domingo, 26 de fevereiro de 2012

SANFONEIRO NONÔ SE APRESENTA NO PROJETO PAPO CULTURAL



Foi realizado na última sexta, dia 24 de fevereiro, na casa de Antonio Conselheiro a 14ª edição do Papo Cultural, que desta vez, teve como convidado o sanfoneiro Luiz Gonzaga dos Santos, “O Nonô”, como é popularmente conhecido, que há 43 anos dedica sua vida a arte de tocar sanfona. Mas faz questão de ressaltar: gosta do forró de raiz, tendo como maior inspiração para seu trabalho o mestre Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, no qual é fã incondicional.
Durante sua apresentação falou inicialmente de sua origem sertaneja de filho de agricultor, nascido na Fazenda Umari, distrito de São José da Macaoca, município de Madalena, antes Quixeramobim. Aprendeu a tocar sanfona aos 15 anos a partir da experiência de seu pai o Sr. Raimundo Marques dos Santos tocador de fole de 08 baixos. Antes de possuir a sua própria sanfona, o amigo Mário Araújo, que era afinador de sanfona, emprestava seu acordeom para o ainda garoto tocar.  Sua primeira participação em um evento foi em uma véspera de São João na localidade de Várzea Cumprida, no município de Madalena. O Forró aconteceu na casa do Sr. Serafim Marques onde pagou o primeiro cachê ao sanfoneiro. A primeira sanfona foi uma de 48 baixos a qual foi utilizada no forró. O instrumento foi presente do seu irmão Paulo Marques dos Santos. 
Segundo Nonô, no início da profissão tinha que aprender as melodias das músicas somente através do rádio, ao qual ficava aguardando a canção ser tocada para tentar aprender e executá-la com perfeição. Por muitas vezes se manteve com o ouvido coladinho no rádio de pilha aguardando a música ser tocada. Muito diferente das condições de hoje em dia com os recursos tecnológicos disponíveis.
Durante toda a sua fala, fez questão de sempre destacar que se dedica até hoje ao autêntico forró, esse que se chama pé de serra, com sanfona, triângulo e zabumba. Quando veio morar em Quixeramobim em 1981, criou uma banda “Nonô e seus Caçulas”, que durante 10 anos fez festas em toda a região do sertão central, mas que depois veio a acabar, alegando que é difícil trabalhar com muita gente, além desse negócio de banda poderia descaracterizando o estilo de forró que sempre gostou de fazer. Hoje realiza festas apenas para amigos, geralmente em confraternizações e aniversários em Quixeramobim, não se arriscando em viagens mais distantes.
Durante sua participação no papo cultural, destacou também as maiores alegrias que já teve nessa vida de sanfoneiro. Entre elas, citou o encontro que teve em 1984 com Luiz Gonzaga, numa festa no qual tocou junto com o Rei do Baião na cidade de Baturité. “Foi uma emoção daquelas que não se pode esquecer, eu guardo isso pro resto da vida”. Destacou Nonô.
Outra felicidade foi ter conhecido a terra de Luiz Gonzaga, Exu-PE, a convite do amigo Fernando Ivo, fundador do Fã Clube Viva o Rei Luiz Gonzaga de Quixeramobim. “Foi muito bom, mim senti realizado”, conclui o sanfoneiro. Outro momento gratificante que foi ter participado juntamente com outros sanfoneiros de Quixeramobim e ter conquistado o 2º lugar do FERMUZA, festival de músicas de Luiz Gonzaga, realizado na cidade de São João do Rio do Peixe na Paraíba no ano de 2011.
Mesmo diante das alegrias relatadas, destacou também as dificuldades e os desafios do que é manter as raízes culturais do forró em Quixeramobim. Citou como exemplo, o quanto é difícil manter através de patrocínio e de alguns amigos, um programa chamado “Crepúsculo Sertanejo” de segunda a sexta das 16h às 18h na Rádio Difusora Cristal. Esse programa já esteve ameaçado de entregar o horário a direção da emissora por falta de apoio.
Para Nonô, o poder público municipal deveria através da Secretaria de Cultura apoiar a cultura do forró de raiz, como ele denomina, criando escolas ou oficinas de forró para que as futuras gerações aprendam a arte de tocar sanfona. Segundo ele, muitos jovens lhe procuram em sua residência ou no programa de rádio para aprender. Mas cadê o apoio financeiro para realizar esse trabalho? Tem dinheiro pra tudo em quanto, contrata bandas caras e tudo mais, por que não valorizar a nossa cultura investindo em nossos talentos? Questionou o convidado.
Durante a sua fala, Nonô fez uma breve apresentação mostrando algumas músicas de Gonzagão que gosta de tocar, para alegria do público presente ao evento. Ao final teve um importante debate onde algumas pessoas presentes participaram com suas intervenções e questionamentos, entre elas, o presidente da ONG Iphanaq, Ailton Brasil (mediador do debate), Fernando Ivo, Terezinha Oliveira, Neto Camorim, Bruno Paulino e o professor de Língua Portuguesa Willamy Nunes que entregou uma menção honrosa produzida pelo iphanaq ao convidado.
O projeto Papo Cultural é uma conversa com personalidades que contribuem com seu trabalho, seus conhecimentos e seus saberes diversos para a difusão do patrimônio histórico e desenvolvimento de nosso município. É uma realização da ONG IPHANAQ e do Ponto de Cultura Patrimônio Vivo.







Texto e Fotos: Neto Camorim

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