sábado, 5 de setembro de 2015

SARGENTO E HISTORIADOR CÉLIO PEREIRA APRESENTA SUA PESQUISA “HISTÓRIA, CRIME E LITERATURA EM DONA GUIDINHA DO POÇO” NO 54ª PAPO CULTURAL

No último dia 28 de agosto, o Papo Cultural recebeu na sua 54ª edição o sargento e historiador Francisco Célio do Nascimento Pereira que apresentou sua pesquisa monográfica de graduação em história na UECE-FECLESC- Quixadá, que tem como titilo “História, Crime e Literatura em Dona Guidinha do Poço”: (Quixeramobim – 1853).

Ao iniciar sua apresentação Célio teceu considerações gerais falando sobre os rumos que a pesquisa tomou e da satisfação em poder apresentar seu trabalho de conclusão de curso. Em seguida fez um relato sobre o crime cometido a mando de Marica Lessa (segundo relatos mandou matar seu esposo) destacando a ligação entre a história real e os personagens trabalhados por Oliveira Paiva um dos escritores que dissertam sobre o fato ocorrido em Quixeramobim, um crime de morte na segunda metade do século de XIX e que inspirou o escritor.
Oliveira Paiva que era escritor, abolicionista, contista e poeta vem a Quixeramobim para tratar de tuberculose tem contato com arquivos relativos ao fato e resolve o romancear dando origem a um dos livros regionalistas mais importantes do século XX.

Durante a apresentação de seu trabalho Célio discorre de forma muito convincente sobre a importância que tem a literatura para a história e como ela está muito inserida na nossa região sendo fonte de vários escritos. As características sertanejas da região, os problemas vividos, o cotidiano de seus moradores da época foi muito bem retratado a partir do seu trabalho e das várias obras que o mesmo teve acesso e citou muitos deles clássicos da literatura brasileira regionalista.

Um fato muito interessante do seu trabalho foi como o mesmo conseguiu no decorrer de sua pesquisa mapear toda a odisseia que a publicação de um livro totalmente despedaçado como um quebra cabeças, mas teve uma compilação devido a insistência de outros escritores importantes como Antonio Sales, José Veríssimo, Lúcia Miguel Pereira e Rui Facó.
Todo esse trabalho segundo Célio fez com que em 1952 fosse publicado primeira edição pela Editora Saraiva tornando-se um Best-seller.

Outro personagem importante nesse trabalho segundo Célio foi o Escritor Ismael Pordeus um dos primeiros a fazer a ligação do romance com o fato ocorrido. Ele encontra a obra de Oliveira Paiva e se interessa pelo livro e rapidamente liga ao fato ocorrido em Quixeramobim na metade do século XIX.

Após a apresentação do Historiador Célio a palavra foi facultada aos presentes que fizeram várias intervenções destacando a importância do trabalho que traz tantas informações para conhecemos não só nossa história, mas acima de tudo faz um convite a nos embrenharmos na literatura nordestina tão carregada de nós mesmos.
Ao final Célio fez sorteio de alguns exemplares do livro Dona Guidinha do Poço entre os presentes. E depois recebeu uma menção honrosa da Ong. Iphanaq das mãos de seu amigo Edmilson Nascimento.

Ailton Brasil – historiador e presidente da Ong. Iphanaq
Fotos: Edmilson Nascimento

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

CINECLUBE IPHANAQ RETORNA A NENELÂNDIA COM MAIS UMA EXIBIÇÃO NA ESCOLA

No dia 21 de agosto, o cineclube esteve mais uma vez na Escola Francisco Carneiro Sobrinho, em Nenelândia, realizando exibição de cinema naquela comunidade. Na ocasião, foi exibido o filme “Bezerra de Menezes - o diário de um espírito” [ Direção Gláuber Filho e Joel Pimentel]. Antes, foi apresentado o documentário “A bola, o trem e o rádio”, de Elistênio Alves. O referido documentário tem como protagonista principal o radialista e plantonista esportivo Viana Filho. Após a exibição, Elistênio Alves, que estava presente ao evento, teceu alguns comentários sobre a produção do seu filme.

Já o filme Bezerra de Menezes – o diário de um espírito apresenta a vida do personagem, que começa em 1831, na localidade de Riacho do Sangue, hoje município de Solonópole - Ceará. No universo sertanejo, Bezerra de Menezes forjou seu caráter e, aos 18 anos, inicia no Rio de Janeiro seus estudos de medicina. Na Capital da República à época, foi um grande abolicionista e elegeu-se vereador e deputado, por várias legislaturas. Porém, o trabalho anônimo em favor dos mais humildes foi que lhe trouxe o maior reconhecimento de seu povo, que o chamava Médico dos Pobres.
Sua trajetória foi marcada pelo amor e pela caridade. Seja como político devotado às causas humanitárias ou como o médico conhecido por jamais negar socorro a quem batesse à sua porta. Um exemplo de homem que fez da sua vida um meio de servir ao próximo e à sua pátria.

"O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe, ou no morro; o que, sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida". (Bezerra de Menezes)
Segundo a professora Idalina Reis, toda vez que o cineclube retorna à comunidade e oportuniza os alunos da escola participação na exibição, só tem somado para que os jovens compreendam dentro de uma proposta pedagógica o quando o cinema pode contribuir para sua formação cidadã e para uma leitura crítica da realidade.
O projeto cineclube é uma realização da ONG Iphanaq, com o apoio cultural do SESC-Ler e do Sistema Maior de Comunicação. O Projeto realiza, mensalmente, exibição de cinema nacional gratuito nas comunidades do município de Quixeramobim.

Neto Camorim – Coordenador do Cineclube Iphanaq
Elistênio Alves – Fotos

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

NETO CAMORIM APRESENTA RELATO DE SUA 2ª EXPEDIÇÃO A CANUDOS E AO SERTÃO BAIANO NO 53º PAPO CULTURAL

No último dia 07 de agosto o historiador Neto Camorim apresentou na Casa de Antonio Conselheiro um relato de sua segunda expedição a Canudos e ao sertão baiano no 53º Papo Cultural. Além do bate papo sobre a viagem, o historiador mostrou algumas fotos dos percursos por onde andou.

A seguir um breve relato realizado pelo historiador Neto Camorim de suas andanças pelo sertão baiano.

Minha segunda expedição a Canudos e ao sertão baiano
Pelo segundo ano consecutivo no período de minhas férias visito os sertões da Canudos e região vizinho do nordeste baiano. Este ano a viagem aconteceu de 16 a 29 de julho. Foram dias intensos de muito aprendizado, reencontros, novas amizades, pesquisas e lazer, pois ninguém é de ferro. É bom lembrar que eu estava de férias e precisava também aproveitar esses momentos nessa terra mística, encantadora e acolhedora que é Canudos.

Essa segunda expedição em solo baiano iniciou no dia 16 de julho em Juazeiro da Bahia de onde seguindo por Pilar, Uauá e Bendegó cheguei a Canudos por volta das 20:45. Noite de clima agradável com aquele friozinho, fui caminhando para a casa de Dona Bebé, sentindo emoção e alegria de está novamente nesta terra. Dona Bebé é uma senhora na qual nos tornamos amigos e que nos acolhe todo ano em sua casa nos dias da romaria e que, desde ano passado, sou hóspede em sua residência durante minha viagem nesse período de férias. Foi uma alegria imensa lhe reencontrar. No outro dia bem cedo fomos à feira na praça central da cidade.

Nos dias 17 e 18 de julho fiquei em Canudos e participei das atividades do centenário de nascimento de José Calasans. Um dos historiadores que mais contribuiu com suas pesquisas para a compreensão da história da Guerra de Canudos, Antônio Conselheiro e seus seguidores. Foram algo em torno de 50 anos de dedicação aos estudos sobre Canudos, interrompidos em 2001 quando veio a falecer, mas que deixou uma vasta contribuição enquanto professor e pesquisador.

A expedição Calasans a Canudos é parte da programação do centenário que compreendeu as seguintes atividades: 17 de julho às 16h- recepção no memorial Antônio Conselheiro – UNEB a comitiva de pesquisadores, escritores, poetas, cineastas e conselheiristas diversos que vieram de Salvador, Aracaju e cidades vizinhas que vieram participar do evento; às 20h- sessão solene na Câmara de Vereadores de Canudos em homenagem a José Calasans, com a presença dessa comitiva, vereadores e o prefeito de Canudos, Madalena, filha de Calasans e o público em geral. Em seguida apresentação musical com Fábio Paz.

No sábado dia 18 a programação começou por voltas às 8h com a exibição do documentário de Claude Santos sobre a memória de Canudos, às 9h, visita ao Parque Estadual de Canudos, com inauguração do cenário “Os Memorialistas”, 15h - Mesa Redonda no pátio do memorial, no qual tive oportunidade de participar realizando intervenções, e as 20h:30min- Apresentação da Companhia de Teatro de Canudos.
Foram dois dias de muito aprendizado e troca de experiências na perspectiva de uma maior integração Quixeramobim x Canudos no contexto atual tendo como referência os percursos de Conselheiro.

No domingo dia 19, acompanhado do amigo Zé Raimundo (Carapina) fui conhecer a Serra do Cambaio e Lagoa do Sangue, locais no qual aconteceram conflitos na segunda expedição da Guerra de Canudos. A Serra do Cambaio de fato, é um local estratégico com trincheiras naturais e outras construídas pelos jagunços para atacar as tropas militares que vinham de Monte Santo pela estrada de Uauá. Sem contar com a visão privilegiada que os conselheiristas tinham, tanto dos soldados que vinham pela estrada de Uauá, bem como acenar para Canudos quando de alguma ameaça. Da Serra do Cambaio avistava-se Canudos. Pena que esses locais sejam em propriedades particulares, sem sinalização ou trilhas para visitação do público interessado. O acesso ao Cambaio atualmente está difícil. Mesmo assim fui, pois queria realizar esse desejo e de fato a visão estando lá é muito bonita.

Descendo da Serra do Cambaio fui conhecer a Lagoa do Sangue logo ali nas proximidades. Local de combate entre os seguidores de Conselheiro e as tropas do exército. Lá tem um marco simbolizando esse episódio.

De volta para Canudos, passei em Bendegó em busca de notícias do meu amigo Manuel Travessa e para minha surpresa ao chegar a seu restaurante fui informado que ele não estava mais por lá. Encontra-se doente, ficando na sua residência na Canudos Velha, onde se encontra o museu que ele organizou. Lamentei bastante não ter ido visitar o amigo.

Seguindo viagem de Bendegó a Canudos passei pela Umburana. Visitei a casa onde nasceu João de Régis, cidadão de Canudos e brilhante memorialista da história do seu povo. Atravessando o rio das Umburanas fui ao local onde supostamente tenha sido enterrado Moreira César, o famoso “corta cabeça” do exército brasileiro que tanto queria almoçar em Canudos e morreu em combate.

Terminei minhas visitas no domingo deliciando um bode assado no restaurante de Dona Terezinha na praça central de Canudos, espaço onde acontece a feira toda sexta-feira.

Na segunda feira, 20, fui conhecer Jeremoabo, que está localizada há 96 km de Canudos em direção a Sergipe, local de onde partiu a tropa do General Sarvaget na quarta expedição para destruir Canudos. No percurso passei por Canché e Água Branca, comunidades a margem do rio Vaza Barris, locais onde possivelmente tenham passado as tropas em direção a Canudos em 1997.

Na terça, 21, segui bem cedo para Euclides da Cunha, onde lá estava me esperando o amigo Carlos Carneiro para seguir viagem em meu percurso pelo sertão baiano. Como o mesmo devido ao trabalho não pôde me acompanhar, designou nossa amiga Simone, que já conhecia desde ano passado, para cumprir essa missão, no qual fiquei muito grato pela sua disponibilidade e gentileza de viajar comigo para Tucano, Pombal e Cícero Dantas, antigo Bom Conselho, local no qual Conselheiro ajudou a construir a Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho, padroeira da cidade, no qual tive a alegria de conhecer. Todos esses lugares foram caminhos de peregrinações de Antonio Conselheiro em solos baianos. Ainda tem outros lugares que ainda falta visitar e quero fazer em breve nas próximas férias.

Para terminar o dia antes de retornar para Euclides da Cunha, fui conhecer Caldas do Jorro, distrito de Tucano, um balneário turístico que recebe diariamente muitos visitantes em busca de suas águas quentes que jorram ininterruptamente, pois foram perfuradas com 1861 metros de profundidades quando em 1949 os estrangeiros faziam pesquisa pela região em busca de petróleo. Lamento não ter levado acessório de banho, espero voltar para aproveitar esse espaço agradável de lazer do sertão baiano.

Na quarta-feira 22, eu e o amigo Carlos Carneiro fomos rever a nossa amiga Lyra e sua mãe Ana em Monte Santo, cidade que tenho muita admiração, pois me transmite uma paz e alegria sem explicação. Dessa vez não subi monte do santuário da Santa Cruz, mas aproveitei para revisitar alguns espaços da cidade como a Igreja Matriz, praça central onde tem a estátua de Conselheiro, uma réplica do canhão da guerra de Canudos e alguns casarões que ainda resistem no centro histórico da cidade. Visitei o espaço artesanal no centro da cidade e conheci o poeta José de Jesus Ferreira, o Zé Poeta, que me passou muitas informações sobre minhas próximas viagens que pretendo fazer pelo sertão baiano. E claro, não poderia deixar de comer um bode assado da Churrascaria Terraço, mas dessa vez levei o bode para a casa de nossa amiga Lyra que nos ofertou um gostoso almoço, além de uma amostra grátis de seu trabalho de massoterapia. Muito relaxante, aliviando o estresse do dia a dia, eu recomendo. Só lamentei a amiga Cristiane Lima não estar em Monte Santo, mas compreendo sua ausência.

Na quinta, 23 de julho, depois de um dia chuvoso em Euclides seguimos eu e Carlos Carneiro para o povoado de Maceté, para rever os amigos e participar da reunião do coletivo de jovens daquela comunidade. Agradeço a hospitalidade de todos, além do cuscuz servido na escola após a reunião e o café da manhã de sexta-feira na casa de Marília com pão produzido na padaria de seu pai, foi maravilhoso. É sempre uma alegria voltar a Maceté, pois foi de lá depois do fogo do Viana que em maio de 1893 que Conselheiro e seu grupo seguiram para Canudos e lá instalou em junho do mesmo ano o Belo Monte.

Retornei para Euclides da Cunha na sexta-feira, 24, para prestigiar o espetáculo “Sonho de um palhaço” dirigido pelo amigo Carlos Carneiro que estava competindo na mostra euclidiana de teatro, onde ganhou na categoria de melhor ator. Além de aproveitar a noite fria de Euclides com os amigos na praça principal da cidade.  No dia seguinte retornei para Canudos ao meio dia, para no fim de semana visitar alguns amigos e comer um bode assado no Mirante do Conselheiro na companhia do Poeta Zé Américo.

Na segunda-feira, 27, passei o dia na Toca, local da roça de Dona Bebé nas proximidades da Toca das Araras que ainda não conheço, mas ainda desejo visitar. Na terça feira, 28, realizamos contatos e articulações para a Romaria de Canudos que este ano terá uma maior representatividade de Quixeramobim. E no dia seguinte, 29, bem cedo às 5h da manhã deixei Canudos em direção a Quixeramobim.

No próximo ano na terceira expedição desejo conhecer outros percursos do Conselheiro: Itapicuru de Cima, Crisópolis, Cipó, Nova Soure, Olindina, Aporá e Alagoinhas. Estes devem ser meu destino no sertão baiano nas minhas próximas andanças pela região. Até a próxima expedição!

Neto Camorim-Historiador e Integrante da Ong. Iphanaq.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

PAPO CULTURAL EXIBE CURTA “MEMÓRIAS DO BAIRRO” E REALIZA DEBATE COM SUAS IDEALIZADORAS

Aconteceu neste dia 26 de junho o 52º Papo Cultural. Neste papo esteve presente Sara Oliveira e Mayara Albuquerque onde apresentaram o curta “Memórias do Bairro” retratando a história do Bairro Vila Betânia. O trabalho ora apresentado foi uma iniciativa da escola de Ensino Fundamental José Carneiro através do Programa Mais Cultura nas Escolas.
A princípio as realizadoras do vídeo Sara Oliveira e Mayara Albuquerque fizeram uma rápida apresentação do trabalho e em seguida aconteceu a exibição do documentário. Durante todo o trabalho foi apresentado muitos personagens, que contaram a história a partir de seu olhar, trazendo presente as mudanças ocorridas no bairro Vila Betânia ao longo do tempo.

Após a exibição ocorreu uma mesa de debates sobre o documentário onde várias pessoas participaram fazendo elogios ao trabalho apresentado, destacando principalmente a qualidade da produção e a importância do resgate histórico feito pelas pessoas em seus depoimentos no vídeo. Entre essas pessoas estava Maria Francisca do Carmo (Titiá), uma das primeiras catequistas da Paróquia de Santo Antonio e que já esteve presente contando um pouco de sua vida no Papo Cultural.
Muitos comentários foram feitos destacando como a vida no bairro é dinâmica e, principalmente a importância do Açude da Comissão para toda a população do bairro. Outro destaque importante foi à participação das crianças na produção do trabalho e da própria comunidade escolar que se envolveu no projeto.

Texto
Ailton Brasil – Presidente da Ong. Iphanaq

Fotos
Edmilson Nascimento

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Artigo: Com Marcílio, em viagens

Foto: Elistênio Alves/Arquivo Iphanaq
Com meu amigo Marcílio, seguir com os afetos que ele nos entregou, a carregar. Doação, sem nada cobrar. O prazer na boa conversa, em um caminho aberto à amizade feita no lugar que converge nossos passos, de uma história com os outros. Passos que passam a ser nossos, e assim os tomamos para nossa caminhada.

Além da emoção, logo após, foi uma ideia que veio logo ao receber a notícia sobre sua viagem maior. Ela fica sendo a penúltima, ao tempo em que ele, Marcílio, chega a passear em nós, de maneiras que vamos descobrindo. É o que vem e fica dos grandes viajantes, quando conseguimos pensar após a emoção forte do impacto da notícia, motivo de não escrever antes. Como disse a jornalista e professora Eleuda de Carvalho, ao saber dessa viagem, “é um pedaço da nossa memória que passa ao silêncio e ao eterno”. Ela que, pelo trabalho em viagem, tomou afeto por Marcílio, compartilhando lugares com ele, pela voz, pelos cadernos. “Antônio Vicente Mendes Maciel foi uma chama viva e vivificada por seu parente afável e bom”, disse ainda Eleuda, encruzilhando as veredas dos dois, bifurcando mundos, lembrando ela dos peixes partilhados por Marcílio.

Do Marcílio da Rua da Cruz me falaram primeiro os amigos que por lá moravam, que com ele conversavam à noite, tecendo as dimensões um tanto ocultadas na cidade falante em pogresso, no seu embotar de poderes que são novos apenas como se anunciam.

Exterior e Interior – No passo solidário um tanto encoberto, Marcílio foi cativando amigos, na cidade e entre aqueles que a visitavam, como artistas, jornalistas e pesquisadores. Além da querida Eleuda, recordo-me do contato com o professor Paulo Emílio, grande pesquisador e entusiasta do Belo Monte, território que este, tornando-se amigo, reconheceu no Maciel com quem passou a conviver, trocar correspondências. Fogo de vida, como em um texto que escrevi, uma exposição não mostrada de fotos, mas que com Ele, Marcílio, logo saltou dentro de nós para habitar um interior movente de cada um.

Voz forte, bela, coração maneiro, sentidos argutos. Assim viveu e assim está Marcílio no filme “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”, em uma das conversas com o documentarista baiano Antônio Olavo, onde está, como em dimensão divina, com sua adorada mãe, Dona Zefa. Ou na tela de Alexandre Veras e seus alunos, como Elistênio Alves, falando com seus contemporâneos – no tempo e não todo tomado por ele – sobre o amigo Conselheiro, sempre especial para Marcílio, a partir de quem lançou uma dimensão diferenciada de família: do sangue e do mundo íntimo, mas para além deles, extravasando qualquer enquadramento de câmera nesse sentido.

Por essas ruas, no Riacho da Palha, rompendo a separação de tempos com sua voz, seu narrar. Também confuso e confundido no caótico da cidade, modernidade de onde ele falava sem se render a lamentos, mas reconhecendo esse lugar para interroga-lo a sua maneira, trazendo algo a friccioná-la, como se a espremesse e, mesmo sofrendo, nos sacudisse para perceber algo mais. No Riacho da Palha de Helena Maciel, em combate com Araújo. Um golpe na carótida, o que saía da voz de Marcílio, narrando, interrompendo nossa suposta concentração, na minha retina e na de Weynes Matos, estendida com a câmera os sentidos. Em um descampado tomado por casas e comércios, papeis passados ouvindo buzinas e sentindo odor sem agrado, subindo aos pontilhões. E lá Marcílio, conosco e seus tantos outros, em quentura na moleira, braços longos, calças compridas, pele e alma bronzeadas de ternura. Seu jeito de pastorear, de caminhar conosco.

Afetos – Rapaz solteiro, como se efinia, foi acompanhado pelos familiares em seus penúltimos dias, a partir da irmã Vilani. No decorrer da vida, acompanhou com carinho os seus mais próximos, de quem tanto gostava, como o irmão, e principalmente a mãe. Foi mencionando-a que se desculpou por não poder ir a Canudos, em 1997, muito agradecendo o convite que recebia. Mandava suas lembranças, desejando boa viagem à terra que afetivamente dividia com os amigos, rompendo fronteiras geográficas, fazendo um limiar sempre possível, na condição de narrador. Antes às agruras do dia a dia, demostrava alegria com a notícia do aposento, e mandava dizer pela minha mãe que as coisas haviam caminhado bem, agradecendo a torcida que tínhamos para o que o iria dar alguma tranquilidade. “Depois vou ajeitar uma galinha gorda pra vocês”, soltava a voz entre firmeza e riso.

E em uma lacuna de carnaval, um amigo que, pelo azar de ‘prego’do carro, dava a sorte, pelo menos, de poder encostar perto da casa de Marcílio, para ouvir: a culpa toda foi do Prudente de Morais, um portal para a prosa sem um começo e um final. E também Marcílio, na Igreja, em calçada, ao lado da irmã, da sobrinha, com velhos e sempre novos amigos. Com alguns deles fiz caminho, nas páginas da Revista Entrevista, do Curso de Comunicação da UFC, fotografado e abraçado pelo amigo e professor Ronaldo Salgado. Com muita felicidade, brindamos essas páginas, compartilhadas aos leitores.

Mas o que primeiro entra em minha memória, quando em mim percorrem tais lembranças, é a imagem do cachorro que, durante a entrevista, no hotel fazenda, aproximou-se do punhado de pessoas e escolheu sentar nos pés de Marcílio. E ali se aquietou, no prazer tranquilo de ser acarinhado pelo narrador, que descaroçava palavras entrecortadas pelo tempo.

E viva Marcílio! Que está com Deus, e esteja conosco.

Por
Danilo Patrício
Jornalista, doutorando em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

CINECLUBE IPHANAQ REALIZA EXIBIÇÃO NO ASSENTAMENTO PITOMBEIRA

O Cineclube Iphanaq esteve com Aílton Brasil, Edmilson Nascimento e Neto Camorim, coordenador do cineclube, no Assentamento Pitombeira, 10 km de Quixeramobim, realizando pela primeira vez exibição de cinema naquela comunidade. Na ocasião foi exibido o documentário “Migrantes”.

Produzido em 2007, fruto de parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o documentário mostra a hipocrisia do discurso da “modernidade” autoritária na zona rural do Brasil, expondo realidades dos migrantes nordestinos e as condições trabalhistas desumanas de cortadores de cana, que saem do Piauí, Maranhão e de outros Estados. São migrantes brasileiros que deixam suas famílias e desabam pra São Paulo. Vai todo mundo “pro corte de cana”. Seu Luiz, do município de Codó, no Maranhão, é um deles. “Não sei se eu vou, não sei se eu não vou, meu Deus. Aí fica naquela, sabe? Mas que vai resolvendo eu ir”, conta em seu depoimento no filme.

Separações
- “Por mim ele não ia não”, conta a bem-humorada sogra de Luiz, Tereza. “Eu acho dificultoso ele pra lá e nós pra cá. A mulher dele fica aí sofrendo”. Quando foi pela primeira vez, ela completa, chegou “magrinho, magro demais”. Luiz argumenta: “Na idade que eu tô, pra ir não é porque eu queira. É por necessidade. Porque se eu não ir, aqui não tem como me ajudar meus filhos. De maneira alguma”. Essa é dura realidade de Luiz e de outros milhares de cortadores de cana-de-açúcar é tema deste filme que mostra uma realidade pouco conhecida. Os jornais, TVs e revistas costumam destacar a “modernidade do campo” e o desenvolvimento agrário brasileiro – automatizado, justo e sem grandes problemas, cuja principal ameaça seria os grupos de trabalhadores politicamente organizados.

Outra realidade destacada no documentário são as famílias despedaçadas. A busca pela sobrevivência dá lugar, nas cidades de origem, à saudade e à tristeza de viver em uma família sem pais ou irmãos. Ficam apenas as mulheres, crianças e aposentados. São filhas, mães, esposas, cada qual sofrendo à sua maneira. Essa situação é muito triste, mas infelizmente ainda acontece, inclusive aqui em nossa região, onde muitos jovens ainda vão todo ano pro corte de cana em busca da sobrevivência. Assim comentou Ruth dos Santos, estudante, moradora da comunidade, durante o debate após o filme.

Espaço de lazer e debate – Na ocasião, ela também agradeceu a presença do cineclube na comunidade e disse que está sempre à disposição para outras exibições em outras oportunidades. As pessoas hoje, sejam elas da cidade ou do campo, quase não têm opção cultural. E um cinema que proporciona debate sobre a realidade e outros contextos é muito importante”, frisou a jovem Ruth.

O projeto Cineclube é uma ação da ONG Iphanaq, que a cada mês realiza exibição de cinema nacional nas comunidades de Quixeramobim. Tem o apoio cultural do SESC-Ler e do Sistema Maior de Comunicação.

Neto Camorim – Historiador e Coordenador do Cineclube e Integrante da ONG Iphanaq.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Papo Cultura de maio recebe Marcelo Matos, Coordenador do MST

O 51º Papo Cultural recebeu na última sexta de maio, dia 29, um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcelo Matos. Atualmente Marcelo é um dos coordenadores da “Brigada Antônio Conselheiro”, região política do MST, sediada em Quixeramobim.

Natural de Quixadá, mas hoje com título de cidadão quixeramobinense, Marcelo morou na Fazenda Triunfo, em Quixadá, e esteve um período com sua família em São Paulo, Ibaretama, mas retornou a morar em Quixadá. Aos 11 anos de idade, o ativista participou da primeira ocupação de terra de sua vida, que se deu entre os municípios de Aracoiaba e Ocara. Com o passar do tempo, ele participou do setor de juventude do MST e, posteriormente, do setor de comunicação. Mais tarde, cursou Comunicação Social, fazendo parte da primeira turma de Jornalismo da Terra na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Falando da trajetória do MST, Marcelo fez um relato histórico dos movimentos populares no Brasil ligados à terra, destacando Canudos, Contestado, Caldeirão e as Ligas Camponesas. Movimentos percussores da luta pela terra, mas que foram isolados ao longo de suas lutas.
O dirigente falou um pouco dos líderes, destacando principalmente Antônio Conselheiro e o Beato Zé Lourenço, lembrando que a Igreja Católica, através da Pastoral da Terra, foi uma instituição que a princípio apoiou o surgimento do MST, no Rio Grande do Sul.

Ocupação x Invasão – Noutro momento do Papo, Marcelo destacou que o processo de luta pela terra se inicia com a ocupação de um latifúndio. Ele explicou a diferença entre ocupação e invasão, como é nomeado pela maior parte da mídia brasileira. “Lembro que, segundo a nossa Constituição, a terra tem que cumprir sua função social e, caso isso não ocorra, deve ser destinada para fins de reforma agrária. Como não há boa vontade dos governos, os trabalhadores ocupam a terra para forçar a desapropriação do latifúndio”, destacou.

Assim surgiu o MST em 1985, tendo como primeiro lema “terra não se compra, se conquista”. Ao longo desses 30 anos de existência, o Movimento tem sofrido diversos ataques da grande mídia, do empresariado e principalmente por parte dos agentes do Agronegócio, concentrando muita terra e assentos no Congresso Nacional, tentando barrar o processo da reforma agrária no Brasil.

Marcelo destacou também outros fatores importantes para que o MST tenha conquistado tanto espaço. Entre eles está o não isolamento, articulando-se com outros movimentos sociais brasileiros e internacionais, formando a Via Campesina. Segundo Marcelo, além da conquista da terra, a luta pela educação tem dado ao MST uma base sólida ao Movimento, conquistando vários cursos para o processo de formação dos agricultores e dos militantes. Os cursos vão das séries iniciais até à universidade.

Solidariedade – Outra característica do Movimento é a solidariedade. O MST tem contribuído na luta de vários povos do mundo, manifestando-se contra o processo de destruição dos mesmos, como no caso dos palestinos, e na luta pela reconstrução do Haiti.

Marcelo chamou a atenção para outro dado importante: cerca de 70% da comida que chega à mesa do povo brasileiro vem das áreas de reforma agrária, enquanto que a maior parte do que o agronegócio produz é exportado.
Durante o papo, Marcelo fez várias críticas ao governo federal, destacando que o papel de reivindicação e mobilização tem se dado no processo de luta e, conforme ressalta, as conquistas do movimento vão para além das classes camponesas.

Ao encerrar o Papo, Marcelo lembrou que a luta pela terra é marcada pela solidariedade e, em seguida, recitou um poema de Bertold Brech, para encerrar sua fala.

Texto – Ailton Brasil, Presidente da ONG Iphanaq
Fotos:  Edmílson Nascimento
Direção: ONG Iphanaq

Noite Cultural no Liceu recebe curta: “A Bola, O Trem e O Rádio”

O documentário dos alunos do curso Patrimônio na Tela, de Quixeramobim, ganhou mais uma exibição, desta vez na I Noite Cultural do Liceu Alfredo Almeida Machado, na última quinta-feira, 28.

O Documentário “A Bola, O Trem e O Rádio”, retrata um pouco da história do radialista Viana Filho, que possui traços de vida ligados à antiga RFFSA, o futebol e o rádio. Com gravações e produção totalmente quixeramobinense, o filme tem duração de 18 minutos, com direção do aluno Elistênio Alves.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Artigo: Alô, Viana Filho!

Viana Filho ao lado de seu fiel escudeiro do Brega da Cristal, Mortadela.
Nesta sexta-feira, 24, fui convidado para participar do projeto Papo Cultural em sua edição de número 50. Não só eu, mas outros amigos do Patrimônio na Tela também estiveram presentes, dos quais destaco Dimitra, Nascimento e Sara, que participaram das filmagens do documentário sobre a vida de Viana Filho.

Foi um momento ímpar. Assim como em sua primeira exibição, na Casa de Conselheiro, aquele espaço reservava mais uma noite de emoção. Fomos da ideia inicial até o produto final. Abaixo uma descrição sobre o nosso personagem. Escrevo com a ajuda do amigo Danilo Patrício, sobre o amor de Viana pela bola, pelo trem, e pelo rádio.

Sobre Viana (Melodia)
Um repórter visceral e um agitador cultural, no mais intenso que essa expressão possa propagar. Aquele que agita a vida inventando coisas, mais notadamente pelo futebol, que faz projetar num espaço entre o profissionalismo por nós sonhado, distantes dos centros econômicos, e respondido com nossa interpretação matreira na forma de arte, que permite interpretar vestindo uniformes. Vestimentas que dão um caráter simbólico e importante ao trabalhador braçal, à maioria que faz o futebol em cidades e povoados como os nossos, espalhados pelo Brasil.

Divulgador de campeonatos que realizou e realiza até hoje. Campeonatos como o de Tunísia, na Zona Rural de Quixeramobim, onde sempre com fartura e ternura é recebido pelos irmãos Pepe, Bula e Boxó, que capitaneiam o Bangu de Tunísia. Craques do Sertão. Muito além de dirigentes, pessoas outras, como Fransquinho Pereira, Seu Luíz, Lídio, Tochinha, Ribamar Peba, que dão um sentido à vida pelo futebol, embalado pelo rádio, guiado por Viana, chegando ao lúdico e vivenciando com fantasia os sentimentos, rudes e nobres, que nos ligam tão intensamente pelo esporte.

Viana é 'pelejante' do dia a dia, esforçado para colocar seu programa no ar, ditas as dificuldades que ainda enfrenta até hoje para lidar com a rebeldia às emissoras e com as ¨otoridades¨, com quem trava pelejas menos estimulantes, e a quem nada deve, com o agravante da tentativa de alguma medida ser passada como favor.

Na medida em que vemos um Viana amigo dos chamados dirigentes, sendo todos, antes de desportistas, vibradores da folia que é o radiofutebol, estamos de certa forma falando de um inventor. Viana tem alguns rumos no formato esportivo, mas nunca uma camisa de força. Por vezes o radialista é radicalmente experimental.

O repórter é contador de causos, histórias e lambanças que envolveram diversos personagens do futebol de Quixeramobim, dentre eles o Jolí, Boquita, Maurício, Catolé, Rama, Turica, Tachiquim, Bozó, Edilson Barbeiro (in memória), Laudelino de Algodões, Tarcísio da Cacimba Nova, entre outros. Viana é um ponta direita como Garrincha, ou mesmo Xerém, do Flamengo do Quinim, tem a calma de Gerson, ou Neto Sabugo. Vejamos qual a melhor jogada para a escrita da voz, fazendo com que as estórias cheguem a outros leitores e se tornem eternas. Na verdade nós somos jogadores a digitar o que o treinador Viana ditar.

por
Elistênio Alves (colaboração texto melodia Danilo Patrício)

Instituto Antônio Conselheiro (IAC) recebe exibição do documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”

O documentário “A Bola, o Trem e o Rádio” ganhou mais uma exibição na manhã desta segunda-feira, 27. Desta vez a exibição aconteceu no Instituto Antônio Conselheiro (IAC), para monitores e colaboradores.


O filme casou justamente com a temática trabalhada pelo IAC, que é a Zona Rural. Muitos dos que assistiram ao filme se viram representados na película porque eles também fazem parte do futebol de várzea, muito bem exemplificado.

O documentário conta a história do radialista Viana Filho, que tem laços de vida ligados à antiga REFFSA, o futebol e com o rádio.

Foto: Sara Oliveira

Papo Cultural de número 50 faz uma viagem no mundo audiovisual

O projeto Papo Cultural celebrou um número significativo na última sexta-feira, 27, na Casa de Conselheiro. Foi a quinquagésima (50ª) edição do Projeto, que tem como foco conversar com personalidades que contribuem com seu trabalho, seus conhecimentos e seus saberes diversos, para a difusão do patrimônio histórico e o desenvolvimento cultural e educacional em Quixeramobim e na Região.

Para festejar a data, a ONG IPAHANQ, organizadora do evento, convidou os alunos do projeto Patrimônio na Tela, para mostrarem um pouco de suas produções audiovisuais desenvolvidas a partir do projeto. Foram apresentados ao público o documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”, e ainda falas sobre o filme “Damas de Barro”.
Em Equipe - Os alunos do curso - Elistênio Alves, Dimitra Queiroz e Edmilson Nascimento - mostraram um pouco do trabalho de produção e concepção da ideia do filme “A Bola, o Trem e o Rádio”. Foi um momento de apresentação das primeiras entrevistas realizadas, ainda no processo de pesquisa com o personagem que carrega a história do vídeo, o radialista Viana Filho.

Os alunos mostraram um pouco dos momentos ‘extra’ gravações, e ainda o cronograma de filmagem e a opção visual do filme para chegar ao produto final. Além disso, o momento foi propício porque o próprio filme sofreu influência forte do projeto Papo Cultural, pois o interesse de filmar o Viana como personagem surgiu após apresentação do mesmo na edição de número 16 do Projeto.
As alunas do Patrimônio na Tela - Mayara Albuquerque e Maria Auricélia - também falaram no Papo. As duas falaram do processo de edição e da fase atual do filme “Damas de Barros”. A película filmada na localidade de Poço Grande contará a história de quatro senhoras que trabalharam com barro, as chamadas ‘louceiras’. O produto deverá ser lançado em junho, durante a Noite Reimosa, evento já anualmente marcante, articulado por membros da ONG IPHANAQ.

Fotos: Edmilson Nascimento e Neto Camorim

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Poço Grande recebe exibição do CINECLUBE IPHANAQ

No último dia 15 de abril, a comunidade de Poço Grande, sede rural de Quixeramobim, recebeu a caravana da ONG IPHANAQ para mais uma exibição de cinema pelo Sertão, com o projeto CINECLUBE IPHANAQ. Na oportunidade os moradores assistiram dois filmes ligados à área do esporte.
As duas produções apresentadas foram produzidas no Ceará. A primeira delas foi “Loucos de Futebol”, do cineasta Halder Gomes. O filme retrata o amor de um torcedor por seu time. Halder é cearense, natural de Senador Pompeu, e mostrou em seu filme a paixão sua e de milhares de loucos pelo time do Fortaleza. As gravações aconteceram no entorno do Estádio Castelão, antes mesmo da reforma para a Copa do Mundo de 2014. O documentário é também uma homenagem para seu primo, que morreu em decorrência de violência causada por torcidas rivais.
A segunda apresentação foi o documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”, da turma (2014) do projeto Patrimônio na Tela. O filme retrata um pouco da vida do radialista Viana Filho. O personagem é uma figura do imaginário popular da cidade. Sua vida é marcada pelo trabalho na infância como telegrafista de trem, depois pela inserção no mundo do futebol e em seguida no meio do rádio, sempre marca na trajetória. Viana é mostrado narrando jogos de várzea no interior, uma das principais características da película. Logo após a exibição, foi aberto um pequeno debate sobre a construção do filme.

Texto: Elistênio Alves
Fotos: Neto Camorim e Edmilson Nascimento

terça-feira, 24 de março de 2015

Conselheiro Vivo: ações e pelejas no mundo

“Artes para escrever histórias” foi o tema do Conselheiro Vivo 2015, evento realizado anualmente na cidade natal do Beato Antônio Conselheiro, pela ONG Iphanaq, em parceria como o SESC-Ler, Prefeitura e Câmara de Quixeramobim, Sistema Maior de Comunicação e outros apoiadores. Evento este para o qual a Cia. Teatral de Canudos se programa todo ano, desde cedo, para poder fazer parte da programação, enviando oficio solicitando o transporte à Prefeitura Municipal de Canudos, com intuito de diminuir as despesas para a equipe e demais artistas que se juntam à delegação para, na cidade anfitriã, contarem histórias por meio da arte. Tal escrita é, para nós, como as dores, chagas abertas do cotidiano, ao tentarem manter uma arte popular onde poucos valorizam ou querem o seu avanço. São marcas que deixam cicatrizes vivas na epiderme dos artistas, que desejam mexer com a memória do Conselheiro, a história de Canudos e a garra de um povo persistente, embora poucos percebam isso!

A escassez de apoio ou recursos tem sim desestimulado o referido grupo, mas não a ponto de fazer desistir, embora isso possa acontecer, pois todas as alternativas parecem se esgotar. Os editais, que deveriam descentralizar e facilitar o fomento à Cultura, são cada vez mais burocráticos e excludentes. As organizações dos eventos que convidam informam possuírem um orçamento pequeno. Entes federados, sejam eles os anfitriões ou o da sede do grupo, não dispõem, segundo eles, de recursos para o deslocamento, acomodação, alimentação e cachê ao grupo artístico, que se sufoca cada vez mais, sem estímulo, perecendo com um individuo perdendo o ar na ânsia da morte.

Caminhos e práticas – Esta angustia não está tão somente no elenco da Cia. Teatral de Canudos, mas de todos os artistas que residem nesta histórica cidade, Canudos, e que merecem do Governo uma reparação pela história, memória e cultura que são levadas daqui para o mundo. Que se façam editais, programas, projetos e iniciativas diferenciadas, e exclusivas, para estes que levam ou tentam levar Canudos para o resto do mundo.

Os “urubus” parem de vir a Canudos no intuito de fuçar a “carniça”, pois ultimamente é o que está acontecendo. Muitos aproveitadores vêm, usurpam da história, do conhecimento local, da memória, da cultura, produzem seus bens em todas as linguagens e novamente vão-se embora, sem retorno ou valorização para este povo, que contribuiu, muitas vezes de graça, quase sempre em troca de um mísero lanche. Basta!

Véspera da viagem à Quixeramobim, a Cia. Teatral de Canudos foi ao comércio local na tentativa de angariar dos lojistas uma ajuda para a alimentação da trupe, no trajeto entre as duas cidades. Mesmo com muitas dificuldades enfrentadas no comércio canudense, houve uma contribuição acompanhada de comentários, que muito lisonjeiam qualquer artista, referentes ao trabalho realizado, visto na comunidade com relevância, frente à ampla divulgação do município e da história que o mesmo imprime no cenário do Brasil.

Viagem: encontros e emoção – Dia 11 de março, às 03h, a Cia. Teatral de Canudos, junto com o Poeta José Américo Amorim e José Raimundo (Jhon Cat), iniciam o percurso inverso feito por Antônio Vicente Mendes Maciel. Após enfrentarem 10 horas de viagem, o Poeta Zé Américo lança o seu mais novo trabalho, “Estalo da Caatinga”, na presença de uma mesa e de um público repleto de canudenses e quixeramobienses, na sala da Casa do Conselheiro. Na oportunidade de falas, Jhon Cat antecedeu ao poeta, que emocionado exibiu um vídeo sobre a comunidade quilombola em Canudos.

Após o lançamento, secretários, vereador, intelectuais e autoridades local se pronunciaram falando da importância do evento e do intercâmbio das cidades onde nasceu e posteriormente morreu o seu filho mais ilustre. Segundo Dona Terezinha Oliveira, “o encontro Quixeramobim e Canudos já se incorporou ao Conselheiro Vivo”. Para a mesma, “a influência do místico Antônio Conselheiro tem oferecido aos sensíveis trabalhos destes artistas uma carga de emoção que cativa e apaixona aos espectadores”, acrescentando que “foi um grande prazer conhecer José Américo e todos de Canudos”.

Neste mesmo dia, pela manhã, aconteceu a Feira da Agricultura Familiar, onde também DJs de vinil comercializavam os “bolachões”, ao som de músicas discotecadas  pelos artistas e também professores Antônio Carlos Lemos da Cruze João Paulo Barbosa. Enquanto isso, nas escolas da rede municipal e estadual, os alunos produziam textos explorando a temática “Memórias de Antônio Conselheiro”, auxiliados por João Pedro do Juazeiro, xilogravurista e poeta, e o cordelista Arievaldo Viana. Houve também a sessão solene da Câmara Municipal, com a entrega da Comenda Antônio Conselheiro.

Do rádio para o mundo – Às 13 horas, como acontece todos os anos, em todos os dias do Conselheiro Vivo, a Canudos FM realizou o especial “Conselheiro no Rádio”, com entrevistas, bate-papos e informações, com os diversos convidados e participantes do evento, apresentado por Neto Camorim, que realiza produção com Elistênio Alves. Entre eles, estive, como Diretor da Cia. Teatral de Canudos, juntamente com José Raimundo (Jhon Cat) e o Poeta Zé Américo. “A Companhia Teatral de Canudos está aqui mais uma vez, e espero que isso se repita muitas vezes, sua presença na programação do Conselheiro Vivo, nas próximas edições, como tem acontecido nos últimos três anos.

A presença do grupo de teatro, e dos demais canudenses no evento, só contribui para a integração que precisa aumentar mais ainda entre Quixeramobim e Canudos, pelo elo e mística de Antônio Conselheiro. Como diz o poeta Zé Américo, a nossa luta em aproximar essas duas cidades é sempre uma trincheira a se enfrentar, em prol desse intercâmbio. Quero agradecer pelas nossa presença no Conselheiro Vivo. Vamos nos preparar para mais lutas, pois novas trincheiras virão na busca de uma maior integração entre essas duas cidades irmanadas pelo Conselheiro”. Foi o que afirmei aos ouvintes, durante o programa, considerando importante marcar tal fala nessa escrita.

Nos dias 12 e 13 aconteceram diversas atividades, nos mais variados locais, com a delegação de Canudos se dividindo entre escolas, comunidades rurais e outros locais, sempre bem recebidos, acolhidos, aplaudidos e expostos às mais curiosas indagações, acompanhados do pedagogo e eletricista Edimilson Nascimento e do Aílton, homem que não é a Bahia, nem do Ceara, mas é o Brasil que, segundo ele, cabe dentro do Quixeramobim. Aílton Brasil, presidente do Iphanaq, militante cultural e educador social, fez, com a Cia Teatral de Canudos, o motorista Djalma, o escritor João Bosco e esposa deste, o percurso para a localidade do Tigre, comunidade onde Antônio Conselheiro atuou como professor, entre a partida de Quixeramobim e a chegada a Canudos.

Desconvite? -  Cabe um parêntese antes da conclusão deste texto. Uma inquietação sobre a Comenda Antônio Conselheiro deste ano. Quero frisar antes que não se trata de desacordo ou insatisfação com os homenageados: Professora Fátima Alexandre, o escritor João Bosco Fernandes e o ex- Secretario de Cultura do Estado do Ceará, Paulo Mamede. Pelo contrário, devem ser merecedores segundo os critérios de escolha, adotados pela Câmara Municipal. Assim espero. Caso contrário, serria uma banalização com a história e a memória desse grande líder. Devem ser pessoas que estudam e promovem a história de vida de Antônio Conselheiro.

Não posso falar sobre a trajetória de pesquisa dos homenageados, pois para mim são desconhecidas. Mas do poeta José Américo, temos argumentos e passaríamos um tempo exaustivo justificando o seu merecimento em receber tal homenagem. O que não aconteceu, embora, para os baianos presentes, estivesse certo e programado este momento solene a um dos filhos de Canudos. Foi constrangedor a desagradável surpresa para os que estiveram com o poeta, saber que o mesmo não foi homenageado.
Tendo em vista a previsão deste acontecimento, o mesmo enviou uma série de informações antecipadas, o que não ocorreu com a Instituição parlamentar, sem informar ao mesmo que ele não mais seria homenageado. Houve falha na comunicação da Câmara Municipal de Quixeramobim, sem falar no desrespeito, por não dar ao mesmo uma justificativa. Não queremos acreditar numa “gentileza” política, até porque isso desonraria o merecimento a quem fosse receber a Comenda.

Algumas indagações não obtiveram respostas e nem entenderemos se não as tivermos. Por que suspenderam a homenagem ao poeta? Por que não avisaram justificando a suspensão? Quando soubemos, através do Iphanaq, era quase véspera da viagem. Que motivo desacorda os critérios impossibilitando o poeta de não receber a Comenda, percebido pela Câmara Municipal? A informação que recebemos foi que a Câmara Municipal, através de seu presidente, Everardo Júnior, sabia da escolha do poeta Zé Américo desde reunião, em fevereiro, com a Secretaria Municipal de Educação.

Triste para quem conhece as obras, a performance e a dedicação do Zé Américo, o cuidado, respeito e amor para com a memória do seu “padim” Conselheiro, como ele mesmo costuma dizer. Enfim, foi lamentável, triste e decepcionante.

Proposta de ação - Na ultima noite, o encerramento foi na casa onde nasceu Antônio Conselheiro, com a derradeira Mesa Redonda, ministrada pelo Prof. Dr. Paulo Emílio Matos Martins (UFF), concluindo as comemorações, onde lançou a ideia de funcionamento do Centro de Artes e Memórias do Belo Monte. Lamentamos que o prefeito da cidade, que tinha dito que estaria presente, não tenha comparecido.

Logo após, em frente à Casa de Conselheiro, ocorreram as apresentações teatrais realizadas por um grupo local, do bairro da Maravilha, e a Cia. Teatral de Canudos, com o espetáculo “Melelego”, tendo no elenco: Marcos Freitas, Adrielly Boaventura, Hudson Macedo, Edvânia Guimarães, Nigle Macedo, Viterbo Tosta, Àdhila Boaventura, Roberta Macedo, Luana Soares e Darlene Régis, com participações especiais de Jhon Cat, Israel Santana, de Euclides da Cunha, dos dançarinos Francisco Célio (Céu) e Antonius Jerfeson, do Grupo de dança Pieds Battant (pés voadores), Cia. Lamparim, com atores Francisco Elzo, Talys Antonio, Hércules Gomes e Jonh Wellington, Diretor da Cia (fundada em 2012, tendo em seu repertório os espetáculos: Contos de Farsas e Antônio Conselheiro, quem és tu? Além de oferecerem diversas oficinas, entre elas a de reciclagem, com fabricação de bonecos, animações com palhaços e o projeto fantolixos – fantoches feitos de lixo), participando ainda o professor e poeta, anfitrião João Paulo Barbosa, e o poeta canudense Zé Américo.

Assim, resta o agradecimento a todos, às prefeituras de ambas as cidades, aos comerciantes canudenses, à Universidade Aberta do Brasil (UAB), sede de Quixeramobim, a todos os funcionários desta instituição, aos docentes e discentes das escolas Damião Carneiro, Liceu de Quixeramobim, Escola Profissional José Alves da Silveira, dentre outras. À ONG Iphanaq, na pessoa do seu presidente Aílton Brasil, ao Sistema Maior de Comunicação, aos funcionários da Casa Antônio Conselheiro, aos artistas, amigos e a todos que contribuíram, direta e indiretamente, para o sucesso e a participação dos canudenses no Conselheiro Vivo 2015. De forma particular, agradeço a todas as mães e responsáveis pela confiança ao permitirem que seus filhos viajassem conosco.

Esperamos que, na Romaria de Canudos, este mesmo entusiasmo aconteça, fortalecendo os vínculos entre cearenses e baianos. Mas para isso é preciso que as gestões municipais e instituições de poder, como as Câmaras, assumam participações diretas nos eventos, como programações mais importantes relacionados a Conselheiro. Nesse sentido, a Cia. Teatral de Canudos está preparando um documento objetivando que os mesmos entrem em acordo  garantindo participação com suas delegações, tanto na Romaria como no Conselheiro Vivo, evitando o desgaste dos artistas estarem na prefeitura, casa de prefeito, de secretários… A garantia oficial passaria a ser então um compromisso das duas cidades, independente de gestor A ou B.

Postado por: Carlos Carneiro – Ator e Diretor da Companhia Teatral de Canudos-Bahia

segunda-feira, 16 de março de 2015

Conselheiro Vivo 2015: Professor Neto Camorim agradece participações

Professor Paulo Emílio (UFF) com integrantes da Cia. de Teatro de Canudos, na Casa Antônio Conselheiro
Abaixo, as palavras do membro da ONG Iphanaq, o professor e historiador Neto Camorim:

Agradecimentos ao professor Paulo Emílio
“Nós do IPHANAQ queremos agradecer ao professor Paulo Emílio (UFF) pela sua importante contribuição estando presente durante a programação do Conselheiro Vivo 2015, principalmente para efetivação da ideia de funcionamento do centro de memória e arte do Belo Monte, lançado os passos iniciais no encerramento do Conselheiro Vivo deste ano no último dia 13 de março,aniversário de Conselheiro. Sua contribuição com as doações dos primeiros documentos, desde o ano passado, e agora entregues com sua presença, a apresentação do documentário “Mais uma vez: Canudos perdão”, muito nos estimulou a cobrar do poder público o funcionamento desde importante espaço de pesquisa sobre a vida e trajetória de luta e justiça social em nosso sertão, feito por Antonio Conselheiro no século XIX, mas que precisa acontecer em nossas lutas de hoje, em prol de nossa história e memória. Vamos somar forças em busca desse objetivo.”

Poeta José Américo, na abertura do espetáculo Melelego, da Cia de Teatro de Canudos.
Apresentação da Cia. de Teatro de Canudos.
Agradecimentos Cia de Canudos
“A Companhia Teatral de Canudos esteve mais uma vez, e espero que repita muitas vezes, presente na programação do Conselheiro Vivo em 2015. A presença do grupo de teatro, e dos demais canudenses que participam do evento, só contribui para a integração que precisa aumentar mais ainda entre Quixeramobim e Canudos, pelo elo e mística de Antonio Conselheiro. Como diz o poeta Zé Américo, a nossa luta em aproximar essas duas cidades é sempre uma trincheira a se enfrentar em prol desse intercâmbio. Quero agradecer à Cia. de Teatro e seu Diretor, Carlos Carneiro, ao Poeta Zé Américo e ao amigo Zé Raimundo pela presença no Conselheiro Vivo. Vamos nos preparar para mais lutas, pois novas trincheiras virão na busca de uma maior integração entre essas duas cidades irmanadas pelo Conselheiro.

A seguir algumas fotos da apresentação do espetáculo “Melelego”, da Cia Teatral de Canudos, em frente à Casa onde nasceu Antonio Conselheiro, no encerramento do Conselheiro Vivo 2015. Belíssima apresentação sempre cheia de muita emoção, como nas atuações da atriz Adrielly Boaventura e do poeta Zé Américo, em nome de quem parabenizo todo o grupo.”



Professor e Historiador Neto Camorim, Coordenador de Projetos da ONG Iphanaq

Conselheiro Vivo – Afetos e práxis: Comitiva visita Marcílio Maciel, descendente e narrador de Antônio Conselheiro

Foto: Elistênio Alves/Arquivo Iphanaq
Seu Marcílio Maciel, sempre orgulhoso do parentesco com Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, recebeu na tarde desta sexta-feira, 13, uma comitiva formada por quixeramobinenses e canudenses. Um bate-papo bem informal, com uma conversa descontraída, foi à marca do encontro.

Embora com a saúde fragilizada, Seu Marcílio conversou sobre a Guerra e sobre seu parente Antônio Conselheiro. O encontro foi mais um estímulo para as lembranças de Marcílio, figura ímpar da vida “viva” de Conselheiro em Quixeramobim.

Trajetória - Marcílio Maciel foi pescador e agricultor, hoje aposentado, residindo nas imediações da Rua Benjamin Barroso, na Vila Holanda, no limiar entre o Centro e o início de bairros mais afastados dele, em regiões populosas da cidade. A partir das rememorações pela Guerra de Canudos (1893/97), Marcílio passou, a partir de 1997, a ganhar reconhecimento na cidade, ampliando aos visitantes sua habilidade narrativa, na dimensão de exímio contador, em fios de fascínio conhecidos por parte dos moradores que já o conheciam.

Também em 1997, esse lugar de memórias ganha repercussão pelas imagens do Documentário “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”, dirigido pelo baiano Antônio Olavo, com abertura do Boi de Reisado de Quixeramobim e voz-off do ator José Wilker. O filme traz também entrevista com Dona Zefa, mãe de Marcílio, já falecida, que em sua participação emocionante homenageia a sua maneira o parente Maciel de maior projeção.

Em 2000, Marcílio foi um dos nomes da Revista “Entrevista”, consolidada publicação do Curso de Comunicação Social da UFC, Coordenada pelo Professor e Jornalista Ronaldo Salgado. Além de Fortaleza, a edição à época foi lançada também em Quixeramobim. Em 2012, Marcílio Maciel recebeu da Câmara Municipal a Comenda Antônio Conselheiro, entregue durante solenidade especial na Casa Antônio Conselheiro. Além das narrativas orais que o notabilizam, possui cadernos que escreveu de próprio punho, sobre Conselheiro, a cidade e assuntos diversos.

Texto – Jornalista e membro da Ong. Iphanaq, Danilo Patrício.

Quixeramobim: Conselheiro Vivo encerra programação com debates e apresentações teatrais

Encerrou-se na noite desta sexta-feira, 13 de março, a programação 2015 do Conselheiro Vivo. A Casa de Antônio Conselheiro ficou pequena para receber os inúmeros visitantes que prestigiaram as atividades de encerramento da festa.

O salão principal da Casa recebeu uma mesa de debates com artistas e pesquisadores para discutir suas formas de inserção com o espaço. Participaram o cineasta Alexandre Veras, o presidente da ONG Iphanaq, Aílton Brasil, o escritor Bruno Paulino e o professor Dr. Paulo Emílio Matos Martins, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Na oportunidade, ele entregou documentos e livros de seu processo de pesquisa sobre as temáticas do Belo Montte: Conselheiro/Canudos. O acervo inicial constitui a pedra fundamental para construção do Centro de Memória e Artes do Belo Monte.

Logo após o debate, o professor falou aos presentes sobre sua satisfação de estar em Quixeramobim. Em uma noite repleta de alegrias e relembranças –memórias -, Paulo Emílio apresentou vídeos e documentos importantes sobre Conselheiro, fruto de seu longo trabalho como pesquisador. Ele também iniciou diálogo, a partir da ONG Iphanaq e entidades organizadoras, como o Sesc Ler, para realização, dentro do Conselheiro Vivo, de Seminário Internacional de debates e realizações sobre o Belo Montte.
Teatro - Para finalizar a programação do ano, duas apresentações artistas encantaram o público. A primeira, uma dança/teatro do Grupo de arte e cultura do bairro da Maravilha. A segunda ficou por conta da Companhia de Teatro de Canudos, que pelo terceiro ano consecutivo apresentou o espetáculo “Melelego”.

A partir de agora, as organizações que realizam o Conselheiro Vivo, com a boa ressonância do público presente e sociedade, passam a trabalhar, além da organização do evento de 2016, para construir ideias e propostas apresentadas no período, visando que as mesmas se tornem concretas e se incorporem ao cotidiano de Quixeramobim.

Que estejamos juntos mais uma vez, e ainda mais fortes!

Dia do Conselheiro: Escolas lembram Conselheiro em apresentação cultural no SESC

Como parte integrante da programação do Conselheiro Vivo 2015, a Secretaria de Educação realizou na manhã desta sexta-feira, 13, uma culminância com escolas da rede municipal, estadual e particular de ensino, sobre a temática de Conselheiro/Canudos. As atividades ocorreram na quadra do SESC Ler de Quixeramobim.

Ocorreram apresentações de canto, dança, teatro, entre outras formas de artes que encantaram os presentes. Estiveram na culminância o presidente da ONG. IPHANAQ, Aílton Brasil, o Professor Dr. Paulo Emílio Matos Martins, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a professora Fátima Alexandre, o escritor Bruno Paulino, o secretário de Cultura, Aécio Holanda, o presidente da Câmara Municipal, Everardo Júnior e o Diretor do SESC regional Quixeramobim, Hugo Lemos.

Conselheiro Vivo: Quinta-feira é marcada por visita ao Tigre, entrevista no rádio, lançamento de livro e cantorias com Geraldo Amâncio

A Programação do Conselheiro Vivo 2015 teve sequência nesta quinta-feira, 12. Logo cedo uma comitiva seguiu de ônibus até a comunidade rural de Tigre, no Distrito de Pirabibu, para conhecerem a primeira comunidade em que Antônio Conselheiro passou em sua peregrinação pelos Sertões Nordestinos.

Intitulada de “Saberes com Antônio”, a excursão contou ainda com rodas de conversas sobre o tema Conselheiro/Canudos e a Seca. Por volta de 09 da manhã, moradores da comunidade preparam uma recepção aos visitantes, com saudação e apresentações (Teatro e Música). Houve debate na sequência.


Às 13 horas a programação teve sequência no estúdio da FM Canudos, com o “Conselheiro no Rádio”. O convidado especial foi o poeta baiano José Américo, que lançou na última quarta-feira, 11, na Casa Conselheiro, o livro “Canudos no estalo da caatinga”. Zé Américo, como carinhosamente é conhecido, destacou a importância da permanência do elo entre Canudos e Quixeramobim, ressaltando ser preciso “mais vontade, principalmente do poder público, em particular das duas cidades”, para que esse laço se fortaleça.

Já à noite, 20h, o Conselheiro Vivo seguiu com o “Bazar das Letras”, no SESC Ler de Quixeramobim, entidade parceira na organização do evento. A festa da noite foi comandada pelo maior cantador-repentista da atualidade, Geraldo Amâncio. Na oportunidade, Geraldo lançou seu livro “A História de Antonio Conselheiro”.

Poeta José Américo Amorim lança no Conselheiro Vivo o livro “Canudos no estalo da caatinga”

Dentre as criações culturais apresentadas no Conselheiro Vivo 2015, a noite desta quarta-feira, 11, teve como atração o lançamento do livro do poeta José Américo Amorim, Canudense que percorreu os mais de 700 km que separam Quixeramobim-CE de Canudos, na Bahia, para participar do Conselheiro Vivo 2015. O livro “Canudos no estalo da caatinga” é composto por uma coleção de poemas ligados inteiramente à temática de Conselheiro/Canudos.

José Américo Amorim nasceu nas terras da cidade de Canudos-BA, em 31 de janeiro de 1966, filho de Alfredo Alves Amorim e Jovina Macedo Amorim. Desde muito cedo já sentia prazer pela arte de escrever, com temática voltada para as lutas dos sertanejos, em nome do ideal de liberdade do Belo Monte, Canudos, o que tece a criação do poeta, inserida nas questões sociais de sua gente.

Quixeramobim: Casa de Conselheiro vira sala de cinema para lançamento do documentário “a bola, o trem e o rádio”

Quixeramobim é uma verdadeira fábrica de craques. Durante a história grandes figuras foram geradas de várias equipes que se distribuem nas diversas comunidades da Zona Urbana e Rural do município.

Campos de terra batida da periferia, surrados, são sempre grandes palcos para o futebol, que como o próprio nome vincula, é apaixonante e ‘amador’. Grandes representações de importantes times, da Portuguesa do Depósito ao Cruzeiro do Uruquê. Empresários, profissionais liberais, bem ou mal sucedidos, radialistas, estudantes, ambulantes, seguranças, todos se unem para ter o prazer no jogar futebol.
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Lugares - Ao mesmo tempo em que o futebol surge como um impulso de histórias, a cidade de Quixeramobim também possui outras vertentes, dentre elas estão também as lembranças que perpassam por meio dos trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), que foi responsável pelo desenvolvimento de transportes de trem pelo Brasil em grande parte do século XX. Na verdade, a história da cidade de Quixeramobim pode ser contada por meio das grandes linhas da ferrovia que levavam não só cargas, mas também passageiros e recordações.

A marca forte na comunicação também é peculiar a esta terra, pois foi dela que surgiram as primeiras transmissões radiofônicas do Sertão Central. Um marco notável nas lembranças do imaginário dos muitos que ouviam as músicas das radiadoras e escutavam o esporte favorito, o futebol, jogado nos campos e trançado pelas ondas do rádio, narrado em vozes formadoras das trajetórias de tantos, cronistas e ouvintes.
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O cronista - São por meio desses três aspectos, a bola, o trem e o rádio, que surge a figura do personagem Viana Filho, a cara do documentário lançado na noite desta quarta-feira, 11, na Casa de Conselheiro, como parte integrante da programação do Conselheiro Vivo 2015.

Em um salão lotado, a Casa de Conselheiro tornou-se uma verdadeira sala de cinema. Autoridades, o próprio Viana Filho, parentes do radialista, simpatizantes e demais convidados, apreciaram as cenas do filme que retrata um pouco da vivência deste personagem: “Foi muito emocionante trabalhar nesse vídeo. Passamos dias pensando em como filmar, o que tragar por meio das lentes e ontem vocês viram o que fizemos. Me senti muito orgulhoso, foi o meu primeiro trabalho como diretor. É uma responsabilidade inimaginável”, revelou o aluno responsável pela concepção do vídeo, Elistênio Alves.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Documentário “A Bola, o Trem e o Rádio” será lançado nesta quarta-feira, 11

Será lançado nesta quarta-feira, 11, às 19 horas, na Casa Conselheiro, em Quixeramobim, durante a programação do Conselheiro Vivo 2015, o documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”, filmado em Quixeramobim pela equipe do projeto Patrimônio na Tela.

O documentário busca registrar processos da memória do radialista Viana Filho, que vive inserido entre sua infância como telegrafista de trem, seu amor pelo futebol e pelo rádio. Esses três pilares envolvem o personagem e marca a figura central do trabalho. Os alunos foram guiados pelo professor e documentarista Alexandre Veras. “O lançamento desse trabalho no Conselheiro Vivo mostra como a cidade se apropria desse momento a cada ano, que escolhe de modo afetivo o que vai ligando a Conselheiro, que assim vai se misturando com as coisas de nossa cidade”, afirmou o professor Neto Camorim, durante programa especial da FM Canudos (106,7 khz), que segue até sexta apresentado entre 13h e 14h.

O personagem Viana Filho
O interesse sobre a história de Viana surgiu depois de uma apresentação do radialista na edição de número 16 do projeto Papo Cultural, da ONG IPHANAQ, em Quixeramobim. Aos 16 anos Viana trabalhava como telegrafista de trem durante a noite enquanto o pai dormia, indo às oito da manhã para treinar futebol. Atuou pelo time do Maracanaú Futebol Clube.

Ele escolheu o esporte como sua paixão. Nasceu em Quixadá, na lendária fazenda “Não Me Deixe”, que é mundialmente conhecida por ter sido o lugar onde nasceu a escritora Raquel de Queiroz também.

A história de Viana se liga com Quixeramobim quando ele chegou a Uruquê, onde passaria apenas três meses, devido ao trabalho do pai no trem. Nesse período conheceu o prefeito da cidade à época, Alfredo Machado, que ofertou um emprego a Viana. Ele teria que todos os dias abrir a TV pública. Naquela época a TV era em uma praça e tinha sempre que alguém tomar conta do equipamento, e ele ficou responsável por isso.

Assim como a paixão pelo futebol, Viana conheceu aquele que também seria um de seus grandes amores, o rádio. Foi assim que, em 1968, Viana começou a trabalhar no rádio em Quixeramobim. Ajudou a fundar juntamente com Fenelon Augusto Câmara, aquele que seria o primeira trabalho radiofônico do Sertão Central: a radiadora Voz de Cristal, que antecedeu à Difusora Cristal. Pelo rádio Viana encontrou o prazer de narrar aos inúmeros ouvintes o que via dentro das quatro linhas dos campos de futebol.

O documentário
Os cenários para as gravações de “A Bola, o Trem e o Rádio” foram os campos de várzea na localidade de Poço da Pedra, no campo do Cláudio, no Belo Monte, no campo do Balaio, e nos campos do bairro da Maravilha. Seis meses foram necessários para gravação, edição, montagem e finalização do trabalho.

Serviço
Lançamento do documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”
Quarta-feira, 11, às 19 horas, dentro do Conselheiro 2015
Casa Antônio Conselheiro

Conselheiro no Rádio, espaço para debates

Teve início na tarde desta terça-feira, 10, o programa “Conselheiro no Rádio”, na Canudos FM, emissora pertencente à Fundação Canudos. Apresentado pelo professor e historiador Neto Camorim (ONG Iphanaq), o programa pretende criar um debate sobre a temática de Conselheiro e ainda divulgar a programação do evento Conselheiro Vivo 2015.

Neto destacou nesta terça-feira, 10, a importância da criação do Centro de Memória e Arte do Belo Monte, como ação concreta e prática de registro de materiais importantes para a cultura do povo de Quixeramobim: “O Conselheiro Vivo é a praticidade, por isso a ideia deste ano é destacar a importância da criação de um Centro de Memória e Documentação. Um registro prático da nossa história”, ressaltou o professor.

Nesta quarta-feira, 11, a programação dos debates no estúdio da rádio Canudos FM contará com a presença do artista visual e documentarista Alexandre Veras, juntamente com jovens que integram o Projeto Patrimônio em Tela. Eles falarão sobre os projetos aprovados recentemente, em edital na Secult-Ce, e ainda do documentário “A Bola, o Trem e o Rádio”, de criação do grupo, que será lançado na noite desta quarta-feira, 11, às 19 horas, na Casa Conselheiro.

A discussão contará ainda com a presença do poeta José Américo, de Canudos, Bahia, que falará sobre a perspectiva da arte em relação às histórias de Conselheiro e ainda sobre seu mais recente livro: “Canudos, no estalo da caatinga”.

Programação: Confira as atividades que marcam a edição 2015 do Conselheiro Vivo

Foto: Blog Quixeramobim Agora
Uma caminhada pelas ruas da cidade, o início de debates na FM Canudos e da 2a. Feira do Belo Monte, na Casa Conselheiro. Essas são as atividades que compõem o primeiro dia de programação do Conselheiro Vivo, que chega à 11a. edição ininterrupta.

De concepção conduzida pela ONG Iphanaq, a Programação é realizada pelo Sesc Ler, Câmara e Prefeitura de Quixeramobim, além do importante apoio do Sistema Maior de Comunicação, principalmente da FM Canudos, que dá prosseguimento à já tradicional série de debates “Conselheiro hoje”, que vai ao ar na emissora (106,7 khz), de terça à sexta, sempre de 13h ás 14h, com a mediação do professor Neto Camorim.
Oficialmente, o Conselheiro Vivo 2015 será aberto às 19h, na Casa Antônio Conselheiro, Centro de Quixeramobim, quando os organizadores apresentam a Programação e os principais objetivos a se concretizarem através das ações realizadas na semana, visando conquistas duradouras após o evento, como a criação de espaço voltado para pesquisas e realizações artísticas.

Segue abaixo a Programação de 2015:

Terça, 10 de março
7 h – Caminhada pelas ruas do Centro da cidade, Centro do Ceará: com Escolas (Sec. Municipal de Educação e MST), Grupos Culturais, Artistas, Pontos de Cultura e participantes em geral.

Conselheiro no Rádio: 12h – Rádio Campo Maior AM 840 (Informações e Entrevistas)/ 13h – Canudos FM 106,7 (Debate com convidados da Programação).

19 h – Abertura com entidades realizadoras: Apresentação do Conselheiro Vivo por parte da Comissão de Organização. Coordenador Geral, Aílton Brasil, e autoridades locais e do Estado.

20h30 – 2ª Feira do Belo Monte, com barracas de produtores da Agricultura Familiar e Música com sanfoneiros.


Quarta, 11 de março
Produção literária em todas as escolas municipais explorando a temática Memórias de Antonio Conselheiro, com João Pedro do Juazeiro e Arievaldo Viana

6h30 – Feira com Vinil – Galpão da Feira da Agricultura Familiar (Quadra do Mercadinho, Centro de Quixeramobim). DJs Antônio Carlos e João Paulo Barbosa fazem música e trocam LP’s se inserindo na Feira, que acontece semanalmente no local há 13 anos. As famílias de agricultores comercializam uma diversidade orgânica que produzem nas respectivas comunidades, nos sertões de Quixeramobim.

10 h – Sessão Solene da Câmara Municipal: Entrega da Comenda Antônio Conselheiro.

12 h/13h – Conselheiro no Rádio

16h – Fim de tarde com Banda de Lata Criança Feliz (Local: Sesc Ler)

19h (Local Casa Antônio Conselheiro)- Projetos artísticos (2014/15) no campo Audiovisual (Alexandre Veras e alunos).

Lançamento com apresentação gratuita do Vídeo “O trem, a bola e o rádio”, de Elistênio Alves e equipe, a partir da trajetória do cronista esportivo Viana Filho.

Lançamento de Livros e produtos artísticos. “Antonio Conselheiro”, de João Bosco Fernandes; “Com Antônio no Tempo” (Oficina Cultural), de João Pedro de Juazeiro, e “Artes do Poeta”, com José Américo (Canudos-Bahia).

21h – Show com Azanias e Banda

12 de março, quinta
7h – Saberes com Antônio – Percurso para a localidade de Tigre – lugar por onde passou Antônio Maciel, como professor, entre a partida de Quixeramobim e a chegada a Canudos.

9 h – Recepção da comunidade aos visitantes, com saudação e apresentações – Teatro e Música (Grupos Culturais: Quixeramobim e Bahia)

10 h – Bate-Papo Cultural – Luzes, desejos, ações: Conselheiro e os muitos sertões – Ariovaldo Viana e Aílton Brasil: Cineclube Iphanaq) – Instituto Antônio Conselheiro (IAC) – Experiências dos Quintais Produtivos –  Mediação de Bruno Paulino.

12h – retorno à cidade. Conselheiro no Rádio (Campo Maior AM 840)/ 13h – FM Canudos: Debate com convidados

20h – Bazar das Letras SESC com Geraldo Amâncio, Show Musical e Lançamento do Livro “A História de Antonio Conselheiro”.

 Sexta, 13 de março, feriado municipal em alusão ao nascimento de Antônio Maciel
7h às 11 h – Entrega de prêmios aos alunos vencedores de concursos tematizando Antônio Conselheiro e Canudos – Culminância dos trabalhos

Cada Pólo Educacional prepara uma apresentação

Conselheiro no Rádio: 12h – Rádio Campo Maior AM 840/ 13h – FM Canudos: Casa Antônio Conselheiro e o Centro de Memórias e Artes do Belo Monte.

18h (Local Casa Antônio Conselheiro) – Apresentação e entrega de Documentos para o Centro de Memória e Artes do Belo Monte – Mesa Redonda com debate aberto ao público – Prof. Dr. Paulo Emílio Matos Martins (UFF) e o Artista Visual Alexandre Veras.

Mediação: Historiador e Professor Neto Camorim (ONG Iphanaq)

20h – Teatro de Canudos

Mais informações:
www.patrimoniovivo.org.br

segunda-feira, 9 de março de 2015

Conselheiro Vivo 2015: Centro de Memória e Artes é destaque em programação que começa na terça

“Artes para escrever histórias” é o tema do Conselheiro Vivo 2015, que começa na próxima terça, 10 de março, em Quixeramobim, no Ceará, cidade natal de Antônio Conselheiro. A programação vai até sexta, 13 de março, feriado municipal que marca o aniversário de Antônio Conselheiro, ápice das atividades com apresentação da proposta de criação na cidade do Centro de Memória e Artes do Belo Monte (confira programação completa pelo link).

A importância de um Lugar dinâmico de pesquisa e atividades artísticas será debatida em uma Mesa Redonda, mediada pela ONG Iphanaq (presidente Aílton Brasil), com a participação do Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF), Doutor Paulo Emílio Matos Martins, e o artista visual Alexandre Veras, que atualmente reside em Quixeramobim, desenvolvendo Projetos no campo audiovisual e realizando vídeos com grupos de jovens da cidade.

Referências - “De longa data, temos uma ideia forte para o Ceará, em Quixeramobim, cidade do Conselheiro, para funcionamento de um Centro respeitado de pesquisa, na altura da importância para o Brasil de Antônio Conselheiro, personagem de repercussão internacional. Reunindo forças, aposto que pode ser viabilizado esse espaço, e por isso viajo com muito ânimo, para reencontrar pessoas e estar em contato com outras que se inseriram nessa missão, esperando que juntos possamos definir rumos nesse sentido”, afirma o professor Paulo Emílio, que possui um dos maiores acervos do país sobre Conselheiro/Canudos, com parte já doada para o Projeto, que ele comentará, a partir dos documentos, na sua participação durante o Conselheiro Vivo, na sexta, 18h, na Casa Antônio Conselheiro.

Mediador da Mesa e Coordenador Geral na edição de 2015, o historiador Aílton Brasil, que trabalha com documentos impressos na cidade, vê o momento como possibilidade de que a proposta seja recebida institucionalmente pelo município e entidades participantes, através da definição de local para sede e estrutura inicial, como material básico específico e pessoal habilitado, a ser alocado, para atuar diretamente na proposta.

Apoio prático - “Temos a grande contribuição do professor Paulo Emílio, a força e entusiasmos de Alexandre Veras e os jovens que com ele atuam. Recebemos vários apoios informais em contatos feitos, por exemplo, com o Iphan Ceará, o Arquivo Público Estadual, a Universidade Estadual da Bahia (UneB) e outros centros de pesquisa pelo país. Esperamos que a proposta seja compreendida institucionalmente pela Secretaria Estadual da Cultura (Secult CE) e pelo município, através da Câmara Municipal, com quem já conversamos, e do prefeito, com adesão na prática aos encaminhamentos necessários”, vislumbra Brasil,  presidente da ONG Iphanaq, confirmando que entre as proposta de local está a Casa de Câmara e Cadeia, único prédio na cidade tombado pelo patrimônio nacional, com possibilidade de funcionamento para que o Centro inicie suas atividades.

O Conselheiro Vivo tem início na terça, 10, 7h, com caminhada pelas ruas do Centro de Quixeramobim. A abertura oficial ocorre às 19h, na Casa Antônio Conselheiro, com apresentação da proposta de 2015 e abertura da 2ª Feira do Belo Monte, com barracas de produtores da Agricultura Familiar e Música com sanfoneiros, em frente à Casa de Antônio Conselheiro, no Centro da cidade.

Ao longo da semana, a programação segue com lançamento de produtos artísticos e linguagens artísticas diversas (livros, vídeos, teatro, poesia, música) e atividades das escolas, com participação marcante nos últimos anos. Na quinta-feira, 12, ocorrem atividades na Comunidade de Tigre, onde Conselheiro atuou como professor, entre a saída de Quixeramobim e a chegada aos sertões baianos. Além de entrevistas e informações – nas emissoras locais e pelo www.patrimoniovivo.org.br -, diariamente serão realizados debates na FM Canudos 106,7 com organizadores e convidados que participarão a cada dia do Conselheiro Vivo.

Contatos para mais informações:
Aílton Brasil, Presidente da ONG Iphanaq: 88 9999-7434 ailtonbrasilquixeramobim@gmail.com;

Professor Dr. Paulo Emílio Matos (UFF): 22 2519-5610 / 21 3322-2689 /pemiliom@uol.com.br;

Alexandre Veras (artista visual e realizador atuante em Quixeramobim): 85 8770-1661 / alexandreverascosta@gmail.com;

Elistênio Alves (comunicador, realizador cultural e Diretor Articulação ONG Iphanaq): 88 9864-5220 /  elistenioalves@hotmail.com

sexta-feira, 6 de março de 2015

48º Papo Cultural: Historiadora Eudésia Nobre apresenta pesquisa de Mestrado sobre imaginários da morte no Sertão Central


No último dia 27 de fevereiro, na casa de Antônio Conselheiro, dando início às atividades do Papo Cultural em 2015, o Projeto recebeu a historiadora Eudésia Nobre. A pesquisadora nasceu em Quixeramobim e reside em Quixadá desde à infância, onde realizou seus estudos, inclusive a graduação em história na Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc/Uece). Atualmente em fase de conclusão do mestrado na Universidade do Estado do Ceará (Uece), Eudésia veio apresentar a sua dissertação, que tem como título “As Vozes da Maldizença”- Imaginário sobre a morte e o morrer no sertão central do Ceará.

Segundo Eudésia Nobre, a presença dos mortos reivindicando orações e pagamento de promessas é algo que permeia a tradição nordestina, assim como existem indícios em outras épocas e sociedades da ação dos mortos diante dos vivos, pelos mais variados motivos. Com a criação do purgatório, a Igreja Católica criou um terceiro local para as almas pecadoras, com a finalidade de que pudessem ter a chance de regeneração e buscar o reino do céu. Portanto, as almas poderiam se regenerar e receber as bênçãos do paraíso. As que não tivessem perdão penariam eternamente no fogo do inferno, suportando suas terríveis penas. De acordo com o imaginário cristão, atender aos pedidos dessas almas é ajudá-las na caminhada pela expiação dos pecados e, ao mesmo tempo, ficar de bem com aquele espírito que continua preso ao mundo dos vivos, na busca do seu caminho.
“Maldizença” – Em Oiticica, distrito do Município de Ibaretama, no Sertão Central cearense, essas almas se manifestavam, através da “Maldizença”, uma crença que consistia em vozes, choros e lamentos das almas que permanecem entre os vivos para fazer suas reivindicações.

Para a pesquisadora, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a experiência dessa comunidade com as questões relacionadas ao imaginário acerca da morte e das almas que permanecem entre os vivos, no período que compreende a segunda metade do século XX. “Consideramos que a percepção do mundo está intimamente ligada à forma como apreendemos a realidade, e essa apreensão leva as marcas das relações estabelecidas socialmente, portanto o passado é composto por essa rede de significados atribuídos a ele. Nesse sentido é que utilizei a metodologia da História Oral para, através da memória, perceber na subjetividade de cada sujeito esses indícios do pensamento ocidental cristão em torno das questões acima citadas. No decorrer da pesquisa percebemos que essa manifestação despertava temor na localidade, e esse temor estava intimamente relacionado aos crimes de mortes ocorridos no referido lugar, portanto a “Maldizença” seria a precursora de um momento de tensão social em que o desfecho seria a presença da morte”, abordou Eudésia Nobre, em parte de sua apresentação.

Para um público de professores e estudantes, que fez intervenções durante o debate, o trabalho da pesquisadora se constitui algo inédito aqui em nossa região, conforme destacado entre os presentes. “Nunca tivemos conhecimento de algum trabalho acadêmico que tenha pesquisado o tema “maldizença” e sua relação com a morte aqui no sertão central”, ressaltou a psicóloga Nayara Ribeiro.

O projeto Papo Cultural é uma conversa com personalidades que contribuem com seu trabalho, seus conhecimentos e seus saberes diversos, para a difusão do patrimônio histórico e desenvolvimento cultural e educacional de Quixeramobim e região.

Texto: Neto Camorim- Coordenador do Papo Cultural e integrante da ONG Iphanaq

sábado, 14 de fevereiro de 2015

CINECLUBE IPHANAQ INICIA ATIVIDADES DE 2015 COM EXIBIÇÃO NA COMUNIDADE DE JUREMA

No último dia 11 de fevereiro, o Cineclube Iphanaq deu início suas atividades em 2015 realizando exibições de filmes na comunidade de Jurema, região do Pirabibu. Na ocasião foram apresentados para o público presente, após a novena dos festejos da padroeira, os curtas. “Nossa vida não cabe num curta”, de Eveline Abreu e o “Boi de Quixeramobim” do mestre Piauí, produção do ponto de cultura patrimônio vivo.

O primeiro documentário exibido mostra como a vida de alguns estudantes ganha um novo sentido quando eles ingressam no ensino superior, em Fortaleza, e voltam para as suas comunidades, no interior do Ceará, para compartilharemos conhecimentos com os produtores locais. A troca de informações permite um aprendizado que vai desde os cuidados com a terra até a maneira de tratar o rebanho, se aprofundando num vasto mundo de compreensão, cuidados, parceria e cumplicidade. Uma lição de vida que não se sabe onde começa e cujos resultados jamais caberiam num curta devido tanta história de superação e resultados significativos.

De acordo com a professora Neide Almeida, seria muito interessante se de fato as pessoas quando adquirissem mais conhecimentos voltassem trocar experiências na sua comunidade e partilhar o que aprendeu visando a melhoria de vida de todos. Infelizmente o nosso modelo de educação ainda expulsa as pessoas do campo para os grandes centros ou exterior, por falta de oportunidade decente em sua região. E esse filme nos mostra o contrário. As pessoas vão estudar na capital, mas retornam com seus conhecimentos visando à melhoria da qualidade de vida de suas comunidades. Devemos refletir a luz de nossa realidade o quando seria importante se aplicássemos o que aprendemos visando o bem estar do nosso povo. O nosso país teria outro nível de desenvolvimento humano. Assim destacou.

No segundo filme exibido, o documentário Boi de Quixeramobim do mestre Piauí, que retrata sua experiência como brincante de Boi de Reisado há mais de 60 anos, público presente, de maneira especial as crianças, ficaram muito empolgadas durante a exibição.

Segundo o senhor Acrízio ao assistir o documentário lhe veio à lembrança de quando era criança e acompanhava as brincadeiras de boi de reisado nas comunidades da região. Tinha-se uma infância feliz e bem divertida. No passado tinha mais brincante de boi de reisado e hoje só conheço o mestre Piauí, que inclusive já realizou apresentação em nossa comunidade. Acho que deveríamos valorizar mais a nossa cultura popular. Assim se expressou durante o debate. Em seguida fez os agradecimentos pela presença do cineclube pela segunda vez na comunidade de Jurema.

O projeto Cineclube é uma realização da Ong. Iphanaq com o apoio cultural do SESC-Ler de Quixeramobim e do Sistema Maior de Comunicação.

Veja a seguir o calendário de exibições de 2015.
JANEIRO– Realizado dia 11/02 – Jurema- Pirabibu
FEVEREIRO– dia 21 – Assent. Tanquinhos – Paus Brancos
MARÇO – 20 – Assent. Amazonas – Belém
ABRIL– dia 10 – Uruquê – sede
MAIO – dia 08 – Aroeira – Sede Rural
JUNHO – dia 19 – Assent. Maraquetá – Passagem
JULHO – dia 03/ dia 17 – Fogareiro- Passagem/ S. Bento – Manituba
AGOSTO – dia 07 – Nenelândia
SETEMBRO – dia 18/ dia 29 – Assent. Canaã- Lacerda/ Carnaubinha
OUTUBRO– dia 02/ dia 23 – Lagoa Nova – Manituba/ Encantado-sede
NOVEMBRO – dia 24 – Carnaúba-Manituba
DEZEMBRO- dia 04/dia 18 – Lagoa Cercada/ Canafístula Velha- Pirabibu
OBS: Essas datas podem ser alteradas de acordo com a coord. do Cineclube ou das comunidades

Neto Camorim- Coordenador do Cineclube Iphanaq.
Fotos: Edmilson Nascimento