segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CINECLUBE IPHANAQ INICIA EXIBIÇÕES DE 2013 NO ASSENTAMENTO VISTA ALEGRE



Dando início ao calendário de exibições de 2013, o Cineclube Iphanaq, esteve no dia 26 de janeiro, pela primeira vez no assentamento Vista Alegre, distrito de Paus Brancos. Na ocasião foi exibido na referida comunidade dois filmes. O primeiro foi o documentário Boi de Reisado do Mestre Piauí. Produção dos alunos da primeira turma de formação do Ponto de Cultura Patrimônio Vivo, realizado em 2010. O segundo filme apresentado foi Corisco e Dadá, do cineasta cearense Rosemberg Cariry.  
O filme trás a história do Capitão Corisco, conhecido como Diabo Louro é famoso por sua crueldade, valentia e beleza. Corisco rapta Dadá quando esta tinha 12 anos, condenando-a a difícil vida de cangaço. A partir daí a vida do cangaceiro transforma-se por completo. Ele é um condenado de Deus, cujo destino é lavar com sangue os pecados do mundo. Dadá, que a princípio o odiava, vê o companheirismo, entre lutas e dificuldades, transformar-se em amor. É o amor de Dadá que humaniza o Corisco e determina sua nova história. A história de um amor impossível, uma visão trágica e fascinante do homem e do sertão.
Estiveram presentes prestigiando o evento no Assentamento Vista Alegre, o coordenador do cineclube, Neto Camorim, o presidente da Ong. Iphanaq, Ailton Brasil, além de Danilo Patrício, Edmilson Nascimento, Fausto Lopes (motorista), João Paulo, Socorro e Ciro da Silva Barbosa, que mobilizaram a comunidade para a exibição do cinema, além de prestigiaram a comitiva com um delicioso jantar e depois pipoca.
Após as exibições foi realizado debate mediado por João Paulo Barbosa, onde alguns dos presentes fizeram reflexões dos filmes contextualizando com a realidade.

Neto Camorim- Coordenador do Cineclube Iphanaq











Texto: Neto Camorim
Fotos: Danilo Patrício e Edmilson Nascimento

OSVALDO COSTA APRESENTA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO NO PAPO CULTURAL



“É com muita emoção que estou aqui na casa onde nasceu Conselheiro apresentando essa pesquisa. Esse momento pra mim tem um simbolismo muito grande”. Foi com essa frase que o psicólogo, Osvaldo Costa Martins, iniciou a apresentação da sua dissertação de mestrado em Psicologia no dia 25 de janeiro na casa de Antônio Conselheiro. Sua pesquisa tem como tema: Os manuscritos de Antônio Conselheiro: Culpa e identificação na religião do filho. (uma resposta à Igreja e ao Estado), realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2012.
            Inicialmente o coordenador do evento, Neto Camorim, fez uma breve apresentação do convidado, agradecendo a sua presença na 24ª edição do papo cultural. Em seguida, Osvaldo Costa fez a apresentação de seu trabalho, destacando aspectos mais relevantes da sua pesquisa.
            Na primeira parte de sua fala destacou a trajetória de Antônio Conselheiro e a construção de seu legado durante toda a sua peregrinação pelo sertão nordestino, desde a sua saída de Quixeramobim até se fixar no norte baiano e fundar a comunidade de Belo Monte, posteriormente chamada de Canudos.
Na segunda parte, destaca com mais ênfase o tema de sua pesquisa. Trata-se de uma leitura psicanalítica dos dois Manuscritos de Antônio Conselheiro. De acordo com as hipóteses por ele analisadas em relação a estes, dois pontos: (1) suas prédicas revelam culpa e identificação naquilo que Freud chamou de Religião do Filho.
Considerado legítimo no período do Império, com o advento da Romanização e da República, Antônio Conselheiro passou progressivamente a ser visto como inimigo da Igreja e do Estado; (2) os Manuscritos expressariam também uma resposta a esta nova condição: por meio de uma intensificação de sua fé, Antônio Conselheiro se legitima pela renúncia ao desejo, o sacrifício de si e aquilo que Freud chamou de
reconciliação do filho com o Pai.
Após a apresentação, aconteceu um importante debate com a intervenção de vários dos presentes. Logo após o debate, o presidente da Ong. Iphanaq, Ailton Brasil, entregou ao convidado uma menção honrosa, que foi repassado para suas mãos pelo jornalista Danilo Patrício.
O projeto Papo Cultural é uma ação desenvolvida pela Ong. Iphanaq que na última sexta feira de cada mês recebe convidados na casa de Antônio Conselheiro. É uma conversa com personalidades que contribuem com seu trabalho, seus conhecimentos e seus saberes diversos, para a difusão do patrimônio histórico e desenvolvimento cultural e educacional de nosso município.








Texto: Neto Camorim
Fotos: Edmilson Nascimento e Danilo Patrício

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

GRUPO DE LEITURAS “SERTÕES E MEMÓRIAS CONCLUI ESTUDO DA 4ª EXPEDIÇÃO



No último dia 14 de janeiro, o grupo de leituras “Sertões e Memórias” reuniram-se na casa de conselheiro, e na ocasião concluíram o estudo da 4ª expedição, dos “Sertões”. A seguir, acompanhe o texto de João Paulo Barbosa.
Chegamos à casa do velho profeta um pouco depois das horas da Ave Maria, já com o peso da saudade posterior ao término do desbravamento d’Os Sertões. Estamos ao final da luta. 4ª Expedição. Sob o comando do General Artur Oscar organizou-se em 05 de abril de 1897, as forças dessa expedição; 04 brigadas em 02 colunas, com 4.283 soldados. Com roteiros diferentes, as duas colunas encontrar-se-iam em Canudos. 
“Vê
A matadeira vem chegando
No alto da favela
No balanço da justiça
Do seu criador
Salitre, pólvora,
Enxofre, chumbo
O banquete da terra
Teatro do céu
O banquete da terra
Teatro do céu
Diz aí quem vem lá,
O velho soldado
O que traz no seu peito?
A vida e a morte
E o que traz na cabeça?
A matadeira
E o que veio falar?
Fogo”
A 1ª coluna, comandada pelo general Artur Oscar Andrade Guimarães, seguiu pelas estradas de sempre, partindo de Monte Santo (BA), em 19 de junho, com 1.933 soldados. Foi atacada no Morro da Favela. Depois de insucessos e ataques juntou-se à 2ª coluna. 
A 2ª coluna, comandada pelo general Cláudio do Amaral Savaget, com 2.350 homens, partiu de Jeremoabo (SE), em 16 de junho, chegando a Canudos pela Serra de Cocorobó ao norte, onde venceu os jagunços. Os sertanejos foram encurralados em Canudos, resistindo à superioridade de homens e armamentos, sob os tiros da matadeira (canhão) e de dinamites.
Ali mais uma vez discutimos a resistência e a força dos conselheiristas, como também suas estratégias para sobreviverem e não se entregarem. Ora, como produzir alimentação no meio de uma guerra? Eram duas guerras: uma contra o exército, de fato, e outra contra o exército, de novo, para tomarem a alimentação dos soldados. Uma guerra ligada à outra, pois sem alimentação os soldados ficariam em trapos, feitos zumbis que saíam dos trens em São Paulo como heróis; heróis porque conseguiram sobreviver. Mas zumbis.
Caminhemos então para o fim da luta. Depois das cinzas do carnaval (15 de fevereiro) retornaremos às cinzas de Canudos, já quase dizimada.  Só nos restarão as cinzas da saudade. 

João Paulo Barbosa – Coordenador do Grupo de Leituras “Sertões e Memórias”.




Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Ailton Brasil


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

ONG. IPHANAQ PARTICIPA DO XVII ENCONTRO DOS PROFETAS DA CHUVA


No último dia 12 de janeiro, a Ong. Iphanaq, representada pelo seu presidente Ailton Brasil e os integrantes Elistênio Alves, Neto Camorim e a fotógrafa Amanda Queiroz, estiveram participando do XVII encontro dos Profetas das Chuvas em Quixadá. O referido encontro que acontece todo ano no 2º sábado de janeiro, foi realizado na sede da ACOCECE, na estrada do açude do cedro, e contou a participação de 24 profetas, além de estudantes da UNILAB, professores, políticos, pesquisadores e curiosos. Todos querendo saber as previsões desses observadores da natureza, como assim gostam de serem chamados.
Entre as previsões apresentada a maioria dos profetas disseram que de acordo com suas observações, o inverno de 2013 será irregular, com precipitações maiores a partir de 21 de março em algumas áreas. Não será um inverno com chuvas bem distribuídas, mas alguns acreditam que ele se estenderá até junho, mesmo fino e fraco. Em média os profetas afirmaram que não teremos um bom inverno, mas chuvas na média ou abaixo dela. O que deixou a maioria dos presentes ao encontro muito preocupados, devido à grande seca de 2012. Caso não venha acontecer boas chuvas, a situação no sertão nordestino será calamitosa. Independente de suas previsões estarem corretas, todos os profetas mantém viva a esperança de um inverno regular. Apesar de suas observações lhes deixarem pessimistas, bem como, os participantes do encontro.
Para o reitor da UNILAB, prof. Paulo Speller, presente ao encontro, os alunos da universidade do curso de agronomia que participaram dessa aula preferida pelos profetas da chuva, a partir de segunda feira dia 14/01 eles irão debater em sala de aula o que aprenderam o encontro. É preciso aproximar a academia do saber popular. A universidade precisa está mais integrada com o povo e os diversos saberes para melhorar suas pesquisas e obter bons resultados em prol do bem estar da população de nossa região. Destacou o reitor, que a UNILAB, está bem próximo do sertão central, na cidade de Redenção, e que está disposição para discutir possíveis extensões para a região centro do estado. Após sua intervenção um dos organizadores do encontro, Hélder Cortés, fez uma provocação ao reitor para que no próximo ano possa quem sabe realizar um encontro internacional dos profetas da chuva, já que a universidade recebe professores e alunos de países africanos e asiáticos, seria bem interessante conhecer essas experiências em outras regiões do mundo. Tal proposta ficou de ser estudada.
Segundo o presidente da Ong. Iphanaq, Ailton Brasil, que participou pela primeira vez do encontro, a metodologia e dinâmica de como os profetas apresentam suas previsões é muito interessante. Antes de fazerem as previsões de chuvas para 2013, antes o apresentador do evento lê o que eles falaram em 2012, para analisarem e confrontarem opiniões. “A meu ver essa prática é muito importante para a produção do conhecimento e valorização dos saberes diversos. Eles ficam se contradizendo e conflitando com os outros profetas que vão se apresentando. É nesse debate de idéias e opiniões contraditórias, portanto, nessa dialética constante que se produz um melhor conhecimento. Acho que os profetas das chuvas têm muito a cada ano a nos ensinar”. Ressaltou.  







Texto: Neto Camorim
Fotos: Ailton Brasil e Elistênio Alves