quarta-feira, 18 de julho de 2012

GRUPO DE LEITURA SERTÕES E MEMÓRIAS PROSSEGUEM NA LEITURA DO HOMEM



Sexta-Feira, 13 de Julho de 2012. Foi nesse dia nebuloso e tido como sombrio que nos encontramos na “Casa do Bruxo” para saborearmos o que descobrimos com a leitura de mais uma parte d’O Homem em “Os Sertões”. Desta vez nos prestigiou com sua presença e participação nas descobertas a Professora de Geografia do Liceu de Quixeramobim Suerlene Oliveira, acompanhada de sua filha Milena, que já envereda também por esses caminhos. Também contamos com a participação do Elistenio, que anda meio sumido desses (des) encontros. Antonio Carlos, o Guaru, lá estava novamente nos levando a ápices de discussões maravilhosas acerca da obra.
Continuamos as discussões no mesmo tom do encontro anterior; o homem miscigenado, nada puro, resultado do meio em que vive. Aí entra na discussão o homem elaborado por outros escritores, como Ariano Suassuna e Rachel de Queiroz. São homens diferentes: o sertanejo de Euclides é escasso de intelectualidade à frente do gaúcho, do tipo do litoral. Já o homem de Suassuna é repleto de intelectualidade traduzida como esperteza, o João Grilo, que também não deixa de ser produto do meio em que vive o nordestino cheio de sofrimento, mas que se sobressai tornando-se forte como o homem de Euclides.
Adentrávamos ainda, em segundo plano, nas crendices, mitologias e superstições sertânicas (afinal, era Sexta-Feira13), pois tudo isso também é um tijolo na construção do tipo sertanejo. Discutíamos o papel da figura mitológica do diabo que tanto assombra o homem sendo forte ou não onde quer que esteja. O temor á morte, o temor a Deus, o medo e a necessidade do sofrimento... Tudo foi tema nas discussões da descoberta deste homem.
E pra fechar, o Guaru solta essa genialidade: “O nordestino é um Chaves no barril.” Interpretemos livremente, mas é bem verdade que nós nordestinos quando estamos no Nordeste (barril) sofremos pela falta de recursos, quando saímos sabemos que vamos sofrer (talvez mais ainda) até nos adaptarmos, mas sempre queremos voltar pra cá. Eterno retorno?
 Ah! E já estamos nos mobilizando para a 3ª expedição. “Vamos almoçar em Canudos!”





Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Milena Oliveira

terça-feira, 10 de julho de 2012

CINECLUBE SESC-IPHANAQ RETORNA A FOGAREIRO NA FESTA DA PADROEIRA



O Cineclube Sesc-Iphanaq esteve neste dia 09 de julho, retornando a vila de Fogareiro, distrito de Passagem, 32 Km da sede do município, realizando exibição durante os festejos da padroeira daquela comunidade, Sagrado Coração de Maria. É a segunda vez que o cineclube participa da programação cultural da festa. Ano passado exibiu o filme, “Os Narradores de Javé”, e desta vez apresentou “O Quinze”, de Jurandir Oliveira.  
          Baseado na obra de Raquel de Queiroz ,em 1915, sertão central do Ceará, uma grande seca dizimou boa parte da população local. A jovem professora Conceição (Karina Barum), que trabalha em Fortaleza, passa férias na fazenda de sua avó Mãe Inácia, no município de Quixadá. Lá ela convive com os problemas da seca, além de se envolver com seu primo Vicente (Juan Alba). Ele é fazendeiro e está apaixonado pela prima, mas no momento concentra toda sua atenção no combate a uma prega de carrapatos e em salvar o gado da fome. No município também vive Chico Bento (Jurandir Oliveira), que trabalha como vaqueiro na fazenda de Dona Maroca. Quando recebe ordem de se retirar do local. Chico negocia com Vicente sua pequena criação em troca de uma burra velha e uma quantia em dinheiro. Ela então parte com sua viajar para o amazonas, mas desiste quando consegue umas passagens e segue família rumo a Fortaleza, enfrentando as dificuldades do percurso. Tenta com destino a São Paulo.
Segundo Dona Júlia Vieira, coordenadora da festa da padroeira, “o retorno do cineclube a comunidade, só veio acrescentar a parte cultural da festa, pois possibilitou mais uma vez as pessoas terem acesso ao cinema, com um filme que permitiu a gente relembrar das dificuldades e tempos difíceis das secas no sertão. Como a que estamos enfrentando agora em 2012. Claro que é outro contexto, mas alguns problemas continuam sem solução pelo descaso dos governantes, que muitas vezes usam a seca como moeda de troca por votos durante as eleições. Voltando ao filme, ele nos permite entender melhor hoje, com era mais difícil enfrentar uma seca no passado, diante do abandono dos fazendeiros e dos políticos para com os podres. Muitas dessas questões ainda existem na atualidade. Uma vergonha!”
        Para o Sr. Antônio Neto, morador da comunidade de Fogareiro, “o filme mostrou com muito realismo as dificuldades enfrentados pelos sertanejos durante a seca de 1915. Me fez lembrar em algumas cenas meu tempo de infância, os problemas que vivíamos no sertão quando acontecia uma seca. Tempo difícil naquela época, hoje apesar de algumas pessoas ainda terem fome, mas a maioria tem o que comer. Agora os animais são muitos afetados. Parabéns ao cineclube por nos ter oportunizado mais essa exibição. Retornem outras vezes”! Ressaltou.
Após o filme, o jovem Carlos André Miranda, também participou do debate, onde fez os agradecimentos pela presença mais uma vez do Cineclube na festa da padroeira.
O projeto Cineclube é uma realização da Ong. IPHANAQ em parceria com o SESC-Ler de Quixeramobim, onde mensalmente exibem cinema nacional gratuito as comunidades rurais do município. Tem o apoio da Rádio Difusora Cristal e do Sistema Maior de Comunicação.










Texto: Neto Camorim
Fotos: Luciene Vieira- Com. de Fogareiro (Colaboradora)