Iniciou no dia 11 de abril os encontros do
Grupo de leitura “Sertões e Memórias” de 2014. Que este ano começou com a
leitura de “Dona Guidinha do Poço” de Oliveira Paiva. A seguir um pequeno texto
do professor João Paulo Barbosa, coordenador do grupo de leitura, refletindo as
impressões do primeiro encontro.
Lá estávamos nós de novo, na casa
do Velho Conselheiro. E desta vez quem nos esperava era sua madrinha: Marica
Lessa, ou melhor, Dona Guidinha do Poço. As duas se confundem, por isso
resolvemos que enveredaríamos pelas veredas do Poço da Moita.
Começamos o deleite da obra do mestre Oliveira
Paiva enxergando-o como um escritor que deveria ter um alcance maior na
literatura brasileira e sua Dona Guidinha, romance baseado em história real
acontecida nas ribeiras quixeramobinenses, como uma tragédia “Greco-sertânica”,
uma vez que tal obra se apodera de todos os elementos de uma tragédia grega
antiga digna de Sófocles. Oliveira Paiva foi nosso Sófocles do sertão, assim
como foi também nosso Guimarães Rosa cearense ao não ser um neologista, mas ao
resgatar um linguajar desprovido dos requintes da língua padrão, e sim cheio de
sertanices, agregando assim um teor poético próprio. Paiva foi nosso Machado de
Assis do Nordeste, ao almejar o realismo, mas ao mesmo tempo apresentar
resquícios naturalistas e românticos. Digamos de maneira objetiva: o autor
tentava cruzar a ponte que o Bruxo do Cosme Velho havia deixado para trás em
1881, ao publicar Memórias póstumas de Brás Cubas.
Foi um encontro de várias vertentes
literárias e linguísticas ali expostas na sala do Conselheiro, tudo observado
bem de perto e registrado pelas lentes do Tarcísio Filho, o Sebastião Salgado
do Quixeramobim. Encontraremos Guidinha de novo no próximo dia 09 de Maio, no
mesmo horário e local. Avante, que a história tá massa!
João
Paulo Barbosa- Coordenador do grupo de leitura
Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Edmilson Nascimento
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