No dia 30 de maio o projeto Papo
Cultural recebeu na sua 40ª edição a Pedagoga Neyliane Oliveira, que apresentou a sua monografia de
Especialização em Perspectivas e Abordagens em História, que tem como tema “O jogo e a Sociabilidade: as rifas no
cotidiano de Quixeramobim”.
A referida pesquisa segundo Neyliane
é resultado da convivência familiar que sempre gostam de se encontrar para
jogar rifa enquanto momento de lazer e descontração daí então começou a
despertar o interesse em desenvolver essa pesquisa a partir da sociabilidade
que o jogo possibilita.
Acompanhada de seu pai que conhece
alguns ambientes onde se jogam rifas, ela pediu ao seu genitor que lhes levasse
a esses locais para entender como funciona as rifas fora do espaço familiar,
único local que antes conhecia. Iniciou suas observações procurando entender
como se organiza uma rifa e compreendeu que é necessário, planejamento,
divulgação e execução para que a mesma aconteça. Em seguida passou a pesquisar
os termos usados nesse jogo para se familiarizar e facilitar a interação entre
os jogadores.
A partir de então, elegeu como
objeto de pesquisa uma rifa no Bairro Jaime Lopes, periferia de Quixeramobim e
outra no Bairro da Rodoviária. Segundo Neyliane, a rifa do Jaime Lopes além de
ser um espaço de encontro entre amigos se discute de tudo um pouco. Desde o
cotidiano de trabalho, amoroso e as questões que envolvem a realidade social e
política no qual estão inseridos. Destacou na sua apresentação que na rifa do
Jaime Lopes envolvia premiação mais valiosa, pois envolvia 100 kg de carne.
Como a quantidade de jogadores não era suficiente rifaram apenas 50 kg.
Na rifa do Bairro da Rodoviária eram
objetos de menor valor e os jogadores eram pessoas que são mais próximas. A
rifa pra eles se caracteriza mais como um momento de descontração e de passar o
tempo, como eles dizem. Destacou a pesquisadora.
Outro aspecto observado na pesquisa
é o papel destinado às mulheres no jogo. A maioria delas não participam diretamente da rifa. Mas organizam as rifas. Elas são responsáveis para servir
o café, a cachaça para esquentar o sangue durante as longas horas do jogo,
fazer as anotações das vendas das taras que os jogadores têm que irem comprando
durante a rifa. Existem mulheres que jogam, mas são poucas. A rifa que
pesquisei se constitui um espaço de jogadores essencialmente masculino. Ressaltou Neyliane.
Segundo Bruno Paulino, que esteve
presente ao evento, destacou a importância dessa pesquisa enquanto espaço para
a compreensão de como a sociabilidade acontece em vários locais, muitas vezes
não valorizados nos trabalhos acadêmicos. Daí a riqueza dessa pesquisa. Outro
ponto que gostaria de ressaltar, e que tenho boas lembranças das rifas organizadas
pela minha avó, no bairro Jaime Lopes. Ela além de organizar as rifas era a
única mulher a participar do jogo. Centralizava nela as decisões. Mesmo sendo
criança na época, ainda hoje trago na memória esses momentos de encontro
familiar e de amigos. Ressaltou durante o debate.
Entenda o que é rifa: É um jogo organizado geralmente entre amigos no qual utilizando baralho as pessoas vão comprando as taras que são simbolizadas por sementes ou algo semelhante. Essas taras você compra com dinheiro onde vão sendo jogados durante muitas horas, as vezes, entram a madrugada ou amanhecem jogando. E ao final quem ganha leva o prêmio.
Para finalizar a apresentação o
coordenador no papo cultural, Neto Camorim, destacou a história de vida escolar
e acadêmica da convidada, onde além de cursar pedagogia na UECE/FECLESC em
Quixadá, fez também Tecnologia em agronegócio na FATEC Sertão Central em
Quixeramobim e trabalhava na Fábrica de Calçados a noite. Uma batalhadora e
alguém muito determinada, um exemplo de coragem. Como ela destacou na sua fala,
a palavra desistir não existe no seu dicionário.
Em seguida foi entregue a convidada
uma menção honrosa pela sua apresentação no papo cultural, no qual ela recebeu
essa pequena e merecida homenagem das mãos de seu pai, grande incentivador de
sua formação acadêmica.
Neto
Camorim - Coordenador do Papo Cultural
Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento
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