segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ELISTÊNIO ALVES APRESENTA EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA DA ROMARIA DE CANUDOS NO PAPO CULTURAL


Em virtude do não comparecimento do convidado do Papo Cultural desde mês, Sr. Marcílio Maciel, por está doente, o integrante da Ong. Iphanaq, Elistênio Alves, apresentou no dia 26 de outubro na casa de Conselheiro, no 21º Papo Cultural, uma exposição fotográfica em projeção na parede, da 25ª Romaria de Canudos, realizada entre os dias 19 e 21 de outubro, no qual esteve presente, juntamente com o Neto Camorim e João Paulo Barbosa.
Na ocasião, Elistênio falou da sua alegria de ter conhecido Canudos, terra que foi palco do massacre de milhares de sertanejos no século XIX. “Foi uma emoção muito grande. Então aproveitei o momento da visita para fotografar as principais referências que ainda existem e são preservados na cidade. Tanto em relação da guerra de canudo, como a Antônio Conselheiro”. Destacou.
Durante a exposição foi comentando as fotos do Memorial, Parque Estadual de Canudos, local das últimas batalhas da guerra, o Açude Cocorobó e rio Vaza Barris, além de fotografias da romaria, da mesa redonda e cenas do cotidiano da cidade.
Além da exposição, foi exibido o documentário “Sobreviventes- Filhos da guerra de Canudos”. Filme de Paulo Fontenelle. Através de depoimentos de sobreviventes e seus filhos são reconstituídos os acontecimentos da Guerra de Canudos, ocorrida no final do século XIX.
Segundo Neto Camorim a exibição desse documentário é uma homenagem a todos os conselheiristas que neste mês de outubro rememoram o fim da guerra de canudos.
Após esses dois momentos aconteceu um proveitoso debate onde se discutiu a possibilidade de uma aproximação entre Quixeramobim e Canudos, já a partir do Conselheiro Vivo 2013.




Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento e Roniere Eloi

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ENCANTADO RECEBE PELA QUARTA VEZ EXIBIÇÃO DO CINECLUBE SESC-IPHANAQ



Na última terça feira, 23 de outubro, na Escola Aloísio Barros Leal, sede do distrito de Encantado, recebeu pela quarta vez a exibição do Cineclube SESC-IPHANAQ. Desde quanto começou o projeto em 2009, a vila de Encantado tem recebido todos os anos exibições de cinema.
O filme apresentado nesta quarta edição para o público presente no pátio da escola, a maioria alunos de ensino médio e professores, foi Por 30 Dinheiros. Direção – Vânia Perazzo Barbosa e Ivan Hlebarov. 
A produção do filme acontece no interior da Paraíba, onde uma trupe mambembe encena A paixão de cristo. Depois de meses de espetáculo, Zé, que interpreta Cristo, e Lula no papel de São Pedro, fogem com o dinheiro acumulado da bilheteria. Na viagem da caatinga ao litoral, os dois são perseguidos pelo diretor e pelo resto da trupe. Cenas da peça se confundem com a realidade em momentos da traição, gozação e delírio, um misto de situações tragicômicas e surreais. Misticismo, valores novos e arcaicos revelam, metaforicamente a região Nordeste em meio à globalização.
Após a exibição os professores Cláudio e Derlângia fizeram comentário durante o debate, destacando fatos apresentados no filme. “Eles servem para a gente refletir sobre a nossa realidade, inclusive aprofundar a discussão em sala de aula. É um projeto muito importante esse do Iphanaq, de possibilitar as comunidades rurais do município de conhecer um pouco mais o cinema nacional, enquanto ação política e pedagógica e acima de tudo educativa através das discussões de geram após o filme. Isso é fundamental para a formação de nossos jovens principalmente”. Destacou a professora Derlângia.
É importante destacar que antes de iniciar a exibição do filme Por 30 dinheiros, foi apresentado o documentário, boi de Reisado de Quixeramobim, do mestre Piauí. Após a apresentação do vídeo o coordenador do cineclube, Neto Camorim fez a entrega do CD/DVD do boi de reisado, que está sendo entregue em todas as escolas do município gratuitamente, numa produção do IPHANAQ e da SM Publidades através do Projeto Memória Musical, financiado pelo IPHAN-CE.
O projeto cineclube é uma realização do Ong. Iphanaq e do SESC-Ler de Quixeramobim, que mensalmente leva cinema gratuito as comunidades rurais de Quixeramobim. Tem o apoio do Sistema Maior de Comunicação e da Fundação Canudos.

                      
    






Texto: Neto Camorim
Fotos: Elistênio Alves e Fausto Lopes.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

ONG. IPHANAQ PARTICIPA DA 25ª ROMARIA DE CANUDOS



Representada pelos seus integrantes João Paulo Barbosa, Elistênio Alves e Neto Camorim, em companhia do radialista Paulo Simião e motorista Gilvan, a Ong. Iphanaq (Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim) participou de 19 a 20 de outubro, da 25ª Romaria de Canudos. Localizado no nordeste baiano, distante 400 km de Salvador e 750 km de Quixeramobim, no sertão central cearense, terra onde nasceu Antonio Conselheiro em 1830.
A Romaria de Canudos deste ano teve como tema: Canudos: uma história de fé e luta, com o objetivo de rememorar os 25 anos de caminhada do povo de Canudos e região. Cortada pelo rio do Vaza Barris e situado as margens do açude Cocorobó, o povo tem lutado durante todo esse período, por terra livre das amarras do latifúndio, democratização da água de qualidade, educação, cultura, saúde e desenvolvimento local sustentável. Enfim, a romaria é um momento de reflexão de que só com mobilização popular, a dignidade humana acontece para os sertanejos mais pobres. Assim defendia Conselheiro no século XIX. É por isso que sua memória continua viva na luta do povo que se organiza para reivindicar seus direitos.
Segundo Padre Ednaldo, pároco de Canudos, sempre se escolhe um tema inserido na realidade do sertanejo para refletirmos a luz da fé a luta do povo. “Em 2012 estamos enfrentado uma das piores seca nos últimos 40 anos no sertão da Bahia. Então devemos aproveitar esse momento para discutirmos a pobreza e a exclusão social que ainda persiste no semiárido nordestino. As políticas públicas continuam paliativas sem soluções definitivas. Por que isso ainda acontece? Devemos aproveitar a romaria para pensar e agir coletivamente, como nos ensinou Antonio Conselheiro ao formar o Arraial do Belo Monte. Ele que saiu de Quixeramobim peregrinando por esse sertão, juntando sertanejos para organizar Canudos sempre usou a mística da fé e da luta para a construção de uma vida melhor para os pobres, que por alguns anos se concretizou. Não foi uma utopia como muitos dizem.” Destacou o Padre.
 Por tais razões que a luta de Conselheiro e seus seguidores incomodou tanto os governos, os latifundiários, o exército e a Igreja da época. Todas essas instituições se uniram para destruir Canudos, que resistiu bravamente quatro expedições. Foi um massacre, um genocídio com o povo de Canudos, e até hoje o Estado Brasileiro não reconheceu. A Romaria de Canudos anualmente procura rememorar esses fatos históricos. É a luta do povo e o exemplo de Conselheiro, em defesa do povo pobre do sertão.
A programação da romaria teve início na sexta feira dia 19 com a abertura de uma exposição sobre Conselheiro era Guerra de Canudos, no Memorial Antonio Conselheiro administrado pela UNEB (Universidade do Estado da Bahia). Durante os três dias do evento esteve aberta a visitação dos estudantes das escolas de Canudos e região, além professores, escritores fazendo lançamento e venda de livros e o público em geral. 19h, no teatro do Memorial Antonio Conselheiro, foi apresentada a peça “Melelego”- produção da companhia de teatro local, com o apoio da UNEB, através do Projeto Canudos.
          No sábado dia 20, a programação reiniciou as 9:30h com a realização do Fórum de Desenvolvimento Local Sustentável. É um espaço democrático, onde os representantes da sociedade civil organizada de Canudos e municípios vizinhos se reúnem periodicamente para debaterem seus problemas e buscarem possíveis soluções. Coordenado pela Universidade do Estado da Bahia, com o apoio de mais de quarenta organizações, o Projeto Canudos envolve uma equipe multidisciplinar e institucional, com pesquisas realizadas em diversas dimensões, cujo objetivo é desenvolver a região, capacitar moradores e preservar o patrimônio histórico e cultural.
 O foco deste Projeto é contribuir para o incremento sustentável da região, a partir das potencialidades locais, tais como turismo histórico, agricultura irrigada e de sequeiro, a  pesca e a piscicultura, a educação para a convivência com o semiárido e as manifestações culturais. Tem como princípio norteador o desenvolvimento local integrado e sustentável, visando promover o reordenamento do uso do espaço, melhorar a equidade social e o acesso aos recursos.
            Nesta atividade os integrantes da comitiva de Quixeramobim tiveram oportunidade de participar e em suas falas, enfatizaram a possibilidade de uma maior aproximação entre Quixeramobim e Canudos envolvendo o tema Conselheiro e outras questões históricas e culturais de interesse dos dois municípios.
Diante dessa perspectiva, Neto Camorim conversou informalmente com o Pró- Reitor de Planejamento da UNEB, Luis Paulo Neiva, que coordena as ações da Universidade em Canudos (Parque Estadual e Memorial e a articulação do Fórum de Desenvolvimento Local, através do Projeto Canudos, o mesmo se mostrou muito receptivo a idéia e disse que a UNEB está disposição para colaborar.
A programação teve continuidade às 15h com uma visita ao Parque Estadual de Canudos- PEC, guiada por 23 alunos que participaram das três oficinas de formação de guias turísticos na cidade, ministrada por Edna Rodrigues, diretora técnica em Promoção Humana e Desenvolvimento Social, da Secretaria do Turismo do Estado da Bahia.
Esta visita além da presença dos turistas que estavam visitando Canudos durante a romaria, teve também a participação de caravanas de várias cidades da região. Paulo Afonso, Cícero Dantas, Jeremoabo, Uauá, Juazeiro da Bahia, Macururé, etc. Além de escritores e pesquisadores que aproveitaram o período da romaria para venderem seus livros, além de artesãos comercializando seus produtos.
 Criado em 1986 o parque estadual compreende uma área de 1.321 hectares, e Constituiu-se no palco principal de acampamentos militares, da presença conselheirista e de violentos combates, abrigando valiosos sítios históricos, arqueológicos e antropológicos.
Recentemente foi implantada uma nova exposição fotográfica com painéis em vidro de diversos tamanhos, que chegam até 4m de altura, com fotografias de inúmeros e renomados fotógrafos que retrataram a Guerra de Canudos, os seus remanescentes e descendentes de conselheiristas. Além das fotos pode-se encontrar o mapa da região do conflito e gravuras com imagens sertanejas. É importante ressaltar, que a entrada do Parque foi pavimentada com asfalto ligando a rodovia ao portal de entrada para facilitar a visitação e para maior conforto de todos que desejarem visitar e conhecer o CENÁRIO DA GUERRA DE CANUDOS.
No sábado à noite a partir das 20h na Escola Jário Ave aconteceu uma mesa redonda, onde foram discutidos os problemas que atualmente ainda afligem Canudos e traçarem possíveis soluções, além de apresentar o que está sendo feito para superar essas dificuldades. Como também fazer uma retrospectiva do que foi feito nesses 25 anos de caminhada do povo, tendo como luz a fé e a luta de Antonio Conselheiro.
A mesa redonda teve como convidado o professor Luis Paulo Neiva, Pro - reitor de Planejamento da UNEB e padre Wilson, pesquisador de Conselheiro. Após a fala dos mesmos, aconteceu um importante debate, onde o integrante da ONG. Iphanaq, Neto Camorim, fez uma intervenção falando da importância dessa integração entre Canudos e Quixeramobim. Frisou que Conselheiro já fez isso no passado, e hoje compete a nós através de nossas ações, com a participação da Igreja, Universidade e da Sociedade Civil organizada, trilhar esse caminho. É desafiador mais possível de se construir uma sociedade mais justa, com diminuição da pobreza. Após o debate deu-se início a noite cultural, com apresentações teatrais e show musical com Ismael e banda. Ale da participação de artistas locais e da região.
No domingo, dia 21, a partir da 5h da manhã aconteceu à alvorada acordando os moradores da cidade e visitantes a saírem em caravana até a Velha Canudos (hoje Alto Alegre) para participarem da missa de encerramento da 25ª Romaria as margens do açude Cocorobó. Que de tão baixo o seu volume de água devido à grande seca, estando apenas com 1/3 de sua capacidade, às ruínas da Igreja Nova estão aparecendo. Quanto o açude está cheio elas ficam submersas.
Segundo Elistênio Alves que estava visitando Canudos pela primeira vez, “participar da romaria foi um momento valioso e enriquecedor culturalmente e historicamente. Deu para perceber que mesmo após 115 anos da destruição de Canudos, Conselheiro continua vivo na luta do povo baiano e de todo o sertão nordestino. Hoje ele é melhor compreendido e aos poucos vai deixando de ser tratado de fanático, um louco, um monarquista e outros adjetivos que sempre lhes foram atribuídos. Espero que Quixeramobim sua terra natal, não o expulse novamente, como fez no século XIX, e passe de fato conhecer e valorizar a historia desse homem. Um  dos lideres mais estudados em nosso país e no exterior”.  Destacou. 





Texto: Neto Camorim
Fotos: Elistênio Alves e João Paulo Barbosa

domingo, 14 de outubro de 2012

GRUPO DE LEITURA “SERTÕES E MEMÓRIAS” CONCLUEM O ESTUDO DA TRAVESSIA DO CAMBAIO


Dando sequência ao estudo da obra “Os Sertões” de Euclides da Cunha, o grupo de leitura “Sertões e Memórias”, se reuniram no último dia 10 de outubro, na casa de Antonio Conselheiro e avançaram na leitura “Da Luta”. Neste encontro foi estudada a travessia do cambaio.
Durante essa operação de guerra as forças militares novamente enviadas a lutar contra Canudos, montaram suas bases em Monte Santo. Povoado considerado mais desenvolvido por aqueles sertões naquela época, além de permitir uma comunicação mais rápida com o litoral, por intermédio da estação ferroviária de Queimadas, cidade de maior porte na região naquele período.
De fato, tal estratégia aliada a outros fatores, como, única vila com fonte de água perene na região, sublevações rochosas e caminhos que parecem esboço de um deserto, fez de Monte Santo o quartel general dessa expedição organizada para arrasar Canudos, e seus ditos fanáticos.
Todas as estratégias traçadas tornavam-se limitadas diante das adversidades geográficas do sertão do norte baiano. Mesmo com todas as dificuldades, os soldados muitas vezes, agonizavam pelo desapontamento doloroso da região e ao mesmo tempo, tinham que avançar em busca do triunfo glorioso, pois seria o reconhecimento nacional dizimar esse bando de sertanejos.
Destruir esses rebeldes a ferro e fogo, sempre foi o maior objetivo. Era preciso um grande exemplo e uma lição a esses “criminosos retardatários”. Era preciso que saíssem da barbárie e entrassem na civilização. O exemplo teria que ser dado, isso era convicção geral da tropa.
Mesmo com tanto certeza da vitória, de maneira geral, subestimaram a derrota dos ditos fanáticos. Segundo Euclides da Cunha, “a certeza do perigo estimula-as. A certeza da vitória deprime-as”. E foi nesse misto de perigo e certeza do sucesso desse confronto sanguilonento e estarrecedor, que o comando da operação ficou imobilizado quinze dias em Monte Santo. Escassez de comida, condições precárias para o transporte de armas e munições, enfim, dificuldades de se locomover por desconhecer a região, fez à medida que se aproximavam de Canudos, tornassem mais desarmados e fragilizados. A derrota nestas condições seria inevitável.
Para Euclides da Cunha “as forças dispersas em marcha, a partir da base das operações deviam ir pouco a pouco, apertando os fanáticos, a concentrar-se em Canudos. Fez-se sempre o contrário. Partiram unidos, em colunas, dentro da estrutura maciça das brigadas. Avançaram embalados pelos caminhos a fora. Iam dispersar-se repentinamente em Canudos”. Foi nessas condições desfavoráveis que partiram a 12 de janeiro de 1897 de Monte Santo e seguiram a estrada do Cambaio em direção a Canudos.
“A Serra do Cambaio é repleta de morros cuja estrutura se desvenda em pontiagudas pedras e blocos em alinhamentos caprichosamente repartidos que mais parecem grandes cidades mortas, onde o matuto passa medroso mesmo sendo de cavalo em disparada, imaginando lá dentro uma população silenciosa e trágica de almas do outro mundo”. Destacou Euclides da Cunha.
É deste conjunto de serras, cheios de medos e superstições, que se vêem perto da estrada de Jeremoabo, o caminho para Bom Conselho. E foi por ali que a tropa enfiou-se em direção a Canudos. Caminhavam vagarosamente sem aprumo, emperrados pelos canhões onde se revezavam soldados em auxílio aos animais quase impotentes à tração em declives.
Foi nesta situação deplorável que o inimigo atacou de surpresa. Apareceram os jagunços, e de repente dispararam tiros. Toda a expedição caiu de ponta a ponta, debaixo das trincheiras do Cambaio. A retirada tornou-se urgente e inevitável. As condições da tropa naquela circunstância eram desfavoráveis. O recuo foi à salvação.
Mesmo assim, antes da retirada total da tropa, fizeram um ataque visando destruir o arraial. Travaram um conflito em Tabuleirinho, com tiroteios intensos alarmando todos os habitantes de Canudos. Inclusive os mais valentes. Neste cerco, João Abade reuniu cerca de seiscentos homens válidos que ainda tinham de resto, para lutar em defesa do Belo Monte. Foi um conflito desolador. Os jagunços viam os companheiros caírem mortos colhidos pelos tiros do inimigo disparados ininterruptamente.
Por alguns momentos, perdeu-se a esperança de alguém sobreviver naquela batalha, bem como, o encanto por Conselheiro. Ali estaria em breve acontecendo à derrota dos últimos defensores de Canudos. Segundo Euclides, “o povo ingênuo perdeu, em momentos, as crenças que o haviam empolgado”. Bandos de fugitivos saíram do arraial atravessando repentinamente becos e a praça, demandando pela caatinga. Enquanto as mulheres em gritos, clamando numa algazarra indefinível, implorando à porta do Santuário a presença de Conselheiro, que subiu com meia dúzia de fiéis para a parte alta da Igreja Nova, e depois retirou a escada.
Os fiéis agitados ficaram embaixo chorando e rezando, sequer observou Conselheiro atravessando impaciente sobre as tábuas do andar de cima. Neste momento sobreveio a notícia de que as tropas recuava. Também estavam sem condições de prosseguir no combate. Para os sertanejos, foi um milagre do Bom Jesus Conselheiro. Assim entendeu os fiéis seguidores que ainda restavam. Como diz Euclides, “a desordem desfechava em prodígio”.
Após mais um embate violento, começara de fato, a retirada do major Febrônio de Brito. Soldados famintos, muitos feridos, estropiados mal carregavam as armas. E os jagunços ainda existentes, ao perceberem o movimento da tropa o alcançaram liderado pela ferocidade de Pajeú, destruindo soldados pelas caatingas.
A partir dessa ação dos jagunços, a expedição perdera toda a estrutura militar. Oficiais e soldados, foram destruídos pelo mesmo sacrifício. E os que escaparam dos ataques tiveram de penetrar novamente pela travessia do cambaio, enfrentando encostas, abismos e trincheiras em todo o percurso da retirada indesejada.
Ao chegarem após três horas de marcha, a Bendegó de Baixo, foram as tropas beneficiadas pelo relevo desse lugar. Pequenos planaltos que desemboca numa estrada permitindo possibilidades de defesa.
Quando se achava que tinham acabado as provações, um incidente providencial completou aquele momento. Assustado talvez pelas balas dos jagunços e soldados que deixou um saldo de vinte mortos, um rebanho de cabras invadiu o acampamento dos sertanejos famintos. Foi uma diversão feliz. Homens exaustos correndo para pegar os velozes animais para saciarem a fome após dois dias de jejum. Uma hora depois, agachados em torno das fogueiras, comeram carnes apenas sapecadas. Mas era o que tinha.
A expedição derrotada prosseguiu para Monte Santo. Não havia um homem válido. A chegarem ao vilarejo a população os recebeu em silêncio.
Os jagunços, naquele mesmo dia, à tarde, animaram-se de novo pelas encostas do cambaio. Lentamente caminhando em direção a Canudos, extensa procissão surgia pelas serras. Os sertanejos retornavam para o arraial, carregando aos ombros em jiraus de paus roliços amarrados com cipós, os cadáveres dos mártires da fé.
O fúnebre cortejo seguia para Canudos. Os sertanejos que resistiram os conflitos seguiram os caminhos de seus mártires. Eles morreram em defesa do projeto liderado por Conselheiro, e os que ficaram, continuavam com seus ideais, horas acesas, horas apagadas, vivendo a cada instante, momentos de tanta incerteza. Era preciso buscar força e coragem e alimentar a fé no que dizia Conselheiro, para enfrentar a próxima expedição que tinham certeza que viria. E veio. Seria a terceira, comandada pelo afamado “corta cabeça”, Coronel Moreira César. Até o próximo encontro de estudo de “Os Sertões”.





Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento

sábado, 6 de outubro de 2012

IPHANAQ APRESENTA PROPOSTAS PÚBLICAS PARA A GESTÃO DA CULTURA





A “Carta da Cultura” foi entregue às duas candidaturas que disputam a prefeitura do município, assinada apenas pelo candidato Rômulo Coelho (PSB). Confira propostas e detalhes sobre a articulação da ONG Iphanaq
O Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim (ONG Iphanaq) apresenta propostas da “Carta da Cultura”. O Documento é fruto de debates da instituição com a sociedade civil em Quixeramobim, a partir de discussão entre os integrantes e ações da entidade no município, desenvolvidas através de Projetos como o Ponto de Cultura Patrimônio Vivo (que acontece no Liceu), o Papo Cultural e Grupo de Leitura Sertões e Memórias, na Casa Antônio Conselheiro, e o Cineclube SESC-IPHANAQ, com apresentação mensal de filmes nos distritos de Quixeramobim.
Propostas - “A Carta da Cultura é um conjunto de propostas resultantes da nossa visão ação no município, já desde 2004. Elas sintetizam nosso entendimento de Cultura construído com a população e nos servem de mote para cobrança e acompanhamento da futura gestão na área, independente de quem lá esteja”, afirma o presidente da ONG Iphanaq, Aílton Brasil.
Ainda 48 horas antes de ser divulgado à população, o documento foi encaminhado às duas candidaturas que disputam a Prefeitura de Quixeramobim, com espaço ao final para assinatura dos candidatos, como forma de assumir o compromisso com as propostas, e dialogar a partir das mesmas na futura Gestão municipal do município (veja link). O documento foi entregue às candidaturas na quarta-feira, 03 de outubro, com prazo estabelecido para retorno dos candidatos na sexta-feira, 05 de outubro, 12h. Na semana anterior, o documento fora enviado às candidaturas pelos e-mails de contato disponibilizados nos sites oficiais. A Carta da Cultura registra a assinatura do candidato Rômulo Coelho (PSB), após entrega e contato com o Coordenador Cândido Filho. O documento com propostas de Gestão Cultural não contou com apoio do candidato Cirilo Pimenta (PSD), que não firmou compromisso com as mesmas. O documento foi entregue no comitê ao advogado Ricardo Cavalcante, que representa a candidatura. Em seguida, o mesmo recebeu contatos do Iphanaq, afirmando que conversaria sobre as propostas com o candidato Cirilo, e retornaria com posicionamento, o que não ocorreu até a noite de ontem, sexta, conforme combinado. 
A entidade possui os registros dos contatos realizados, pelo telefone e pela internet. 
Construção - O mais importante é que o documento possui construção permanente, aberto a sugestões da população a partir dos espaços do Iphanaq, pelos quais a entidade divulga as propostas a partir de agora. As mesmas são apresentadas também como frente de desenvolvimento construído coletivamente em Quixeramobim. Confira as propostas no link, estando às mesmas abertas para que você comente. 






Texto: Danilo Patrício
Foto: Elistênio Alves

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

PSICÓLOGAS APRESENTAM ARTIGO SOBRE A INFLUÊNCIA DO FORRÓ NA SEXUALIDADE DOS ADOLESCENTES NO PAPO CULTURAL



As psicólogas Karine Suelanne Silva de Lima, Natália Nobre e Darliana Torres apresentaram no dia 28 de setembro, na casa de Antonio Conselheiro, na 20ª edição do Papo Cultural o artigo: “A influência do forró na formação da identidade e sexualidade dos adolescentes do sertão central”. Publicado na 1ª edição da Revista Expressão Católica da Faculdade Católica Rainha do Sertão- Quixadá-CE, onde as recém graduadas concluíram o curso de psicologia.
Inicialmente Neto Camorim, que estava coordenando o evento, fez uma breve apresentação das convidadas, e logo em seguida cada uma tiveram 15 minutos para falarem sobre a realização da pesquisa que resultou no artigo apresentado.
Segundo as psicólogas a grande maioria dos adolescentes entrevistados não associa a letra das musicas de forró da atualidade, como algo que desvalorize ou descaracterize o seu corpo. Principalmente o sexo feminino, foco maior do trabalho, não faz essa associação. “É como se o que a música apresenta na sua letra fosse algo desconectado de sua vida. A maioria não faz nenhuma reflexão sobre a importância da sexualidade e da identidade. É encarado mais coma uma diversão no grupo. Poucos fazem uma autocrítica da mensagem que as músicas transmitem”. Destacou Karine Suelanne.
Para Darliana Torres e Natália Nobre que fizeram os comentários das entrevistadas realizadas durante a elaboração do artigo, a maioria dos adolescentes tem pouco conhecimento sobre sexualidade. Associam apenas ao ato sexual. Algo lamentável frisou a psicóloga.
Após a exposição do tema, o público presente constituído a maioria de alunos de ensino médio do Liceu de Quixeramobim e alguns professores, fizeram comentários e questionamentos durante o debate sobre a importância desse tema. “Assunto como esse deveria ser discutido nas escolas e nas famílias, pois muito contribuiria na formação dos jovens e adolescentes a receberem formação adequada sobre sexualidade e como a música pode contribuir para se fazer uma reflexão sobre o tema”. Ressaltou a professora Maria do Carmo Enéas (Kaká).
Concluído o debate, Neto Camorim agradeceu as convidadas pela disponibilidade em participar do papo cultural e falou da possibilidade delas ampliarem o estudo do tema e venderem a idéia para as escolas dos municípios do sertão central. Destacou também que seria importante aprofundar a pesquisa que foi feita numa tentativa de um trabalho de mestrado quem sabe. O assunto é pertinente.
Ao final entregou a cada uma das convidadas uma menção honrosa ofertada pela Ong. Iphanaq pela participação na 20ª edição do projeto Papo Cultural.
O projeto Papo Cultural é uma conversa com personalidades que contribuem com seu trabalho, seus conhecimentos e seus saberes diversos, para a difusão do patrimônio histórico e desenvolvimento cultural de nosso município.






Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento e Sara Farias