quarta-feira, 21 de novembro de 2012

GRUPO DE LEITURA CONCLUI ESTUDOS DA EXPEDIÇÃO MOREIRA CÉSAR



No último dia 14 de novembro, o grupo de leitura “sertões e memórias” se reuniram na casa de Conselheiro para discutir sobre a expedição Moreira Cesar. Terceiro combate enviado pelo governo da república para destruir Canudos, narrado por Euclides da Cunha nos “Sertões”. Acompanhe a seguir o texto produzido pelo professor João Paulo Barbosa.
Vamos almoçar em Canudos! (?)
É preciso pensar no que se vai ter como cardápio, antes de sair bradando certas fomes sertões adentro. Acompanhamos a expedição de Moreira Cesar. Acompanhamos o louco, o doente, o corta cabeça: este homem é o cão, é o filho do cão!
Sofria epilepsia
Era o tipo do Satanás
Tanto matava na luta
Quanto matava na paz
 Quando vinha à capital
 Era o espectro do mal
 O medo, feroz e brutal.
(José Aras)
A 3ª Expedição. Partiu do Rio de Janeiro, com 1.300 homens, em 03 de fevereiro de 1897, comandados pelo Cel. Moreira César. Dia 2 de março, sem um plano tático, a tropa entrou e atacou o arraial, perdendo-se naquele labirinto. Moreira César foi mortalmente ferido, com duas balas, morrendo no dia seguinte. Foi substituído pelo Coronel Pedro Nunes Tamarindo. A tropa fragmentou-se, dispersou-se, debandaram-se em pânico, desfazendo-se de armas e munições, recolhidas pelos jagunços. O corpo de Moreira César foi jogado no caminho. Quando atravessava o córrego de Angico, querendo conter seus homens, o Cel. Tamarindo foi morto. Morreu, também, o comandante, Cap. José Agostinho Salomão da Rocha. Comoção nacional. "A República estava em perigo". Os cabras que mais tinham “moral” no exército morreram. Para onde ir? A quem seguir? A quem ouvir?
Moreira César foi ao céu
Com Tamarindo ao seu lado
São Pedro falou assim:
“Ó que cara de malvado!”
Tamarindo entristeceu
São Pedro assim respondeu:
“Espere mais um bocado.”
E disse a Moreira César
Pra seu ódio não há perdão
Forte orgulhoso no mundo
Não terás a salvação
Volte lá para a terra
Vá cuidar de sua guerra
No reino da escuridão
(Afranio Peixoto)
Ora, ora! Segundo o Bruno, voltando aos encontros, Tim Burton piraria no cenário armado pelos jagunços no meio da caatinga: cabeças e corpos pra tudo que é lado. Macabro. Sinistro. Conseqüência da loucura do corta cabeças? Talvez. Mas talvez a loucura maior fosse à de quem o enviou a Canudos, segundo o escritor Oleone Coelho Fontes, a quem tivemos o prazer de conhecer na viagem a Canudos, único biógrafo de Moreira Cesar. O louco agarrou com unhas e dentes, literalmente, a causa de Canudos e queria a todo custo almoçar por lá. Foi almoçado pelas condições geográficas, climáticas, falta de estratégia e, por último, pelas balas dos jagunços conselheiristas, embora não se tenha certeza disso. 
Capitão Moreira César
Chama-se corta pescoço
Veio agora nesta guerra
Deixar no sertão o osso
Coronel Moreira César
Moradô do rio do sul
Foi dá fogo nos Canudos
Pra dá carne aos urubus.
(Afranio Peixoto)
Pois bem, o “doente” Moreira César foi o mote maior pra nossa conversa desse dia 14 de Novembro de 2012 na casa do Velho Profeta, cujas poucas lembranças em sua terra-mãe estejam caídas como o corpo seco do epilético. Avante! Até o próximo encontro no dia 13 de dezembro.






Texto: João Paulo Barbosa
Fotos: Edmilson Nascimento










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