Sexta-Feira, 13 de Julho de 2012. Foi
nesse dia nebuloso e tido como sombrio que nos encontramos na “Casa do Bruxo”
para saborearmos o que descobrimos com a leitura de mais uma parte d’O Homem em
“Os Sertões”. Desta vez nos prestigiou com sua presença e participação nas
descobertas a Professora de Geografia do Liceu de Quixeramobim Suerlene
Oliveira, acompanhada de sua filha Milena, que já envereda também por esses
caminhos. Também contamos com a participação do Elistenio, que anda meio sumido
desses (des) encontros. Antonio Carlos, o Guaru, lá estava novamente nos
levando a ápices de discussões maravilhosas acerca da obra.
Continuamos as discussões no mesmo
tom do encontro anterior; o homem miscigenado, nada puro, resultado do meio em
que vive. Aí entra na discussão o homem elaborado por outros escritores, como
Ariano Suassuna e Rachel de Queiroz. São homens diferentes: o sertanejo de
Euclides é escasso de intelectualidade à frente do gaúcho, do tipo do litoral.
Já o homem de Suassuna é repleto de intelectualidade traduzida como esperteza,
o João Grilo, que também não deixa de ser produto do meio em que vive o
nordestino cheio de sofrimento, mas que se sobressai tornando-se forte como o
homem de Euclides.
Adentrávamos ainda, em segundo plano,
nas crendices, mitologias e superstições sertânicas (afinal, era
Sexta-Feira13), pois tudo isso também é um tijolo na construção do tipo
sertanejo. Discutíamos o papel da figura mitológica do diabo que tanto assombra
o homem sendo forte ou não onde quer que esteja. O temor á morte, o temor a
Deus, o medo e a necessidade do sofrimento... Tudo foi tema nas discussões da
descoberta deste homem.
E pra fechar, o Guaru solta essa
genialidade: “O nordestino é um Chaves no barril.” Interpretemos livremente,
mas é bem verdade que nós nordestinos quando estamos no Nordeste (barril)
sofremos pela falta de recursos, quando saímos sabemos que vamos sofrer (talvez
mais ainda) até nos adaptarmos, mas sempre queremos voltar pra cá. Eterno
retorno?
Ah! E já estamos nos mobilizando para
a 3ª expedição. “Vamos almoçar em Canudos!”
Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Milena Oliveira
"Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra.A seca não o apavora.É um complemento à sua vida tormentosa...enfrenta-a estóico"(Os Sertões).
ResponderExcluirIsso me levou a tal alegoria "o nordestino é um Chaves no barril".Em referência à escola filosófica estóica fundada por Zenão.Essa escola pregava que nossa atitude diante das adversidades e da própria morte deve ser de serena resignação.Um outro filósofo,Diógenes o cínico e que teria influenciado o fundador do estoicismo,dizia-se ter vivido dentro de um barril, tendo como bens um alforje,um bastão e uma tigela,que representavam o desprezo diante do mundo!
Antonio Carlos