura no funcionamento do Conselho Municipal de Cultura, atuando institucionalmente para que as decisões sejam tomadas de forma democrática;
  • Instalação do livre acesso à internet no município, começando pela área urbana e estendendo à área rural até o final da gestão mandato, através do sistema “internet livre”, já em funcionamento em algumas cidades do Ceará;
  • Implementação das propostas tiradas na 1ª Conferência Municipal da Cultura, realizada ainda no ano de 2005 em colaboração do Iphanaq, com propostas de posse da Secretaria Municipal de Cultura;
  • Política de Transparência dos recursos da Pasta Cultura: Informação sobre percentual e gastos dos recursos previstos no Orçamento Municipal através de informações nos boletins da Prefeitura e nas emissoras de rádio de Quixeramobim; Construção coletiva de políticas culturais através da realização de Assembléias abertas à população definindo ações e montante de recursos referentes à Cultura, Patrimônio e Turismo;
  • Política de Cultura e Turismo imaterial que leve em conta os sujeitos produtores e protagonistas das experiências sociais, fugindo de uma idéia de cultura restrita aos eventos superficiais, passageiros, e às autopromoções de cunho personalista, incluindo ocupantes de cargos públicos;
  • Inclusão no currículo escolar do município, desde as séries iniciais até o ensino fundamental II, de práticas educativas que fomentem no educando o sentimento de pertença pelo bem público e pelo município, permitindo acesso a informações e debates a partir das memórias coletivas, tomando como referência primeira acontecimentos registrados no município ao longo do tempo histórico;
  • Conclusão do Memorial Antônio Conselheiro, iniciado ainda em 1997, e sem o término de equipamentos básicos como jardinagem e climatização do auditório; Conclusão obedecendo à tematização Conselheiro/Canudos/Cultura, com decisões públicas e núcleo gestão com participação da sociedade;
  • Recuperação dos mananciais hídricos urbanos, como o Açude da Comissão, e criação e manutenção de áreas verdes.  
          Direção da Ong. Iphanaq

           Também durante o evento foram tratados da proposta específica para encaminhamento: Sede do Arquivo Público Municipal e condições das edificações projetadas para o que seria Memorial Antônio Conselheiro. Que desde 1997 foi inaugurado, mas continua até hoje sem funcionamento. Um total desrespeito a memória de Antônio Conselheiro.
O projeto Papo Cultural é uma conversa com personalidades que contribuem com seu trabalho, seus conhecimentos e seus saberes diversos, para a difusão do patrimônio histórico e desenvolvimento cultural e educacional de nosso município.

               
             
                                  
                    
                               
    
Texto: Neto Camorim 
Fotos: Edmilson Nascimento e Ailton Brasil