No dia 26 de abril, o
advogado, militante social e presidente do PSOL-CE, Renato Roseno, visitou
Quixeramobim a convite da ONG Iphanaq, para participar do Papo Cultural, com
desdobramentos em outras programações na cidade, de caráter político e
educacional.
Às 12h30, concedeu entrevista ao
programa “Repórter Ceará”, da Rádio Campo Maior. Às 15h, realizou palestra para
150 jovens no auditório do Liceu Alfredo Almeida Machado. O evento teve como
público alunos do 3º ano do ensino médio, com o tema “Juventude e Direitos Humanos: Desafios e Perspectivas”. A
atividade marcou a abertura do ciclo de palestras que a Escola realiza em
preparação para o ENEM-2013, articulado pelos professores coordenadores de área
(PCA).
Às 19h, na Casa de Antônio
Conselheiro, Renato Roseno participou do Papo Cultural. Inicialmente, o
coordenador do evento, professor e historiador Neto Camorim, fez uma breve
apresentação do convidado, que agradeceu o convite e começou a sua
participação, pedindo que todos os presentes se apresentassem.
Trajetória
- Na primeira parte, Renato Roseno falou de sua trajetória de vida,
enquanto filho de migrante nordestino. Seus pais saíram de Amontada, região
norte do Ceará, para São Paulo, buscando trabalho na 'cidade grande', como
muitos milhares de nordestinos fizeram no processo histórico brasileiro. “Mesmo
tendo nascido em São Paulo, me considero cearense”, ressaltou Renato. Ainda
falando sobre a trajetória, o convidado destacou também a alegria da família
quando ele graduou-se em Direto pela UFC: “Foi uma festa pra mais de uma
semana. Meus avôs em Camocim ficaram muito felizes. Fui o primeiro na minha
família a ter curso superior e isso foi um orgulho muito grande para meus
familiares. Sou muito grato aos meus pais por me possibilitarem estudar. Sei
que eles não tiveram essa oportunidade, mas ofereceram com sacrifício aos
filhos. Até porque na época de meus pais a escola era difícil. Além de ter que
trabalhar desde cedo para sustentar a família”.
No segundo momento do Papo Cultural,
Renato Roseno falou de sua atuação política. Disse que se considera um
militante social que continua acreditando na possibilidade de um mundo melhor,
baseado na solidariedade e na luta coletiva. Isso é o que o faz socialista,
diante de um sistema capitalista cada vez mais desumano, explorador e
excludente. Quando foi indagado sobre de sua saída do PT, disse que não se
considera “viúva do Lula”: “Não devemos viver de saudosismo de uma construção
coletiva em que nós acreditamos e dedicamos muitos anos de nossa vida para a
construção de um projeto de poder que faliu. Fomos traídos e, portanto, saímos
de cabeça erguida, antes do escândalo do mensalão. Não só eu, mas valiosos
companheiros aqui no Ceará, como esses lutadores aqui de Quixeramobim, Aílton
Brasil e Neto Camorim, entre outros, que não se deixaram cooptar pela onda do
lulismo. Não concordamos com as práticas políticas em que o PT tomou e os
caminhos que ele buscou para chegar ao poder em 2002. Buscamos outro caminho e
estamos construindo com muita dificuldade, mas sempre lembrando que não é
impossível outro projeto político no PSOL”.
Conjuntura Brasil - Roseno destinou também parte de sua
apresentação para comentar a atual conjuntura política e econômica. Para ele, “o
Brasil está mergulhado numa crise gravíssima causada pelo crescimento da dívida
pública, juros elevados e endividamento da classe trabalhadora com a facilidade
do crédito que compromete seu orçamento ao limite máximo”. Roseno entende que
“o mais greve é que o governo Dilma fica maquiando os números da economia,
passando a ideia para os menos esclarecidos de que o país está bem, o que não é
verdade”. Ele adverte que estamos ameaçados constantemente com o retorno da
inflação, com os preços da cesta básica estão disparando. “E o que faz o
governo? Aumenta a taxa Selic e nós continuamos com os juros mais altos do
mundo. Com essa política econômica do jeito que está sendo conduzida, está bom
mesmo é para os grandes empresários, o agronegócio e os banqueiros, que nunca
ganharam tanto dinheiro nesse país. Esses são os setores mais beneficiados por
esse modelo econômico perverso que explora e engana a classe trabalhadora com a
ilusão do crédito fácil, dando uma sensação de melhoria na sua vida”, analisa.
Ainda falando do contexto atual,
Renato Roseno falou sobre a tramitação no Congresso Nacional da PEC 37, a qual
acha difícil passar em votação, por existir, conforme entende, um forte apelo
popular contra essa lei: “Seria uma vergonha para o nosso país votar uma lei
tirando a competência do Ministério Público e outros órgãos de fiscalizarem a
aplicação do dinheiro público, quando mal aplicado pelos políticos. Seria um
retrocesso sem tamanho na nossa ainda frágil democracia. Como defensor da luta
contra a corrupção e a impunidade, apoiamos as iniciativas do Ministério
Público quando realizam investigações das supostas irregularidades. Devem ser
apuradas e os envolvidos punidos. O Brasil não aguenta mais tanta corrupção”.
Ações coletivas - Roseno ainda destacou durante o Papo
Cultural a luta em defesa das causas das crianças e adolescentes, dos direitos
humanos e pela ética na política: “Parece uma utopia para muitos falar em ética
na política. Mesmo que muitos exemplos nos mostrem às vezes pontos diferentes
do que defendemos, precisamos caminhar nessa direção. Caso contrário, qual será
o futuro desse país? Precisamos é lutar e nos organizar com participação popular
para mudar essa realidade. Sabemos que não é fácil, mas é preciso ousar. Temos
uma juventude infelizmente abandonada e destruída pelas drogas e pelo
consumismo que aliena e mata, não permitindo que as maiorias de nossos jovens
pensem e acreditem que eles podem ser sujeitos de sua história. Para isso, é
preciso lutar por educação de qualidade, cultura, emprego. Não podemos perder a
nossa capacidade de sonhar e se indignar. Só através da luta coletiva é
possível mudar essa realidade a na qual nos encontramos atualmente. Parece que
a sociedade vive, em sua maioria, numa espécie de apatia a tudo que está
acontecendo de desmando em nosso país. Temos que reagir, não podemos esperar”.
É importante ressaltar que durante o
debate foram feitas várias intervenções do público, através de perguntas,
comentários e reflexões complementando o que estava a cada momento em debate
durante o Papo Cultural, atividade em contexto destacado pelo próprio
convidado: “Quero de público elogiar a atuação do Iphanaq. Ações como o Papo
Cultural, o Cineclube e o Grupo de Leitura são um pouco disso que estou
falando. Quero parabenizar todos que fazem essa instituição pelo trabalho que
realizam nesse município. No Ceará existem poucas instituições que trabalharam
com cultura, patrimônio e memória criando espaços democráticos para debater
diferentes ideias. Isso é o caminho para a construção de um mundo com mais
seriedade e respeito às diferenças étnicas, sexuais, políticas, culturais e
sociais. Portanto, estou muito feliz de participar desse evento e ter dialogado
durante todo o dia com professores, estudantes e trabalhadores em geral. Pra
mim foi muito gratificante”.
Produção Iphanaq e Patrimônio Vivo- Para finalizar, o Coordenador do
evento, Neto Camorim, fez a entrega do CD/DVD Boi de Reisado de Quixeramobim do
mestre Piauí e de uma série de cartões postais da cidade produzidos pelos
alunos do Ponto de Cultura Patrimônio Vivo. Em seguida, o presidente do
Iphanaq, Aílton Brasil, fez a entrega da menção honrosa do convidado na 27ª
edição do Papo Cultural.
Neto Camorim- Coordenador do Papo Cultural e
Integrante da Ong. Iphanaq
Fotos: Edmilson Nascimento e Elistênio Alves
Apoio: Liceu de Quixeramobim Alfredo Almeida Machado e Sistema
Maior de Comunicação
Mais informações sobre o Papo Cultural e atividades do Iphanaq:
www.patrimoniovivo.org.br
telefones: (88) 9229-0056/ 9998-7434
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