quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Banquete Geral: O que vi de Canudos

Nos dias 18, 19 e 20 de outubro tive o prazer de retornar a uma cidade que tão bem soube me acolher. Falo da pequena e pacata Canudos, na Bahia. Não por acaso retornei àquela terra que muito me deixa emocionado quando por lá piso.

Canudos tornou-se para mim as ‘Ipueiras’, terra mais próxima de mim em Quixeramobim. Estive em Canudos com amigos: Neto Camorim, João Paulo, Edmilson Nascimento e Fausto Lopes. Refazer os passos do Conselheiro foi o que fizemos. Ao longo da estrada e dos pouco mais de 700 km percorridos nos deparamos com tudo aquilo que enfrentou o beato de Quixeramobim rumo a terra prometida onde o rio era de leite e as ribanceiras de cuscuz de milho.

O sertão seco, a coragem defrontada quilometro a quilometro, visivelmente mostrava-se a determinação de Antonio em viver bem e trazer vida em abundância para aquele povo sofrido. Deparei-me com a história viva.

Diferente do que se vê hoje em dia, Canudos é uma cidade que não é tão torneada pelas loucuras mundanas, da correria do dia a dia das grandes metrópoles. Canudos é cidade de sentar na calçada e ‘papear’, diga-se de passagem, coisa rara hoje em dia. É uma terra diferente pela história e pelo seu povo. Terra acolhedora, de gente que abre as portas de sua própria casa para pessoas que nunca viram na vida, mas que por dentro parece que já conhece há anos. Falo de Dona Bebé, que tão bem nos acolheu em uma sua residência e que tão bem nos tratou. Gente de caráter como o ela tem de sobra em Canudos.

Do sorriso apertado no rosto, da alegria em ter gente nova no pedaço, essa é a Canudos da Bahia. Tenho laços, criei vínculos.  Conselheiro perpetua seus pensamentos até hoje por lá. Sua persistência em buscar dias melhores, sem dúvida permanece naquela terra, que ainda sofre.

Durante o percurso de Quixeramobim até Canudos, esticamos 20 Km a esquerda da BR 116, para conhecer a cidade de Chorrochó, onde Antonio criou sua primeira Igreja antes de alcançar e fundar Canudos. Indescritivelmente emocionante. A sensação de estar dentro da Igreja que ele criou foi um dos marcos da viagem. Outro marco desta caminhada foi a visita às ruínas da velha Canudos, que foi inundada pelo açude Cocorobó. Desta vez com o açude mais seco, elas aparecem imponentes externando viva a lembrança do Bom Conselheiro.

De passagem por Bendegó, um distrito da cidade, nos deparamos com o descontraído Seu Manoel Travessa, um homem simples, que há anos produz uma das melhores cachaças da região. Ele já foi vereador por muitos mandatos em Canudos e hoje em seu restaurante recebe caminhoneiros e amigos todos os dias para conversar e saborear o famoso bodinho da Bahia. Seu Manoel é um canudense de orgulho, mesmo tendo nascido em Monte Santo. Em seu restaurante ele preserva imagens da cidade e de outros lugares onde Conselheiro passou peregrinando naquela região. Seu Manoel tornou-se para nós um grande amigo, principalmente de João Paulo (rsrs).

Afinal, o que vi de Canudos? Vi a história aos meus pés, vi a imagem e semelhança de Quixeramobim em tempos passados, vi o sertão de dentro. Vi um povo Ser Tão! Canudos agora é dentro de mim.

E como diria o poeta, “o espetáculo não pode parar”.
Até ano que vem. Salve, Salve, Canudos!

Por Elistênio Alves
Graduando em Letras/Espanhol pela Universidade Federal do Ceará

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