quinta-feira, 15 de agosto de 2013

CINECLUBE IPHANAQ REALIZA EXIBIÇÃO NO ASSENTAMENTO MUXURÉ


          O Cineclube Iphanaq realizou no dia 14 de agosto, no Assentamento Muxuré, distrito de Lacerda, exibição de cinema pelo sertão. Foi a primeira vez que o projeto esteve na comunidade.
Os filmes apresentados do salão comunitário, próximo a residência do senhor Valdim Paulino foram o curta infantil, “Calango Lengo” e o documentário “Sertão, Sertões”, de Sérgio Resende.
Inspirado em dois clássicos da literatura brasileira, Os Sertões, de Euclides da Cunha e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, o filme de Sérgio Resende é uma reflexão sobre a categoria mítica do sertão no Brasil contemporâneo.
O deslocamento das populações rurais para os grandes centros urbanos e, do outro lado, a expansão das fronteiras agrícolas brasileiras, parecem confirmar a profecia famosa de Antonio Conselheiro: "O sertão vai virar praia, a praia vai virar sertão".
No mundo globalizado em que vivemos talvez se possa expandir o conceito de sertão para outras regiões do mundo, sendo o sertão o mundo do atraso e o litoral o assim chamado primeiro mundo.
Filmado ao longo de dois anos, a produção percorreu os territórios míticos de Rosa e Euclides, o norte de Minas e o sertão baiano. Esteve também em Rondônia, palco da rebelião dos operários da usina de Jirau. E se debruçou sobre o novo "sertão" das comunidades pobres do Rio de Janeiro, sobretudo a da Rocinha e Dona Marta.
Após as exibições aconteceu um debate mediado pelo presidente da Ong. Iphanaq, Ailton Brasil, que estava presente ao evento.
Segundo o senhor Dedé Lourenço, morador da comunidade e que veio assistir o filme, considerou importante aquele momento para pensar algumas questões sobre o sertão que continua enfrentando problemas desde muitos anos sem uma solução definitiva pelos governos. “Os jovens das comunidades estão saindo do sertão para a cidade em busca de uma vida melhor que na maioria das vezes não acontece. O nosso sertão está ficando só os mais velhos e são poucos. Esse filme me fez pensar sobre essa realidade que entre ano e sai ano e continuamos enfrentando. Até quando isso vai continuar? Por isso que a cada dia aumenta a violência nas cidades e agora está chegando à zona rural. É um quadro de abandono para os pobres seja na cidade ou no campo. Não sei falar bem, mas é isso que penso”. Assim se expressou.
Para o senhor Valdim Paulino, que já tinha participado de outro cineclube ano passado na comunidade vizinha de São João Velho, dessa vez ele gostou mais. “Aqui no Muxuré teve debate às pessoas participaram mais achei bem interessante esse projeto cineclube de oportunizar as pessoas do sertão ter acesso ao cinema e conversar a partir do filme sobre sua realidade”. Destacou.

Ainda contribuíram no debate o senhor Chico Antônio, também morador do assentamento e o coordenador do projeto cineclube iphanaq, professor Neto Camorim.












Texto: Neto Camorim
Fotos: Ailton Brasil e Neto Camorim


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