terça-feira, 24 de março de 2015

Conselheiro Vivo: ações e pelejas no mundo

“Artes para escrever histórias” foi o tema do Conselheiro Vivo 2015, evento realizado anualmente na cidade natal do Beato Antônio Conselheiro, pela ONG Iphanaq, em parceria como o SESC-Ler, Prefeitura e Câmara de Quixeramobim, Sistema Maior de Comunicação e outros apoiadores. Evento este para o qual a Cia. Teatral de Canudos se programa todo ano, desde cedo, para poder fazer parte da programação, enviando oficio solicitando o transporte à Prefeitura Municipal de Canudos, com intuito de diminuir as despesas para a equipe e demais artistas que se juntam à delegação para, na cidade anfitriã, contarem histórias por meio da arte. Tal escrita é, para nós, como as dores, chagas abertas do cotidiano, ao tentarem manter uma arte popular onde poucos valorizam ou querem o seu avanço. São marcas que deixam cicatrizes vivas na epiderme dos artistas, que desejam mexer com a memória do Conselheiro, a história de Canudos e a garra de um povo persistente, embora poucos percebam isso!

A escassez de apoio ou recursos tem sim desestimulado o referido grupo, mas não a ponto de fazer desistir, embora isso possa acontecer, pois todas as alternativas parecem se esgotar. Os editais, que deveriam descentralizar e facilitar o fomento à Cultura, são cada vez mais burocráticos e excludentes. As organizações dos eventos que convidam informam possuírem um orçamento pequeno. Entes federados, sejam eles os anfitriões ou o da sede do grupo, não dispõem, segundo eles, de recursos para o deslocamento, acomodação, alimentação e cachê ao grupo artístico, que se sufoca cada vez mais, sem estímulo, perecendo com um individuo perdendo o ar na ânsia da morte.

Caminhos e práticas – Esta angustia não está tão somente no elenco da Cia. Teatral de Canudos, mas de todos os artistas que residem nesta histórica cidade, Canudos, e que merecem do Governo uma reparação pela história, memória e cultura que são levadas daqui para o mundo. Que se façam editais, programas, projetos e iniciativas diferenciadas, e exclusivas, para estes que levam ou tentam levar Canudos para o resto do mundo.

Os “urubus” parem de vir a Canudos no intuito de fuçar a “carniça”, pois ultimamente é o que está acontecendo. Muitos aproveitadores vêm, usurpam da história, do conhecimento local, da memória, da cultura, produzem seus bens em todas as linguagens e novamente vão-se embora, sem retorno ou valorização para este povo, que contribuiu, muitas vezes de graça, quase sempre em troca de um mísero lanche. Basta!

Véspera da viagem à Quixeramobim, a Cia. Teatral de Canudos foi ao comércio local na tentativa de angariar dos lojistas uma ajuda para a alimentação da trupe, no trajeto entre as duas cidades. Mesmo com muitas dificuldades enfrentadas no comércio canudense, houve uma contribuição acompanhada de comentários, que muito lisonjeiam qualquer artista, referentes ao trabalho realizado, visto na comunidade com relevância, frente à ampla divulgação do município e da história que o mesmo imprime no cenário do Brasil.

Viagem: encontros e emoção – Dia 11 de março, às 03h, a Cia. Teatral de Canudos, junto com o Poeta José Américo Amorim e José Raimundo (Jhon Cat), iniciam o percurso inverso feito por Antônio Vicente Mendes Maciel. Após enfrentarem 10 horas de viagem, o Poeta Zé Américo lança o seu mais novo trabalho, “Estalo da Caatinga”, na presença de uma mesa e de um público repleto de canudenses e quixeramobienses, na sala da Casa do Conselheiro. Na oportunidade de falas, Jhon Cat antecedeu ao poeta, que emocionado exibiu um vídeo sobre a comunidade quilombola em Canudos.

Após o lançamento, secretários, vereador, intelectuais e autoridades local se pronunciaram falando da importância do evento e do intercâmbio das cidades onde nasceu e posteriormente morreu o seu filho mais ilustre. Segundo Dona Terezinha Oliveira, “o encontro Quixeramobim e Canudos já se incorporou ao Conselheiro Vivo”. Para a mesma, “a influência do místico Antônio Conselheiro tem oferecido aos sensíveis trabalhos destes artistas uma carga de emoção que cativa e apaixona aos espectadores”, acrescentando que “foi um grande prazer conhecer José Américo e todos de Canudos”.

Neste mesmo dia, pela manhã, aconteceu a Feira da Agricultura Familiar, onde também DJs de vinil comercializavam os “bolachões”, ao som de músicas discotecadas  pelos artistas e também professores Antônio Carlos Lemos da Cruze João Paulo Barbosa. Enquanto isso, nas escolas da rede municipal e estadual, os alunos produziam textos explorando a temática “Memórias de Antônio Conselheiro”, auxiliados por João Pedro do Juazeiro, xilogravurista e poeta, e o cordelista Arievaldo Viana. Houve também a sessão solene da Câmara Municipal, com a entrega da Comenda Antônio Conselheiro.

Do rádio para o mundo – Às 13 horas, como acontece todos os anos, em todos os dias do Conselheiro Vivo, a Canudos FM realizou o especial “Conselheiro no Rádio”, com entrevistas, bate-papos e informações, com os diversos convidados e participantes do evento, apresentado por Neto Camorim, que realiza produção com Elistênio Alves. Entre eles, estive, como Diretor da Cia. Teatral de Canudos, juntamente com José Raimundo (Jhon Cat) e o Poeta Zé Américo. “A Companhia Teatral de Canudos está aqui mais uma vez, e espero que isso se repita muitas vezes, sua presença na programação do Conselheiro Vivo, nas próximas edições, como tem acontecido nos últimos três anos.

A presença do grupo de teatro, e dos demais canudenses no evento, só contribui para a integração que precisa aumentar mais ainda entre Quixeramobim e Canudos, pelo elo e mística de Antônio Conselheiro. Como diz o poeta Zé Américo, a nossa luta em aproximar essas duas cidades é sempre uma trincheira a se enfrentar, em prol desse intercâmbio. Quero agradecer pelas nossa presença no Conselheiro Vivo. Vamos nos preparar para mais lutas, pois novas trincheiras virão na busca de uma maior integração entre essas duas cidades irmanadas pelo Conselheiro”. Foi o que afirmei aos ouvintes, durante o programa, considerando importante marcar tal fala nessa escrita.

Nos dias 12 e 13 aconteceram diversas atividades, nos mais variados locais, com a delegação de Canudos se dividindo entre escolas, comunidades rurais e outros locais, sempre bem recebidos, acolhidos, aplaudidos e expostos às mais curiosas indagações, acompanhados do pedagogo e eletricista Edimilson Nascimento e do Aílton, homem que não é a Bahia, nem do Ceara, mas é o Brasil que, segundo ele, cabe dentro do Quixeramobim. Aílton Brasil, presidente do Iphanaq, militante cultural e educador social, fez, com a Cia Teatral de Canudos, o motorista Djalma, o escritor João Bosco e esposa deste, o percurso para a localidade do Tigre, comunidade onde Antônio Conselheiro atuou como professor, entre a partida de Quixeramobim e a chegada a Canudos.

Desconvite? -  Cabe um parêntese antes da conclusão deste texto. Uma inquietação sobre a Comenda Antônio Conselheiro deste ano. Quero frisar antes que não se trata de desacordo ou insatisfação com os homenageados: Professora Fátima Alexandre, o escritor João Bosco Fernandes e o ex- Secretario de Cultura do Estado do Ceará, Paulo Mamede. Pelo contrário, devem ser merecedores segundo os critérios de escolha, adotados pela Câmara Municipal. Assim espero. Caso contrário, serria uma banalização com a história e a memória desse grande líder. Devem ser pessoas que estudam e promovem a história de vida de Antônio Conselheiro.

Não posso falar sobre a trajetória de pesquisa dos homenageados, pois para mim são desconhecidas. Mas do poeta José Américo, temos argumentos e passaríamos um tempo exaustivo justificando o seu merecimento em receber tal homenagem. O que não aconteceu, embora, para os baianos presentes, estivesse certo e programado este momento solene a um dos filhos de Canudos. Foi constrangedor a desagradável surpresa para os que estiveram com o poeta, saber que o mesmo não foi homenageado.
Tendo em vista a previsão deste acontecimento, o mesmo enviou uma série de informações antecipadas, o que não ocorreu com a Instituição parlamentar, sem informar ao mesmo que ele não mais seria homenageado. Houve falha na comunicação da Câmara Municipal de Quixeramobim, sem falar no desrespeito, por não dar ao mesmo uma justificativa. Não queremos acreditar numa “gentileza” política, até porque isso desonraria o merecimento a quem fosse receber a Comenda.

Algumas indagações não obtiveram respostas e nem entenderemos se não as tivermos. Por que suspenderam a homenagem ao poeta? Por que não avisaram justificando a suspensão? Quando soubemos, através do Iphanaq, era quase véspera da viagem. Que motivo desacorda os critérios impossibilitando o poeta de não receber a Comenda, percebido pela Câmara Municipal? A informação que recebemos foi que a Câmara Municipal, através de seu presidente, Everardo Júnior, sabia da escolha do poeta Zé Américo desde reunião, em fevereiro, com a Secretaria Municipal de Educação.

Triste para quem conhece as obras, a performance e a dedicação do Zé Américo, o cuidado, respeito e amor para com a memória do seu “padim” Conselheiro, como ele mesmo costuma dizer. Enfim, foi lamentável, triste e decepcionante.

Proposta de ação - Na ultima noite, o encerramento foi na casa onde nasceu Antônio Conselheiro, com a derradeira Mesa Redonda, ministrada pelo Prof. Dr. Paulo Emílio Matos Martins (UFF), concluindo as comemorações, onde lançou a ideia de funcionamento do Centro de Artes e Memórias do Belo Monte. Lamentamos que o prefeito da cidade, que tinha dito que estaria presente, não tenha comparecido.

Logo após, em frente à Casa de Conselheiro, ocorreram as apresentações teatrais realizadas por um grupo local, do bairro da Maravilha, e a Cia. Teatral de Canudos, com o espetáculo “Melelego”, tendo no elenco: Marcos Freitas, Adrielly Boaventura, Hudson Macedo, Edvânia Guimarães, Nigle Macedo, Viterbo Tosta, Àdhila Boaventura, Roberta Macedo, Luana Soares e Darlene Régis, com participações especiais de Jhon Cat, Israel Santana, de Euclides da Cunha, dos dançarinos Francisco Célio (Céu) e Antonius Jerfeson, do Grupo de dança Pieds Battant (pés voadores), Cia. Lamparim, com atores Francisco Elzo, Talys Antonio, Hércules Gomes e Jonh Wellington, Diretor da Cia (fundada em 2012, tendo em seu repertório os espetáculos: Contos de Farsas e Antônio Conselheiro, quem és tu? Além de oferecerem diversas oficinas, entre elas a de reciclagem, com fabricação de bonecos, animações com palhaços e o projeto fantolixos – fantoches feitos de lixo), participando ainda o professor e poeta, anfitrião João Paulo Barbosa, e o poeta canudense Zé Américo.

Assim, resta o agradecimento a todos, às prefeituras de ambas as cidades, aos comerciantes canudenses, à Universidade Aberta do Brasil (UAB), sede de Quixeramobim, a todos os funcionários desta instituição, aos docentes e discentes das escolas Damião Carneiro, Liceu de Quixeramobim, Escola Profissional José Alves da Silveira, dentre outras. À ONG Iphanaq, na pessoa do seu presidente Aílton Brasil, ao Sistema Maior de Comunicação, aos funcionários da Casa Antônio Conselheiro, aos artistas, amigos e a todos que contribuíram, direta e indiretamente, para o sucesso e a participação dos canudenses no Conselheiro Vivo 2015. De forma particular, agradeço a todas as mães e responsáveis pela confiança ao permitirem que seus filhos viajassem conosco.

Esperamos que, na Romaria de Canudos, este mesmo entusiasmo aconteça, fortalecendo os vínculos entre cearenses e baianos. Mas para isso é preciso que as gestões municipais e instituições de poder, como as Câmaras, assumam participações diretas nos eventos, como programações mais importantes relacionados a Conselheiro. Nesse sentido, a Cia. Teatral de Canudos está preparando um documento objetivando que os mesmos entrem em acordo  garantindo participação com suas delegações, tanto na Romaria como no Conselheiro Vivo, evitando o desgaste dos artistas estarem na prefeitura, casa de prefeito, de secretários… A garantia oficial passaria a ser então um compromisso das duas cidades, independente de gestor A ou B.

Postado por: Carlos Carneiro – Ator e Diretor da Companhia Teatral de Canudos-Bahia

segunda-feira, 16 de março de 2015

Conselheiro Vivo 2015: Professor Neto Camorim agradece participações

Professor Paulo Emílio (UFF) com integrantes da Cia. de Teatro de Canudos, na Casa Antônio Conselheiro
Abaixo, as palavras do membro da ONG Iphanaq, o professor e historiador Neto Camorim:

Agradecimentos ao professor Paulo Emílio
“Nós do IPHANAQ queremos agradecer ao professor Paulo Emílio (UFF) pela sua importante contribuição estando presente durante a programação do Conselheiro Vivo 2015, principalmente para efetivação da ideia de funcionamento do centro de memória e arte do Belo Monte, lançado os passos iniciais no encerramento do Conselheiro Vivo deste ano no último dia 13 de março,aniversário de Conselheiro. Sua contribuição com as doações dos primeiros documentos, desde o ano passado, e agora entregues com sua presença, a apresentação do documentário “Mais uma vez: Canudos perdão”, muito nos estimulou a cobrar do poder público o funcionamento desde importante espaço de pesquisa sobre a vida e trajetória de luta e justiça social em nosso sertão, feito por Antonio Conselheiro no século XIX, mas que precisa acontecer em nossas lutas de hoje, em prol de nossa história e memória. Vamos somar forças em busca desse objetivo.”

Poeta José Américo, na abertura do espetáculo Melelego, da Cia de Teatro de Canudos.
Apresentação da Cia. de Teatro de Canudos.
Agradecimentos Cia de Canudos
“A Companhia Teatral de Canudos esteve mais uma vez, e espero que repita muitas vezes, presente na programação do Conselheiro Vivo em 2015. A presença do grupo de teatro, e dos demais canudenses que participam do evento, só contribui para a integração que precisa aumentar mais ainda entre Quixeramobim e Canudos, pelo elo e mística de Antonio Conselheiro. Como diz o poeta Zé Américo, a nossa luta em aproximar essas duas cidades é sempre uma trincheira a se enfrentar em prol desse intercâmbio. Quero agradecer à Cia. de Teatro e seu Diretor, Carlos Carneiro, ao Poeta Zé Américo e ao amigo Zé Raimundo pela presença no Conselheiro Vivo. Vamos nos preparar para mais lutas, pois novas trincheiras virão na busca de uma maior integração entre essas duas cidades irmanadas pelo Conselheiro.

A seguir algumas fotos da apresentação do espetáculo “Melelego”, da Cia Teatral de Canudos, em frente à Casa onde nasceu Antonio Conselheiro, no encerramento do Conselheiro Vivo 2015. Belíssima apresentação sempre cheia de muita emoção, como nas atuações da atriz Adrielly Boaventura e do poeta Zé Américo, em nome de quem parabenizo todo o grupo.”



Professor e Historiador Neto Camorim, Coordenador de Projetos da ONG Iphanaq

Conselheiro Vivo – Afetos e práxis: Comitiva visita Marcílio Maciel, descendente e narrador de Antônio Conselheiro

Foto: Elistênio Alves/Arquivo Iphanaq
Seu Marcílio Maciel, sempre orgulhoso do parentesco com Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, recebeu na tarde desta sexta-feira, 13, uma comitiva formada por quixeramobinenses e canudenses. Um bate-papo bem informal, com uma conversa descontraída, foi à marca do encontro.

Embora com a saúde fragilizada, Seu Marcílio conversou sobre a Guerra e sobre seu parente Antônio Conselheiro. O encontro foi mais um estímulo para as lembranças de Marcílio, figura ímpar da vida “viva” de Conselheiro em Quixeramobim.

Trajetória - Marcílio Maciel foi pescador e agricultor, hoje aposentado, residindo nas imediações da Rua Benjamin Barroso, na Vila Holanda, no limiar entre o Centro e o início de bairros mais afastados dele, em regiões populosas da cidade. A partir das rememorações pela Guerra de Canudos (1893/97), Marcílio passou, a partir de 1997, a ganhar reconhecimento na cidade, ampliando aos visitantes sua habilidade narrativa, na dimensão de exímio contador, em fios de fascínio conhecidos por parte dos moradores que já o conheciam.

Também em 1997, esse lugar de memórias ganha repercussão pelas imagens do Documentário “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”, dirigido pelo baiano Antônio Olavo, com abertura do Boi de Reisado de Quixeramobim e voz-off do ator José Wilker. O filme traz também entrevista com Dona Zefa, mãe de Marcílio, já falecida, que em sua participação emocionante homenageia a sua maneira o parente Maciel de maior projeção.

Em 2000, Marcílio foi um dos nomes da Revista “Entrevista”, consolidada publicação do Curso de Comunicação Social da UFC, Coordenada pelo Professor e Jornalista Ronaldo Salgado. Além de Fortaleza, a edição à época foi lançada também em Quixeramobim. Em 2012, Marcílio Maciel recebeu da Câmara Municipal a Comenda Antônio Conselheiro, entregue durante solenidade especial na Casa Antônio Conselheiro. Além das narrativas orais que o notabilizam, possui cadernos que escreveu de próprio punho, sobre Conselheiro, a cidade e assuntos diversos.

Texto – Jornalista e membro da Ong. Iphanaq, Danilo Patrício.

Quixeramobim: Conselheiro Vivo encerra programação com debates e apresentações teatrais

Encerrou-se na noite desta sexta-feira, 13 de março, a programação 2015 do Conselheiro Vivo. A Casa de Antônio Conselheiro ficou pequena para receber os inúmeros visitantes que prestigiaram as atividades de encerramento da festa.

O salão principal da Casa recebeu uma mesa de debates com artistas e pesquisadores para discutir suas formas de inserção com o espaço. Participaram o cineasta Alexandre Veras, o presidente da ONG Iphanaq, Aílton Brasil, o escritor Bruno Paulino e o professor Dr. Paulo Emílio Matos Martins, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Na oportunidade, ele entregou documentos e livros de seu processo de pesquisa sobre as temáticas do Belo Montte: Conselheiro/Canudos. O acervo inicial constitui a pedra fundamental para construção do Centro de Memória e Artes do Belo Monte.

Logo após o debate, o professor falou aos presentes sobre sua satisfação de estar em Quixeramobim. Em uma noite repleta de alegrias e relembranças –memórias -, Paulo Emílio apresentou vídeos e documentos importantes sobre Conselheiro, fruto de seu longo trabalho como pesquisador. Ele também iniciou diálogo, a partir da ONG Iphanaq e entidades organizadoras, como o Sesc Ler, para realização, dentro do Conselheiro Vivo, de Seminário Internacional de debates e realizações sobre o Belo Montte.
Teatro - Para finalizar a programação do ano, duas apresentações artistas encantaram o público. A primeira, uma dança/teatro do Grupo de arte e cultura do bairro da Maravilha. A segunda ficou por conta da Companhia de Teatro de Canudos, que pelo terceiro ano consecutivo apresentou o espetáculo “Melelego”.

A partir de agora, as organizações que realizam o Conselheiro Vivo, com a boa ressonância do público presente e sociedade, passam a trabalhar, além da organização do evento de 2016, para construir ideias e propostas apresentadas no período, visando que as mesmas se tornem concretas e se incorporem ao cotidiano de Quixeramobim.

Que estejamos juntos mais uma vez, e ainda mais fortes!

Dia do Conselheiro: Escolas lembram Conselheiro em apresentação cultural no SESC

Como parte integrante da programação do Conselheiro Vivo 2015, a Secretaria de Educação realizou na manhã desta sexta-feira, 13, uma culminância com escolas da rede municipal, estadual e particular de ensino, sobre a temática de Conselheiro/Canudos. As atividades ocorreram na quadra do SESC Ler de Quixeramobim.

Ocorreram apresentações de canto, dança, teatro, entre outras formas de artes que encantaram os presentes. Estiveram na culminância o presidente da ONG. IPHANAQ, Aílton Brasil, o Professor Dr. Paulo Emílio Matos Martins, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a professora Fátima Alexandre, o escritor Bruno Paulino, o secretário de Cultura, Aécio Holanda, o presidente da Câmara Municipal, Everardo Júnior e o Diretor do SESC regional Quixeramobim, Hugo Lemos.

Conselheiro Vivo: Quinta-feira é marcada por visita ao Tigre, entrevista no rádio, lançamento de livro e cantorias com Geraldo Amâncio

A Programação do Conselheiro Vivo 2015 teve sequência nesta quinta-feira, 12. Logo cedo uma comitiva seguiu de ônibus até a comunidade rural de Tigre, no Distrito de Pirabibu, para conhecerem a primeira comunidade em que Antônio Conselheiro passou em sua peregrinação pelos Sertões Nordestinos.

Intitulada de “Saberes com Antônio”, a excursão contou ainda com rodas de conversas sobre o tema Conselheiro/Canudos e a Seca. Por volta de 09 da manhã, moradores da comunidade preparam uma recepção aos visitantes, com saudação e apresentações (Teatro e Música). Houve debate na sequência.


Às 13 horas a programação teve sequência no estúdio da FM Canudos, com o “Conselheiro no Rádio”. O convidado especial foi o poeta baiano José Américo, que lançou na última quarta-feira, 11, na Casa Conselheiro, o livro “Canudos no estalo da caatinga”. Zé Américo, como carinhosamente é conhecido, destacou a importância da permanência do elo entre Canudos e Quixeramobim, ressaltando ser preciso “mais vontade, principalmente do poder público, em particular das duas cidades”, para que esse laço se fortaleça.

Já à noite, 20h, o Conselheiro Vivo seguiu com o “Bazar das Letras”, no SESC Ler de Quixeramobim, entidade parceira na organização do evento. A festa da noite foi comandada pelo maior cantador-repentista da atualidade, Geraldo Amâncio. Na oportunidade, Geraldo lançou seu livro “A História de Antonio Conselheiro”.

Poeta José Américo Amorim lança no Conselheiro Vivo o livro “Canudos no estalo da caatinga”

Dentre as criações culturais apresentadas no Conselheiro Vivo 2015, a noite desta quarta-feira, 11, teve como atração o lançamento do livro do poeta José Américo Amorim, Canudense que percorreu os mais de 700 km que separam Quixeramobim-CE de Canudos, na Bahia, para participar do Conselheiro Vivo 2015. O livro “Canudos no estalo da caatinga” é composto por uma coleção de poemas ligados inteiramente à temática de Conselheiro/Canudos.

José Américo Amorim nasceu nas terras da cidade de Canudos-BA, em 31 de janeiro de 1966, filho de Alfredo Alves Amorim e Jovina Macedo Amorim. Desde muito cedo já sentia prazer pela arte de escrever, com temática voltada para as lutas dos sertanejos, em nome do ideal de liberdade do Belo Monte, Canudos, o que tece a criação do poeta, inserida nas questões sociais de sua gente.

Quixeramobim: Casa de Conselheiro vira sala de cinema para lançamento do documentário “a bola, o trem e o rádio”

Quixeramobim é uma verdadeira fábrica de craques. Durante a história grandes figuras foram geradas de várias equipes que se distribuem nas diversas comunidades da Zona Urbana e Rural do município.

Campos de terra batida da periferia, surrados, são sempre grandes palcos para o futebol, que como o próprio nome vincula, é apaixonante e ‘amador’. Grandes representações de importantes times, da Portuguesa do Depósito ao Cruzeiro do Uruquê. Empresários, profissionais liberais, bem ou mal sucedidos, radialistas, estudantes, ambulantes, seguranças, todos se unem para ter o prazer no jogar futebol.
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Lugares - Ao mesmo tempo em que o futebol surge como um impulso de histórias, a cidade de Quixeramobim também possui outras vertentes, dentre elas estão também as lembranças que perpassam por meio dos trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), que foi responsável pelo desenvolvimento de transportes de trem pelo Brasil em grande parte do século XX. Na verdade, a história da cidade de Quixeramobim pode ser contada por meio das grandes linhas da ferrovia que levavam não só cargas, mas também passageiros e recordações.

A marca forte na comunicação também é peculiar a esta terra, pois foi dela que surgiram as primeiras transmissões radiofônicas do Sertão Central. Um marco notável nas lembranças do imaginário dos muitos que ouviam as músicas das radiadoras e escutavam o esporte favorito, o futebol, jogado nos campos e trançado pelas ondas do rádio, narrado em vozes formadoras das trajetórias de tantos, cronistas e ouvintes.
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O cronista - São por meio desses três aspectos, a bola, o trem e o rádio, que surge a figura do personagem Viana Filho, a cara do documentário lançado na noite desta quarta-feira, 11, na Casa de Conselheiro, como parte integrante da programação do Conselheiro Vivo 2015.

Em um salão lotado, a Casa de Conselheiro tornou-se uma verdadeira sala de cinema. Autoridades, o próprio Viana Filho, parentes do radialista, simpatizantes e demais convidados, apreciaram as cenas do filme que retrata um pouco da vivência deste personagem: “Foi muito emocionante trabalhar nesse vídeo. Passamos dias pensando em como filmar, o que tragar por meio das lentes e ontem vocês viram o que fizemos. Me senti muito orgulhoso, foi o meu primeiro trabalho como diretor. É uma responsabilidade inimaginável”, revelou o aluno responsável pela concepção do vídeo, Elistênio Alves.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Documentário “A Bola, o Trem e o Rádio” será lançado nesta quarta-feira, 11

Será lançado nesta quarta-feira, 11, às 19 horas, na Casa Conselheiro, em Quixeramobim, durante a programação do Conselheiro Vivo 2015, o documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”, filmado em Quixeramobim pela equipe do projeto Patrimônio na Tela.

O documentário busca registrar processos da memória do radialista Viana Filho, que vive inserido entre sua infância como telegrafista de trem, seu amor pelo futebol e pelo rádio. Esses três pilares envolvem o personagem e marca a figura central do trabalho. Os alunos foram guiados pelo professor e documentarista Alexandre Veras. “O lançamento desse trabalho no Conselheiro Vivo mostra como a cidade se apropria desse momento a cada ano, que escolhe de modo afetivo o que vai ligando a Conselheiro, que assim vai se misturando com as coisas de nossa cidade”, afirmou o professor Neto Camorim, durante programa especial da FM Canudos (106,7 khz), que segue até sexta apresentado entre 13h e 14h.

O personagem Viana Filho
O interesse sobre a história de Viana surgiu depois de uma apresentação do radialista na edição de número 16 do projeto Papo Cultural, da ONG IPHANAQ, em Quixeramobim. Aos 16 anos Viana trabalhava como telegrafista de trem durante a noite enquanto o pai dormia, indo às oito da manhã para treinar futebol. Atuou pelo time do Maracanaú Futebol Clube.

Ele escolheu o esporte como sua paixão. Nasceu em Quixadá, na lendária fazenda “Não Me Deixe”, que é mundialmente conhecida por ter sido o lugar onde nasceu a escritora Raquel de Queiroz também.

A história de Viana se liga com Quixeramobim quando ele chegou a Uruquê, onde passaria apenas três meses, devido ao trabalho do pai no trem. Nesse período conheceu o prefeito da cidade à época, Alfredo Machado, que ofertou um emprego a Viana. Ele teria que todos os dias abrir a TV pública. Naquela época a TV era em uma praça e tinha sempre que alguém tomar conta do equipamento, e ele ficou responsável por isso.

Assim como a paixão pelo futebol, Viana conheceu aquele que também seria um de seus grandes amores, o rádio. Foi assim que, em 1968, Viana começou a trabalhar no rádio em Quixeramobim. Ajudou a fundar juntamente com Fenelon Augusto Câmara, aquele que seria o primeira trabalho radiofônico do Sertão Central: a radiadora Voz de Cristal, que antecedeu à Difusora Cristal. Pelo rádio Viana encontrou o prazer de narrar aos inúmeros ouvintes o que via dentro das quatro linhas dos campos de futebol.

O documentário
Os cenários para as gravações de “A Bola, o Trem e o Rádio” foram os campos de várzea na localidade de Poço da Pedra, no campo do Cláudio, no Belo Monte, no campo do Balaio, e nos campos do bairro da Maravilha. Seis meses foram necessários para gravação, edição, montagem e finalização do trabalho.

Serviço
Lançamento do documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”
Quarta-feira, 11, às 19 horas, dentro do Conselheiro 2015
Casa Antônio Conselheiro

Conselheiro no Rádio, espaço para debates

Teve início na tarde desta terça-feira, 10, o programa “Conselheiro no Rádio”, na Canudos FM, emissora pertencente à Fundação Canudos. Apresentado pelo professor e historiador Neto Camorim (ONG Iphanaq), o programa pretende criar um debate sobre a temática de Conselheiro e ainda divulgar a programação do evento Conselheiro Vivo 2015.

Neto destacou nesta terça-feira, 10, a importância da criação do Centro de Memória e Arte do Belo Monte, como ação concreta e prática de registro de materiais importantes para a cultura do povo de Quixeramobim: “O Conselheiro Vivo é a praticidade, por isso a ideia deste ano é destacar a importância da criação de um Centro de Memória e Documentação. Um registro prático da nossa história”, ressaltou o professor.

Nesta quarta-feira, 11, a programação dos debates no estúdio da rádio Canudos FM contará com a presença do artista visual e documentarista Alexandre Veras, juntamente com jovens que integram o Projeto Patrimônio em Tela. Eles falarão sobre os projetos aprovados recentemente, em edital na Secult-Ce, e ainda do documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”, de criação do grupo, que será lançado na noite desta quarta-feira, 11, às 19 horas, na Casa Conselheiro.

A discussão contará ainda com a presença do poeta José Américo, de Canudos, Bahia, que falará sobre a perspectiva da arte em relação às histórias de Conselheiro e ainda sobre seu mais recente livro: “Canudos, no estalo da caatinga”.

Programação: Confira as atividades que marcam a edição 2015 do Conselheiro Vivo

Foto: Blog Quixeramobim Agora
Uma caminhada pelas ruas da cidade, o início de debates na FM Canudos e da 2a. Feira do Belo Monte, na Casa Conselheiro. Essas são as atividades que compõem o primeiro dia de programação do Conselheiro Vivo, que chega à 11a. edição ininterrupta.

De concepção conduzida pela ONG Iphanaq, a Programação é realizada pelo Sesc Ler, Câmara e Prefeitura de Quixeramobim, além do importante apoio do Sistema Maior de Comunicação, principalmente da FM Canudos, que dá prosseguimento à já tradicional série de debates “Conselheiro hoje”, que vai ao ar na emissora (106,7 khz), de terça à sexta, sempre de 13h ás 14h, com a mediação do professor Neto Camorim.
Oficialmente, o Conselheiro Vivo 2015 será aberto às 19h, na Casa Antônio Conselheiro, Centro de Quixeramobim, quando os organizadores apresentam a Programação e os principais objetivos a se concretizarem através das ações realizadas na semana, visando conquistas duradouras após o evento, como a criação de espaço voltado para pesquisas e realizações artísticas.

Segue abaixo a Programação de 2015:

Terça, 10 de março
7 h – Caminhada pelas ruas do Centro da cidade, Centro do Ceará: com Escolas (Sec. Municipal de Educação e MST), Grupos Culturais, Artistas, Pontos de Cultura e participantes em geral.

Conselheiro no Rádio: 12h – Rádio Campo Maior AM 840 (Informações e Entrevistas)/ 13h – Canudos FM 106,7 (Debate com convidados da Programação).

19 h – Abertura com entidades realizadoras: Apresentação do Conselheiro Vivo por parte da Comissão de Organização. Coordenador Geral, Aílton Brasil, e autoridades locais e do Estado.

20h30 – 2ª Feira do Belo Monte, com barracas de produtores da Agricultura Familiar e Música com sanfoneiros.


Quarta, 11 de março
Produção literária em todas as escolas municipais explorando a temática Memórias de Antonio Conselheiro, com João Pedro do Juazeiro e Arievaldo Viana

6h30 – Feira com Vinil – Galpão da Feira da Agricultura Familiar (Quadra do Mercadinho, Centro de Quixeramobim). DJs Antônio Carlos e João Paulo Barbosa fazem música e trocam LP’s se inserindo na Feira, que acontece semanalmente no local há 13 anos. As famílias de agricultores comercializam uma diversidade orgânica que produzem nas respectivas comunidades, nos sertões de Quixeramobim.

10 h – Sessão Solene da Câmara Municipal: Entrega da Comenda Antônio Conselheiro.

12 h/13h – Conselheiro no Rádio

16h – Fim de tarde com Banda de Lata Criança Feliz (Local: Sesc Ler)

19h (Local Casa Antônio Conselheiro)- Projetos artísticos (2014/15) no campo Audiovisual (Alexandre Veras e alunos).

Lançamento com apresentação gratuita do Vídeo “O trem, a bola e o rádio”, de Elistênio Alves e equipe, a partir da trajetória do cronista esportivo Viana Filho.

Lançamento de Livros e produtos artísticos. “Antonio Conselheiro”, de João Bosco Fernandes; “Com Antônio no Tempo” (Oficina Cultural), de João Pedro de Juazeiro, e “Artes do Poeta”, com José Américo (Canudos-Bahia).

21h – Show com Azanias e Banda

12 de março, quinta
7h – Saberes com Antônio – Percurso para a localidade de Tigre – lugar por onde passou Antônio Maciel, como professor, entre a partida de Quixeramobim e a chegada a Canudos.

9 h – Recepção da comunidade aos visitantes, com saudação e apresentações – Teatro e Música (Grupos Culturais: Quixeramobim e Bahia)

10 h – Bate-Papo Cultural – Luzes, desejos, ações: Conselheiro e os muitos sertões – Ariovaldo Viana e Aílton Brasil: Cineclube Iphanaq) – Instituto Antônio Conselheiro (IAC) – Experiências dos Quintais Produtivos –  Mediação de Bruno Paulino.

12h – retorno à cidade. Conselheiro no Rádio (Campo Maior AM 840)/ 13h – FM Canudos: Debate com convidados

20h – Bazar das Letras SESC com Geraldo Amâncio, Show Musical e Lançamento do Livro “A História de Antonio Conselheiro”.

 Sexta, 13 de março, feriado municipal em alusão ao nascimento de Antônio Maciel
7h às 11 h – Entrega de prêmios aos alunos vencedores de concursos tematizando Antônio Conselheiro e Canudos – Culminância dos trabalhos

Cada Pólo Educacional prepara uma apresentação

Conselheiro no Rádio: 12h – Rádio Campo Maior AM 840/ 13h – FM Canudos: Casa Antônio Conselheiro e o Centro de Memórias e Artes do Belo Monte.

18h (Local Casa Antônio Conselheiro) – Apresentação e entrega de Documentos para o Centro de Memória e Artes do Belo Monte – Mesa Redonda com debate aberto ao público – Prof. Dr. Paulo Emílio Matos Martins (UFF) e o Artista Visual Alexandre Veras.

Mediação: Historiador e Professor Neto Camorim (ONG Iphanaq)

20h – Teatro de Canudos

Mais informações:
www.patrimoniovivo.org.br

segunda-feira, 9 de março de 2015

Conselheiro Vivo 2015: Centro de Memória e Artes é destaque em programação que começa na terça

“Artes para escrever histórias” é o tema do Conselheiro Vivo 2015, que começa na próxima terça, 10 de março, em Quixeramobim, no Ceará, cidade natal de Antônio Conselheiro. A programação vai até sexta, 13 de março, feriado municipal que marca o aniversário de Antônio Conselheiro, ápice das atividades com apresentação da proposta de criação na cidade do Centro de Memória e Artes do Belo Monte (confira programação completa pelo link).

A importância de um Lugar dinâmico de pesquisa e atividades artísticas será debatida em uma Mesa Redonda, mediada pela ONG Iphanaq (presidente Aílton Brasil), com a participação do Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF), Doutor Paulo Emílio Matos Martins, e o artista visual Alexandre Veras, que atualmente reside em Quixeramobim, desenvolvendo Projetos no campo audiovisual e realizando vídeos com grupos de jovens da cidade.

Referências - “De longa data, temos uma ideia forte para o Ceará, em Quixeramobim, cidade do Conselheiro, para funcionamento de um Centro respeitado de pesquisa, na altura da importância para o Brasil de Antônio Conselheiro, personagem de repercussão internacional. Reunindo forças, aposto que pode ser viabilizado esse espaço, e por isso viajo com muito ânimo, para reencontrar pessoas e estar em contato com outras que se inseriram nessa missão, esperando que juntos possamos definir rumos nesse sentido”, afirma o professor Paulo Emílio, que possui um dos maiores acervos do país sobre Conselheiro/Canudos, com parte já doada para o Projeto, que ele comentará, a partir dos documentos, na sua participação durante o Conselheiro Vivo, na sexta, 18h, na Casa Antônio Conselheiro.

Mediador da Mesa e Coordenador Geral na edição de 2015, o historiador Aílton Brasil, que trabalha com documentos impressos na cidade, vê o momento como possibilidade de que a proposta seja recebida institucionalmente pelo município e entidades participantes, através da definição de local para sede e estrutura inicial, como material básico específico e pessoal habilitado, a ser alocado, para atuar diretamente na proposta.

Apoio prático - “Temos a grande contribuição do professor Paulo Emílio, a força e entusiasmos de Alexandre Veras e os jovens que com ele atuam. Recebemos vários apoios informais em contatos feitos, por exemplo, com o Iphan Ceará, o Arquivo Público Estadual, a Universidade Estadual da Bahia (UneB) e outros centros de pesquisa pelo país. Esperamos que a proposta seja compreendida institucionalmente pela Secretaria Estadual da Cultura (Secult CE) e pelo município, através da Câmara Municipal, com quem já conversamos, e do prefeito, com adesão na prática aos encaminhamentos necessários”, vislumbra Brasil,  presidente da ONG Iphanaq, confirmando que entre as proposta de local está a Casa de Câmara e Cadeia, único prédio na cidade tombado pelo patrimônio nacional, com possibilidade de funcionamento para que o Centro inicie suas atividades.

O Conselheiro Vivo tem início na terça, 10, 7h, com caminhada pelas ruas do Centro de Quixeramobim. A abertura oficial ocorre às 19h, na Casa Antônio Conselheiro, com apresentação da proposta de 2015 e abertura da 2ª Feira do Belo Monte, com barracas de produtores da Agricultura Familiar e Música com sanfoneiros, em frente à Casa de Antônio Conselheiro, no Centro da cidade.

Ao longo da semana, a programação segue com lançamento de produtos artísticos e linguagens artísticas diversas (livros, vídeos, teatro, poesia, música) e atividades das escolas, com participação marcante nos últimos anos. Na quinta-feira, 12, ocorrem atividades na Comunidade de Tigre, onde Conselheiro atuou como professor, entre a saída de Quixeramobim e a chegada aos sertões baianos. Além de entrevistas e informações – nas emissoras locais e pelo www.patrimoniovivo.org.br -, diariamente serão realizados debates na FM Canudos 106,7 com organizadores e convidados que participarão a cada dia do Conselheiro Vivo.

Contatos para mais informações:
Aílton Brasil, Presidente da ONG Iphanaq: 88 9999-7434 ailtonbrasilquixeramobim@gmail.com;

Professor Dr. Paulo Emílio Matos (UFF): 22 2519-5610 / 21 3322-2689 /pemiliom@uol.com.br;

Alexandre Veras (artista visual e realizador atuante em Quixeramobim): 85 8770-1661 / alexandreverascosta@gmail.com;

Elistênio Alves (comunicador, realizador cultural e Diretor Articulação ONG Iphanaq): 88 9864-5220 /  elistenioalves@hotmail.com

sexta-feira, 6 de março de 2015

48º Papo Cultural: Historiadora Eudésia Nobre apresenta pesquisa de Mestrado sobre imaginários da morte no Sertão Central


No último dia 27 de fevereiro, na casa de Antônio Conselheiro, dando início às atividades do Papo Cultural em 2015, o Projeto recebeu a historiadora Eudésia Nobre. A pesquisadora nasceu em Quixeramobim e reside em Quixadá desde à infância, onde realizou seus estudos, inclusive a graduação em história na Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc/Uece). Atualmente em fase de conclusão do mestrado na Universidade do Estado do Ceará (Uece), Eudésia veio apresentar a sua dissertação, que tem como título “As Vozes da Maldizença”- Imaginário sobre a morte e o morrer no sertão central do Ceará.

Segundo Eudésia Nobre, a presença dos mortos reivindicando orações e pagamento de promessas é algo que permeia a tradição nordestina, assim como existem indícios em outras épocas e sociedades da ação dos mortos diante dos vivos, pelos mais variados motivos. Com a criação do purgatório, a Igreja Católica criou um terceiro local para as almas pecadoras, com a finalidade de que pudessem ter a chance de regeneração e buscar o reino do céu. Portanto, as almas poderiam se regenerar e receber as bênçãos do paraíso. As que não tivessem perdão penariam eternamente no fogo do inferno, suportando suas terríveis penas. De acordo com o imaginário cristão, atender aos pedidos dessas almas é ajudá-las na caminhada pela expiação dos pecados e, ao mesmo tempo, ficar de bem com aquele espírito que continua preso ao mundo dos vivos, na busca do seu caminho.
“Maldizença” – Em Oiticica, distrito do Município de Ibaretama, no Sertão Central cearense, essas almas se manifestavam, através da “Maldizença”, uma crença que consistia em vozes, choros e lamentos das almas que permanecem entre os vivos para fazer suas reivindicações.

Para a pesquisadora, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a experiência dessa comunidade com as questões relacionadas ao imaginário acerca da morte e das almas que permanecem entre os vivos, no período que compreende a segunda metade do século XX. “Consideramos que a percepção do mundo está intimamente ligada à forma como apreendemos a realidade, e essa apreensão leva as marcas das relações estabelecidas socialmente, portanto o passado é composto por essa rede de significados atribuídos a ele. Nesse sentido é que utilizei a metodologia da História Oral para, através da memória, perceber na subjetividade de cada sujeito esses indícios do pensamento ocidental cristão em torno das questões acima citadas. No decorrer da pesquisa percebemos que essa manifestação despertava temor na localidade, e esse temor estava intimamente relacionado aos crimes de mortes ocorridos no referido lugar, portanto a “Maldizença” seria a precursora de um momento de tensão social em que o desfecho seria a presença da morte”, abordou Eudésia Nobre, em parte de sua apresentação.

Para um público de professores e estudantes, que fez intervenções durante o debate, o trabalho da pesquisadora se constitui algo inédito aqui em nossa região, conforme destacado entre os presentes. “Nunca tivemos conhecimento de algum trabalho acadêmico que tenha pesquisado o tema “maldizença” e sua relação com a morte aqui no sertão central”, ressaltou a psicóloga Nayara Ribeiro.

O projeto Papo Cultural é uma conversa com personalidades que contribuem com seu trabalho, seus conhecimentos e seus saberes diversos, para a difusão do patrimônio histórico e desenvolvimento cultural e educacional de Quixeramobim e região.

Texto: Neto Camorim- Coordenador do Papo Cultural e integrante da ONG Iphanaq