quarta-feira, 30 de maio de 2012

Casa de Antônio Conselheiro recebe Exposição de Audifax Rios


Decálogo do Santo Guerreiro

A Casa recebe um dos filhos afetivos, Audifax Rios, na morada de AntônioConselheiro. O artista  que dedicou muitos anos e grande parte da obra a Canudos e Antônio Conselheiro, líder da Comunidade de Belo Monte, a Canudos, na Bahia, entre 1893 e 1897. O edifício onde nasceu Antônio Vicente Mendes Maciel, em 1830, localizado no Centro de Quixeramobim, tombado pela Secult estadual em 2005 e patrimônio afetivo da cidade, é palco da Exposição ¨Decálogo do Santo Guerrero¨, do artista Audifax Rios, cearense nascido em Santana do Acaraú, em 1946, possuindo vários escritos e desenhos tematizando o universo social, que teve o protagonista cearense propagado no mundo a partir de 1902, com o lançamento do livros Os Sertões, de Euclides da Cunha.
A Exposição será lançada quarta, dia 30/05, 19h, na Casa Antônio Conselheiro (Cônego Aureliano Mota, 210, Centro) ficando em cartaz por todo o mês de junho durante as festividades do padroeiro Santo Antônio, incluindo as comemorações especiais de 9 de junho, que, além da musical Festa Reimosa, realiza na mesma data Papo Cultural Especial, com Fausto Nilo e familiares. Inicialmente, é garantida a visita à Exposição até 14 de agosto, por ocasião do dia do município, decidindo-se depois o futuro das obras, que devem passar por escolas da cidade e da zona rural do município. 
A Exposição de Audifax Rios é composta por 10 estandartes elaborados pelo artista, distribuídos pelos compartimentos da Casa. A montagem da Exposição é do Insituto do Patrimônio Histórico de Quixeramobim (ONG Iphanaq), a quem o artista doou a obra, após expô-las em outros locais como Santana, Sobral e Fortaleza. Após o recebimento, a ONG realizou montagem, feita por Edmilson Nascimento, Aílton Brasil e Weynes Matos. Construídas em técnica mista, as peças são colagens de desenhos antigos e atuais, com referência a outros autores e gravuras clássicas que dialogam com o contexto histórico de Canudos.
¨A opção pela forma estética do estandarte, elemento muito usado pela Igreja Católica em procissões ao tempo do conflito, simboliza a presença da Bandeira como porta-voz da ideia libertária a qual se liga Canudos¨, justifica o artista. 
A partir da ligação artística com Conselheiro Canudos, Audifax estabeleceu ligações com Conselheiristas de Quixeramobim, em contato estabelecido inicialmente em 1997, quando viajou em companhia dos quixeramobineneses até Canudos, durante as rememorações do centenário do Belo Monte, pensando propostas com os que vieram a ser integrantes da ONG que tem a memória de Conselheiro como uma das principais frentes de trabalho.
Como forma de movimentar a Casa onde nasceu Antônio Conbselheiro, a ONG passou a realizar atividades no edifício, como os encontros mensais do Grupo de Leitura Sertões e Memória, a Festa anual do Ponto de Cultura e o Papo Cultural, que recebe sempre na última semana de cada mês convidados para conversa e debate. 
A Exposição será lançada dia 30, 19h, juntamente com edição do Papo Cultural que recebe o professor João Paulo Barbosa, graduado em Letras pela Uece/Feclesc, que prepara peça musical na cidade a partir da obra de Fausto Nilo.
Mais informações: Audifax Rios (85) 9939-9676. 
Aílton Brasil/Presidente ONG Iphanaq (85) 9998-7434
Site Ponto de Cultura Patrimônio Vivo
www.patrimoniovivo.com.br
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Texto: Danilo Patrício
Fotos: Neto Camorim

terça-feira, 29 de maio de 2012

IPHANAQ REALIZA ROTEIRO CULTURAL PARA ALUNOS DO LICEU DE CAMOCIM



A Ong. Iphanaq realizou nos dias 26 e 27 de maio, a 7ª edição do Roteiro Cultural. Guiado pelo centro histórico de Quixeramobim, para os alunos do 3º ano do ensino médio do Liceu de Camocim Dep. Murilo Aguiar, que estavam visitando a cidade no último fim de semana.
O objetivo da visita foi realizar uma aula de campo sobre a vida de Antônio Conselheiro, principal protagonista da guerra de canudos e da obra os “Sertões” de Euclides da Cunha. Atividade esta, coordenada pelo professor de Língua Portuguesa do Liceu de Camocim, Edivaldo Araújo Júnior.
Através de contatos previamente agendados, o Iphanaq preparou um roteiro cultural destacando os principais aspectos da história de Quixeramobim, dando ênfase, a figura de Antônio Conselheiro.
No sábado, 26, foram visitadas a ponte metálica, Igreja Matriz de Santo Antônio, Casa Paroquial, Casa de Câmara e Cadeia, Memorial Antônio Conselheiro, Antiga Estação Ferroviária, Igreja do Rosário e a casa que nasceu Antônio Conselheiro, onde também visitaram uma exposição de Audifax Rios, sobre os 180 anos de Conselheiro, comemorados em 2010. Segundo os visitantes, local mais importante na aula de campo que estava sendo realizada.
Foi na casa que Neto Camorim e Elistênio Alves responsáveis pela execução do roteiro cultural, explicaram a trajetória deste líder quando morou em sua terra natal, onde depois saiu em peregrinação pelos sertões em direção ao norte baiano, se transformando num personagem incômodo aos poderes da época, resultando na famigerada e fratricida guerra de canudos.
No domingo pela manhã foram retomadas as visitas pela cidade. O roteiro cultural teve seqüência no marco do centro geográfico do Ceará, Igreja do Bonfim e do Cemitério e a Barragem. Depois o grupo retornou a Casa de Conselheiro para a apresentação de trechos do monólogo, “Antônio, o Conselheiro”, feito por Elistênio Alves, do grupo Lamberage de Arte e Cultura (GLAC).
Em seguida foram feitos os agradecimentos a equipe do Iphanaq pelo empenho e dedicação durante os dois dias. Assim ressaltou dona Sílvia e a aluna Daniele. Logo após, Neto Camorim ofertou aos visitantes um CD do Boi de Reisado do mestre Piauí e um DVD com três documentários (o Boi, o Forró e a Ponte) produzidos pelos alunos do Ponto de Cultura Patrimônio Vivo.
Para concluir a visita, a comitiva de Camocim, foi visitar o senhor Manoel Marcílio Maciel, 75 anos, descendente de Antônio Conselheiro. Na oportunidade os alunos fizeram algumas perguntas, sendo prontamente respondidas, sempre ressaltando a bravura e a coragem deste ainda incompreendido personagem de nossa história.
            Segundo o prof. Edivaldo Júnior, “conhecer Quixeramobim foi uma experiência muito gratificante para os alunos e professores que vieram de Camocim. Está na terra de Conselheiro é algo que veio ampliar o conhecimento de todos, pois permitiu um contato direto com suas origens e sua história. Sem contar a receptividade e o acolhimento do Iphanaq e do Liceu de Quixeramobim. Já tínhamos visitado outras cidades realizando aulas com nossos alunos, mas muitas vezes não tem ninguém da cidade para nos acompanhar. Aqui foi bem diferente. Os integrantes da Ong. Iphanaq não mediram esforços, sempre explicando a história da cidade e seu patrimônio cultural. Isso só veio enriquecer o nosso trabalho”.
Ainda destacou, “só lamentamos que infelizmente o memorial de Antônio Conselheiro, seja uma obra inacabada. Pensávamos que encontraríamos um local cheio de estudo e memória sobre Conselheiro, mas isso não aconteceu. De certa forma saímos de Quixeramobim, frustrados em relação e não funcionalidade desse espaço na cidade. Como visitantes, torcemos para que as autoridades locais concluam o memorial, para que a história deste grande líder seja mais valorizada em sua terra”. Concluiu.
O Roteiro Cultural Guiado é uma ação realizada pela Ong. Iphanaq com o apoio do Sistema Maior de Comunicação. Esta edição contou com a colaboração do Liceu de Quixeramobim.
Maiores informações acessem o site: www.patrimoniovivo.com.br ou (88) 9220-0056.















Texto: Neto Camorim
Fotos: Roniere Eloi e Neto Camorim

segunda-feira, 21 de maio de 2012

CINECLUBE SESC-IPHANAQ REALIZA EXIBIÇÃO NA COMUNIDADE DE CIPÓ



O Cineclube SESC-IPHANAQ realizou no dia 19 de maio, às 19h, na comunidade de Cipó- distrito de Damião Carneiro, região do Pirabibu, distante 32 km da sede do município, mais uma exibição de cinema pelo sertão.
                                     Desta vez foi apresentado o filme: A saga do guerreiro alumioso, de Rosemberg Cariry. Toda a história do filme acontece em Aroeiras, cidade fictícia dos sertões do Ceará, onde vive Genésio, velho, viúvo, sem filhos, aposentado. Ele preenche a solidão bebendo cachaça e contando histórias e bravatas sobre os antigos cangaceiros. Na pequena cidade, as autoridades são alvo da crítica popular, em brincadeiras como o “serra velho” e a “malhação de Judas”, que geram conflito com a polícia. Os poderosos locais tentam controlar a direção do sindicato rural e a tensão cresce na cidade. É quando surge a louca Delfina, que profetiza a chegada de um restaurador da ordem e da justiça, e Rosália, artista que “virava cobre” em espetáculo de feira. “Um filme bem interessante, onde é possível fazer várias reflexões políticas, culturais e sociais de nossa história ainda dominada pela visão dos poderosos, mais que mesmo assim, o povo nunca deixou de lutar”. Destacou Ailton Brasil, presidente do Iphanaq, que esteve presente ao evento.
É importante destacar que antes do filme principal, foi exibido para o público infantil o curta: A Menina Espantalho, para a alegria da criançada que se divertiu bastante.
Para os moradores da comunidade, que estiverem presente ao filme, foi um momento muito gratificante. “A maioria das pessoas do sertão nunca teve oportunidade de freqüentar cinema. É algo distante de sua realidade. Daí a importância desse momento na comunidade, no qual ficamos muito gratos”. Ressaltou a senhora Meirilene Barbosa.
O projeto cineclube é uma ação cultural da Ong. iphanaq e do Sesc-Ler de Quixeramobim, que mensalmente realiza exibições itinerantes pelas comunidades rurais do município. Tem o apoio da Rádio difusora Cristal e do Sistema Maior de Comunicação.








Texto: Neto Camorim
Fotos: Ailton Brasil e Neto Camorim

domingo, 13 de maio de 2012

GRUPO DE LEITURA SERTÕES E MEMÓRIAS DESBRAVAM A TERRA EM SEU SEGUNDO ENCONTRO



Foi realizado no dia 11 de maio, na casa de Antonio Conselheiro, o segundo encontro do grupo de leitura: Sertões e Memórias, onde foi concluída a leitura da Terra, primeira parte, da obra “Os Sertões” de Euclides da Cunha. Abaixo o professor João Paulo Barbosa, escreve sobre o estudo da terra.
Adentramos a Terra. Ali mesmo na Casa do Homem. Quinze de junho, nosso terceiro encontro marcado para saborearmos as mais variadas viagens e (dis) sabores que estavam a nos angustiar, quase nos matando de, acho que sede, pelo clima que discutíamos a todo instante ali naquele banquete. Quanto mais avançávamos Terra adentro, mais o calor das discussões, ou não, aumentava.
Geografia, História, Literatura, crenças, misticismo tudo se misturava nas nossas palavras quando destacávamos flora e fauna e rios e serras e caititus e sericóias e juremas e juazeiros com tudo o que torna tudo isso sacro para o sertanejo e para a Terra. Um sonho não só para qualquer geólogo, mas também para qualquer historiador, literato, desbravador, curandeiro...
Vidas Secas, O Quinze, O Sertanejo, A Guerra do Fim do Mundo, Grande Sertão Veredas e outros fizeram questão de circundar nossas cabeças durante o calor (de novo) do debate, tornando-se assim nossos convidados ilustres. Enquanto nos aproximávamos do the end, eis que surge uma criatura noturna com seu vôo rasante assustando o Danilo que se escondia daquele indefeso morcego que só queria demarcar seu território. Volte Danilo! A luz já o levou de volta, precisamos terminar o banquete na Terra.
Assim finalizamos, enxergando o Euclides como um diretor de teatro verificando o grande palco para apresentar sua peça brasileira levando um Brasil ao outro, o sertão à praia e a praia ao sertão. Avante! O Homem nos espera até “Os Serenos”, para o dia 15 de Junho, assim que o padroeiro de Quixeramobim se despedir de seus festejos na Terra do Homem. 






Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Elistênio Alves, Ailton Brasil e Neto Camorim

terça-feira, 8 de maio de 2012

IPHANAQ LANÇA DOCUMENTÁRIO COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA NO CINECLUBE EM VÁRZEA DO MEIO



A Ong. Iphanaq realizou no dia 04 de maio, durante a apresentação do Cineclube, na comunidade Várzea do Meio, distrito de Manituba, 36 km da sede do município, na abertura dos festejos de Nossa Senhora de Fátima, o lançamento do Documentário: “Coroação de Nossa Senhora”. Uma produção da Ong. Iphanaq e do Ponto de Cultura Patrimônio Vivo.
As gravações desse documentário foram realizadas em 2011, durante a coroação de Nossa Senhora, no dia 31 de maio, na residência de Dona Zélia, que há mais de 40 anos realiza coroação na referida comunidade.
Uma das tradições culturais religiosas muito valorizadas no passado, mas que hoje está se perdendo. Poucas comunidades realizam coroação, antes quase todas faziam durante o mês de maio. Daí o interesse da Ong Iphanaq de fazer esse registro em vídeo, para que as novas gerações que não sabem o que é uma coroação possam conhecer e valorizar nossa cultura religiosa. Destacou o coordenador do cineclube, Neto Camorim.
Segundo o Sr. Francisco Andrade, um dos participantes do documentário e presente ao lançamento, “iniciativas como esta no Iphanaq de gravar em vídeo as manifestações culturais das comunidades, estimulam para que as pessoas do sertão tenham orgulho daquilo que fazem e passem a valorizar mais. Muitas vezes aquilo que fazemos, achamos que é besteira, coisa sem valor, mas depois percebemos que é algo importante. Só que precisa ser valorizado. Isso agora está acontecendo. Sinto-me orgulhoso de ter participado desse documentário”.
Para Elistênio Alves, integrante do Iphanaq e responsável pela edição do documentário, “foi uma experiência muito interessante. Como aluno do ponto de cultura da primeira turma em 2009/2010, desde então, tenho procurado aprimorar aquilo que aprendi nas oficinas de audiovisual, colocando em prática meu aprendizado. Essa é minha primeira experiência com edição, sei que ainda é uma produção sem muito profissionalismo. Mas já é o primeiro documentário produzido exclusivamente por alunos do Ponto de Cultura, Elistênio Alves, Lenildo Oliveira e Neto Camorim. Considero isso muito importante para Quixeramobim, que não tinha antes do Iphanaq e do Ponto de Cultura muito espaço para se pensar e desenvolver ações culturais”.
Após a exibição do documentário, Neto Camorim agradeceu a comunidade de Várzea do Meio, por ter oportunizado as gravações, além de agradecer de maneira especial as pessoas que colaboraram com seus depoimentos no documentário. Dona Zélia, Francisco Andrade e Letícia Vitoriano de Oliveira. Que receberam de brinde, cópias do filme pelas suas participações no documentário de Coroação de Nossa Senhora.
O projeto Cineclube é uma realização da Ong. Iphanaq e do SESC-Ler de Quixeramobim, que mensalmente visita uma comunidade da zona rural do município com exibição de cinema gratuito para seus moradores. Tem o apoio do Sistema Maior de Comunicação e da Rádio Difusora Cristal.








Testo: Neto Camorim.
Fotos: Edmilson Nascimento e Elistênio Alves.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

VIANA FILHO E OS CAUSOS DO FUTEBOL DE QUIXERAMOBIM SÃO DESTAQUES NO PAPO CULTURAL




Foi realizado no último dia 27 de abril, na casa de Antonio Conselheiro, como sempre acontece na última sexta feira de cada mês, mais uma apresentação do projeto Papo Cultural. Que desta vez, recebeu como convidado na sua 16ª edição, o radialista esportivo Viana Filho (O Vianinha), que há 44 anos dedica seu trabalho ao futebol de Quixeramobim. É o cronista esportivo com mais tempo na atividade no município. Tem um conhecimento vasto sobre as histórias do futebol local.
Inicialmente, o historiador Neto Camorim, fez uma rápida apresentação do convidado, falando da alegria de recebê-lo no projeto, e em seguida passou o comando do evento para o coordenador do Papo Cultural, Bruno Paulino, que fez a mediação durante a apresentação do convidado.
Na primeira parte de sua apresentação, Viana Filho falou da sua chegada em Quixeramobim nos meados de 1960, vindo de Quixadá sua terra natal, e quando aqui chegou começou a trabalhar de operador de rádio, e em seguida, 1968 começou a atuar como locutor esportivo na Difusora Cristal, onde continua até o momento. Como bem faz questão de frisar no seu programa esportivo. “promovendo o futebol e o esporte de Quixeramobim”.
            Fez questão de destacar no papo cultural, sua paixão pelo Ferroviário Atlético Clube (O Ferrão), como o chama carinhosamente e a Rádio Difusora Cristal. Ressaltou que trabalhou em várias emissoras aqui no sertão central e até fez estágio na Rádio Verdes Mares em Fortaleza, mas sempre voltou para a Cristal. A pioneira da região.
Na segunda parte, Viana falou sobre o futebol de Quixeramobim nos anos de 1980, em especial 1989, quando o município foi campeão do intermunicipal, da rivalidade entre cruzeiro e flamengo, que na época as torcidas dividiam a cidade. Além dos torneios que promove na cidade e interior, a copa cristal e mais recentemente o campeonato dos evangélicos. Segundo Viana, a Copa Cristal é o maior campeonato de futebol do interior cearense.
No terceiro bloco, destacou vários causos, histórias e lambanças que envolveram diversos personagens do futebol de Quixeramobim, dentre eles o Joli, Boquita, Maurício, Catolé, Rama, Turica, Tachiquim, Bozó, Edilson Barbeiro (in memória), Laudelino de Algodões, Tarcísio da Cacimba Nova, entre outros. Na sua maioria são episódios bem engraçados, o que levou o público presente ao papo cultural darem boas risadas.
Viana Filho ainda comentou sobre os avanços e dificuldades que ainda enfrenta o futebol de Quixeramobim, mesmo hoje tendo uma secretaria municipal de esportes, ainda precisa fazer muito mais por essa juventude principalmente, tão carente de atividades esportivas saudáveis. Frisou.
Para finalizar o evento, Ailton Brasil, presidente da Ong Iphanaq, agradeceu a presença de todos e de maneira especial o convidado Viana Filho, que recebeu uma menção honrosa da instituição, entregue pela geógrafa Terezinha Oliveira. Em seguida, Bruno Paulino leu uma mensagem (via e-mail) enviada pelo jornalista e integrante do Iphanaq Danilo Patrício ao radialista Viana Filho, que reproduzimos em anexo.


Mensagem de Danilo Patrício, para Viana Filho

Bruno, uso seu telefone modernoso para cumprimentar a todos, lamento não estar presente nesse encontro e ao mesmo tempo manifesto minha alegria em saber do convidado no Papo Cultural de hoje, iniciativa já vitoriosa e tão importante, desenvolvida de modo valoroso pelos militantes e amigos da ONG Iphanaq e turma do Ponto Patrimônio Vivo.

Satisfação saber de Viana Filho na Casa Conselheiro. Um repórter visceral e um agitador cultural, no mais intenso que essa expressão possa propagar. Aquele que agita a vida inventando coisas, mais notadamente pelo futebol, que faz projetar num espaço entre o profissionalismo por nós sonhado, distantes dos centros econômicos, e respondido com nossa interpretação matreira na forma de arte, que permite interpretar vestindo uniformes. Vestimentas que dão um caráter simbólico e importante ao trabalhador braçal, a maioria que faz o futebol em cidades e povoados como os nossos, espalhados pelo Brasil.

Alô Viaaaana, gritava com bom humor o Capivara, Raimundo Nonato Monteiro e Silva, nosso amigo em comum, de quem fui colega de sala, no início dos anos 1990, e que comandava a mesa de som da Campo Maior com competência.

Já viciado em rádio, ou na voz!, criei coragem para participar do Bate Rebate, que Viana produzia nas tardes de domingo, antes do Futebol. Dois ouvintes se desafiavam nas perguntas feitas pelo radialista, que alguns já, para importuná-lo, chamavam de ¨Repórter Perna Fora do Esquadro¨!
Empatei com o participante que vinha ganhando já há algumas rodadas: 3x3 no placar. Desconfio até hoje que cheguei ao resultado com uma leve ajuda do Viana, que, como observei depois, ao ir para o Carneirão, parava para beber água e conversar com meu avô, Expedito, de quem o pai dele, Seu Viana, já era amigo de outras palestras, como diziam os mais antigos. O concorrente, caminhoneiro que virou amigo, Erialdo, era do Riacho da Cruz, onde nasceu meu outro avô, José, e o pai dele, Salviano Patrício. Não sei se coincidência, mas a trilha dos afetos se fazia e de outras formas me acompanhariam rádio e futebol, marcados por uma memória tão marcante que se ligam ao Viana Filho, assim como muitos de nós que o ouvimos e em nós moldamos esse personagem.

O placar do Bate rebate foi de 3X3. Acho até que o programa acabou depois. Acontecia na primeira sede da Campo maio, onde hoje funciona a Antena Centro. Viana incumbiu Capivara de me convencer a fazer parte da equipe esportiva, à época na Campo Maior, ainda que precisasse insistir muito. E assim o fez, pela minha timidez e desentendimento sobre o convite.

O fato é que fui, meio desconfiado, e bem recebido por ele e outros radialistas, onde muito aprendi da vida. Tive lá meu primeiro salário, ou ganhos resultantes dos patrocinadores, o que ajudava a pagar o colégio que eu frequentava à noite, em Quixadá, durante o 1o e 2o ano do segundo grau.
Alô Viaaaana!

E o acompanhei valente batendo com veemência em sua máquina de datilografar, que fazia com habilidade, divulgando com esmero os campeonatos que continua a organizar. Fui a alguns deles, como em Tunísia, onde fomos recebidos com fartura e ternura pelos irmãos Pepe, Bula e Boxó, que capitaneavam o Bangu de Tunísia. Craques do Sertão. Muito além de dirigentes, pessoas outras, como Fransquinho Pereira, Seu Luíz, Lídio, Tochinha, Ribamar Peba, que dão um sentido à vida pelo futebol, embalado pelo rádio, chegando ao lúdico e vivenciando com fantasia os sentimentos, rudes e nobres, que nos ligam tão intensamente pelo esporte.

Vi as pelejas do Viana no dia a dia, o esforço para colocar o programa no ar. As rebeldias com as emissoras, com as chamadas ¨otoridades¨, com quem trava pelejas menos estimulantes, e a quem nada deve, com o agravante da tentativa de alguma medida ser passada como favor.

Nosso rádio ainda pode ser melhor, lembrando desse aspecto. Na medida em que vemos um Viana amigo dos chamados dirigentes, sendo todos, antes de desportistas, uma palavra bem gasta em tempos de voto, vibradores da folia que é o radiofutebol, se me permitem a invenção, por essa noite estarmos falando de um inventor. Viana tem alguns rumos no formato esportivo, mas nunca uma camisa de força. Por vezes o radialista é radicalmente experimental. Foi através dele que conheci Luiz Pereira, a quem ele dedicou um programa quase completo, informando aos ouvintes que naquele dia seriam brindados por artista diferenciado. Sons da memória que carreguei e, juntos com os amigos do Iphanaq, outros tantos, que puderam e podem agora ouvir o Rabeca Pereira.  

Viana mostrou ideias e rabiscos para um projeto escrito, livro ou revista. Mesmo com a ajuda do David, talvez pela intensidade da oralidade, no rádio, tenha dificuldades para colocar no papel, um tanto hiperativo que é. Mais parece Viana com um ponta direita, Garrincha, ou mesmo Xerém, do Flamengo de Qunim, do que com a calma de Geson, ou Neto Sabugo, para lembrar ao nosso imaginário. 
Digo isso, brincadeira à parte, para que, pelo encontro de hoje, vejamos qual a melhor jogada para a escrita da voz, fazendo com que as estórias cheguem a outros leitores e se tornem eternas. 
Talvez algum bom jogador que digite o que o treinador Viana possa ditar. 

Alô Viaaaana! Parabéns a Você e ao Papo Cultural!

Grande abraço, Danilo








Comentário de Artur Costa- Papo Viana Filho
Alô Viana!
De 1982 a 1987, período recortado dos quatorze anos em que o papai foi presidente do CMDQ- Conselho Municipal de Desporto de Quixeramobim, fui, sem exagero, a quase todas
as partidas disputadas no campeonato de futebol local.Quando não ia, assistia de cima do muro, na divisa com o quintal da nossa casa. "aí é verminoso!", me provocava o Edilson Barbeiro, no sol quente das preliminares às três da tarde ou nas rajadas de poeira e cal arrastadas pelo aracati.

Ler o que escreveste sobre/para o vianinha me fez recordar que ir ao carneirão naquele tempo, dentre outras coisas, era encontrar a dona Quilôr? Sentada atrás do gol em seu banquinho, com rádio no ouvido e guarda-sol em punho, ver a preocupação com a celeridade estampada pelo nonato do placar na hora da cobrança de um pênalti com a placa do número do iminente gol semi encaixada para não haver atraso na informação aos torcedores presentes, ver o patola circular pacificamente pelas torcidas rivais, sentir o cheiro e saborear o espetinho de carne assada pelo Aprígio, com uma coca gelada.
Lembrei-me também das infrutíferas discussões que eu travava com o Viana Filho, então repórter de pista da cristal e fervoroso torcedor do Ferrim, sempre após um clássico entre o time dele e o nosso alvinegro.
Naquele tempo o ferroviário ainda ganhava alguma coisa. então, quando isso acontecia, ele tirava uma onda danada de mim, do meu pai e de qualquer outro alvinegro que estivesse por perto. se não sabes, a preferência dele pelo clube coral foi herdada do Viana pai, funcionário da REFFSA, colega de trabalho do meu avô? João e nosso vizinho quando moramos na treze de junho.
Se tivesse hoje que apontar uma característica profissional do Viana naquela época, diria que ele era muito bem informado, sempre com uma novidade a nos contar. coisas do tipo “o Denir assinou cruzeiro”, “o flamengo vai trazer o grilo pro jogo da final”. “O mocó não vai jogar porque se contundiu no treino de ontem no Uruquê” ou “o barriga não pode ser inscrito no campeonato desse ano porque jogou profissional pelo Quixadá no ano passado”.
Lamento não ter participado desta edição do papo cultural, oportunidade rara para rememorar com o convidado alguns dos pitorescos casos presenciados naqueles tempos de carneirão, como o gol contra marcado pelo goleiro do são paulo da maravilha, que jogando contra um forte vento, bateu um tiro de meta tipo chutão para o alto e a bola voltou para cair dentro da meta que defendia.
Sobre o futuro livro, tabelinha Viana/Bruno,fico muito honrado com a possibilidade de contribuição na programação visual do mesmo. logo que precisarem, estarei a disposição.
Parabenizo o Iphanaq pelo papo cultural, projeto este que considero um dos mais importantes dentre tantos outros desenvolvidos por esta séria e comprometida organização.
Abraço,
Artur Costa










Textos: Neto Camorim ,Danilo Patrício e Artur Costa
Fotos: Elistênio Alves, Edmilson Nascimento e Neto Camorim