quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

GRUPO DE LEITURAS “SERTÕES E MEMÓRIAS CONCLUI ESTUDO DA 4ª EXPEDIÇÃO



No último dia 14 de janeiro, o grupo de leituras “Sertões e Memórias” reuniram-se na casa de conselheiro, e na ocasião concluíram o estudo da 4ª expedição, dos “Sertões”. A seguir, acompanhe o texto de João Paulo Barbosa.
Chegamos à casa do velho profeta um pouco depois das horas da Ave Maria, já com o peso da saudade posterior ao término do desbravamento d’Os Sertões. Estamos ao final da luta. 4ª Expedição. Sob o comando do General Artur Oscar organizou-se em 05 de abril de 1897, as forças dessa expedição; 04 brigadas em 02 colunas, com 4.283 soldados. Com roteiros diferentes, as duas colunas encontrar-se-iam em Canudos. 
“Vê
A matadeira vem chegando
No alto da favela
No balanço da justiça
Do seu criador
Salitre, pólvora,
Enxofre, chumbo
O banquete da terra
Teatro do céu
O banquete da terra
Teatro do céu
Diz aí quem vem lá,
O velho soldado
O que traz no seu peito?
A vida e a morte
E o que traz na cabeça?
A matadeira
E o que veio falar?
Fogo”
A 1ª coluna, comandada pelo general Artur Oscar Andrade Guimarães, seguiu pelas estradas de sempre, partindo de Monte Santo (BA), em 19 de junho, com 1.933 soldados. Foi atacada no Morro da Favela. Depois de insucessos e ataques juntou-se à 2ª coluna. 
A 2ª coluna, comandada pelo general Cláudio do Amaral Savaget, com 2.350 homens, partiu de Jeremoabo (SE), em 16 de junho, chegando a Canudos pela Serra de Cocorobó ao norte, onde venceu os jagunços. Os sertanejos foram encurralados em Canudos, resistindo à superioridade de homens e armamentos, sob os tiros da matadeira (canhão) e de dinamites.
Ali mais uma vez discutimos a resistência e a força dos conselheiristas, como também suas estratégias para sobreviverem e não se entregarem. Ora, como produzir alimentação no meio de uma guerra? Eram duas guerras: uma contra o exército, de fato, e outra contra o exército, de novo, para tomarem a alimentação dos soldados. Uma guerra ligada à outra, pois sem alimentação os soldados ficariam em trapos, feitos zumbis que saíam dos trens em São Paulo como heróis; heróis porque conseguiram sobreviver. Mas zumbis.
Caminhemos então para o fim da luta. Depois das cinzas do carnaval (15 de fevereiro) retornaremos às cinzas de Canudos, já quase dizimada.  Só nos restarão as cinzas da saudade. 

João Paulo Barbosa – Coordenador do Grupo de Leituras “Sertões e Memórias”.




Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Ailton Brasil


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