No último dia 13 de agosto, o grupo
de estudo "sertões e memórias" se reuniu na Casa de Antônio Conselheiro, onde
concluiu a leitura do “homem”, segunda parte da obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha.
As discussões deste encontro
estiveram voltadas para os capítulos IV e V. No capítulo IV, Euclides apresenta
Conselheiro, como documento vivo do ativismo. Um grande homem pelo avesso,
representante natural do meio em que nasceu, Quixeramobim, sertão central do Ceará.
Teve sua trajetória de vida familiar marcado pelos conflitos entre os "Araújos e
Maciéis", constituindo assim, seus primeiros reveses e quedas em sua terra natal,
que lhes expulsou pelos sertões afora. Inicialmente fez paragem na região norte do
Ceará e depois adentra pelos sertões de Pernambuco, Sergipe e Bahia, fazendo
peregrinações e martírios. Vira lenda com suas prédicas e profecias pelo
sertão. As autoridades da época, lhes transformam num “monstro”. Ele assusta,
incomoda e desafia os poderes da Igreja, do Exército e do latifúndio. Direciona-se
para o norte baiano para fundar o Arraial do Belo Monte.
Como destaca Euclides da Cunha, ele “conhecia o sertão, pois percorrera todo
numa romaria de vinte anos. Sabia as paragens ignotas de onde não arrancariam.
Marcara-as talvez, prevenindo futuras vicissitudes. Endireitou, rumo firme para o norte”. Chega então em Canudos.
No capítulo V, Euclides descreve
minuciosamente Canudos. Seus antecedentes, aspectos naturais e crescimento
vertiginoso com a chegada de conselheiro e seus seguidores. Transformando-o, num
local de população multiforme e de forte conotação religiosa, sendo acusados de
fanáticos e de bandidos. A construção do templo era considerada a estrada para
o céu. Com suas rezas diárias e agrupamentos bizarros que passaram a pregar
contra a República e acusados de monarquistas. Canudos depois de quatro
expedições, nas palavras de Euclides da Cunha, acabou sendo “uma missão abortada. Maldição sobre a
Jerusalém de taipa”.
Após as discussões do grupo e as
conclusões e reflexões sobre Conselheiro e Canudos, ficou agendado para o dia 14
de setembro o próximo encontro.Nesta data iniciarão a leitura da Luta, a partir de seus antecedentes; causas
próximas da luta. Uauá; preparativos da reação. A guerra das caatingas e
autonomia duvidosa. Até o próximo encontro.
Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento e Ailton Brasil
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