segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

CINECLUBE IPHANAQ RETORNA PELA QUINTA VEZ A LAGOA CERCADA NA FESTA DA PADROEIRA

Pelo 5º. ano consecutivo, durante a festa da padroeira de Lagoa Cercada, Imaculada Nossa Senhora da Conceição, o Cineclube Iphanaq realizou exibição na referida comunidade, após a novena.

O Projeto exibiu três curtas/documentários em 2014. O primeiro apresentado foi “Calango Lengo”. Com direção de Fernando Miller, esse curta de animação infantil aborda de forma humorada a trajetória do nordestino, tem que cumprir seu destino, sem ter o que pôr no prato. Na seca não há outra sorte: viver fugindo da morte, como foge o rato do gato. A esperança é rogar à Nossa Senhora Aparecida para mandar chuva, para se ter água e assim ter colheita e fartura no sertão. É um filme que desperta várias reflexões sobre o fenômeno da seca.

O segundo documentário exibido foi “Trocando em Miúdos”, direção César Crispim, que mostra um dia em uma feira de rua, em Juazeiro do Norte-CE. Esse curta-metragem apresenta depoimentos e imagens da montagem e desmontagem da feira, seu movimento, o clima e seus produtos ali comercializados.

Difusão de bens culturais – O terceiro Curta apresentado foi “Lata D´água”, de Amanda Marques e Marivaldo Silva. Esse documentário mostra uma produção teatral de rua que leva os atores ao ambiente dos chafarizes, onde antigamente os moradores de Pombos-PE abasteciam de água as suas casas. O vídeo traz uma mistura de linguagens em sua estrutura: teatro e vídeo, documentário e ficção, para problematizar a questão da falta de água na cidade. Esse dois documentários fazem parte da série LAB Cultura Viva. Trata-se de uma produção colaborativa do Minc que selecionou curtas dos Pontos de Cultura para organizar essa coletânea e difundir as produções dos Pontos. A ONG Iphanaq recebeu esse material quando da sua participação da TEIA Nacional, realizada neste ano em Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Durante o debate após os filmes, o senhor Otávio Vicente, líder comunitário de Lagoa Cercada, destacou que as maiorias das cenas dos filmes apresentados fizeram parte da sua infância. Ele se recorda da seca como a falta de água potável para o consumo. Quando havia água, recorda-se, estava muito distante das residências. “É uma realidade que infelizmente se repete em pleno século XXI. Isso só mostra que ações desenvolvidas durante todo esse tempo não solucionaram esse problema. A classe política continua, em sua grande maioria, enganando o povo com soluções paliativas que se repetem a cada seca, como essa agora que estamos enfrentando nos últimos três anos. Hoje os mais jovens não enfrentam as dificuldades apresentadas nos filmes. Os tempos são outros, mas eles precisam conhecer essa história para entenderem como era a realidade no tempo de seus pais e avôs”, destaca Seu Otávio Vicente.

É importante destacar que comunidade agradeceu o empenho da ONG Iphanaq com o projeto cineclube, que todo os anos está presente na festa da padroeira da comunidade, oportunizando acesso à cultura do cinema, com debates e reflexões inseridas na realidade. O Projeto configura-se como um trabalho valoroso que já está no seu sexto ano, exibindo cinema pelas comunidades dos sertões de Quixeramobim.







Texto: Neto Camorim- Coordenador do Cineclube Iphanaq
Fotos: Edmilson Nascimento – Integrante da ONG Iphanaq

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