Blog dos participantes do Projeto “Patrimônio Vivo”, um dos Pontos de Cultura selecionados em 2009 no Ceará. O projeto é uma das atividades do Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim (ONG Iphanaq).
domingo, 24 de janeiro de 2010
Oficina
sábado, 26 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
ASSIM NA VIDA, COMO NA MORTE.

Por mais de cem anos, os sepultamentos em Quixeramobim, eram realizados dentro da Igreja Matriz e outros templos. Porém, existia uma distinção para realizar os sepultamentos, que era definido de acordo com a importância e condição social do falecido.
Os túmulos de “grade acima” eram destinados aos chamados “homens bons”, os ricos da classe dominante composta de grandes fazendeiros, políticos de influência e pessoas abastadas de um modo geral. Os padres, por outro lado, constituíam a elite dessa estratificação, se assim podemos chamar, a eles eram reservados os altares.
Essa prática era comum em toda localidade que tivesse pelo menos uma capela e aqui não poderia ser diferente. Vale salientar, que muitos deixavam em seus testamentos e inventários, o desejo de serem enterrados dentro de uma igreja. Com o passar do tempo, esse costume começou a causar incômodos e inconveniências, devido ao forte cheiro de corpos em decomposição, que exalavam das sepulturas, atrapalhando as atividades religiosas e até mesmo, o desenvolvimento urbano em torno da Igreja Matriz e da Igreja do Bonfim. Era proibido construir moradias nesse trecho da cidade, pois existia o receio de que as pessoas poderiam adoecer, devido à inalação constante e dos ventos que espalhavam a podridão.
Foi então, que em 1854, o padre coadjutor da Paróquia de Santo Antônio, José Jacinto Bezerra Borges de Menezes, é dado o início a construção do cemitério. Fato que mexeu com o imaginário popular, pois as pessoas da época acreditavam que só teriam “salvação”, se fossem sepultadas numa igreja. Mas com o poder de convencimento do religioso, logo ele conseguiu a adesão do povo e a construção tomou ares de mutirão e cada um contribuía como podia. Quem não podia doar material de construção, doava horas de serviços, carregando areia e pedra do rio Quixeramobim para erguer os muros do cemitério e a Capela de Nossa Senhora do Carmo.
Depois da construção, foi dado permissão para que as famílias erguessem seus mausoléus. E então, a ostentação de poder ficou ainda mais explícita. As famílias mais ricas gastavam enormes quantias de dinheiro para pagar todo requinte empregado na construção de seus jazidos, que deveriam ficar de acordo com o poder e posição social do falecido. Muitas vezes, era encomendada de artistas europeus essa incumbência.
Vale ressaltar que essa estratificação continua presente no cemitério local ainda hoje, mostrando que mesmo após a morte, seu jazido será destacado de acordo com a posição social que representava aqui a terra enquanto vivo. Foi nesse intuito e temática, que tentei contribuir para a realização do 1º Roteiro Cultural guiado que realizei no dia 20 de dezembro de 2009 às 06:30h da manhã no cemitério de Quixeramobim, para os alunos do Ponto de Cultura Patrimônio Vivo, no qual faço parte e convidados.
Postado pelo Artesão Iran do Nascimento- Aluno do Ponto de Cultura Patrimônio Vivo
sábado, 5 de dezembro de 2009
Palhaço mais velho em atividade no Ceará

O mais antigo palhaço em atividade no Ceará tem 81 anos. José Gomes de Souza, o Trepinha, trabalha no Theatro José de Alencar – TJA desde o começo dos anos 70, oficialmente contratado pela Secretaria da Cultura do Estado.
Depois de viajar pelos brasis em circos como o Nerino (leia sobre Trepinha no livro "Circo Nerino", de Roger Avanzi e de Verônica Tamaoki) e Garcia, de ter sua própria lona, ele chegou a Fortaleza a tempo de viver os mundos dos circos que ainda armavam lona no Mucuripe, então bairro de pescadores, e no Centro, o coração da cidade.
Sua iniciação no TJA nos remete à sua iniciação ao circo que, por sua vez, lembra as legiões de artistas célebres e anônimos que chegaram à lona por acaso e ali inventaram uma vida para si.
Trepinha conta que conheceu o alfaiate Clóvis Matias nas festas e brincadeiras de rua: “Seu Clóvis me levou para o Theatro José de Alencar, onde era porteiro, trabalhava n’O Mártir do Gólgota”. Na história do TJA, as temporadas d’A paixão de Cristo embaravalhavam os códigos estabelecidos, interferiam nas apartações entre o mundo da rua e o mundo do teatrão edificado. Multidões enchiam o teatro durante semanas. E traziam a vibração da rua, das rodas de artistas em praças, pátios de igreja, terreiros a céu aberto. Trepinha estava lá: no meio, no espaço entre um e outro. É uma espécie de zona de transição, de corredor de passagem, um dos lugares que Trepinha cultivou no Theatro José de Alencar.
Até hoje, ele fica à entrada do Theatro José de Alencar para convocar o público da rua a entrar no teatro. Um misto de mestre de cerimônia e articulador de público, um palhaço-rito de passagem: muitos dos que entram no teatro pela primeira vez, fazem a travessia a convite do mestre. Sob o sol, protegendo-se em dias de chuva, Trepinha deixa o presente mais denso ao atualizar no TJA uma experiência larga de tempo do encontro do artista com o público. Melhor: da passagem de transeunte, indivíduo, moradora, um dado da população, para o lugar de platéia. A passagem para uma experiência de coletivo, como são as experiências de platéia, de ser público.
Megafone na mão, ele inventa textos. Conhece o dia-a-dia do teatro e da rua, experimenta na pele as diferenças entre um e outro e trabalha com elas como possibilidade de encontro, de ligação. Sabe que um não existe sem o outro. Em um final de tarde de 2008, estava ele no saguão, com um olho na rua e outro no teatro, chamando os passantes para ver Flor de Obsessão, espetáculo-solo do ator e dramaturgo Ricardo Guilherme, a partir do universo de Nelson Rodrigues. Antes, programação oficial na mão, como sempre faz, Trepinha havia ido ao camarim para saber mais sobre o espetáculo. Conversou com o ator, dois mestres partilhando no dizer e no ouvir o universo amoroso-obsessivo do dramaturgo pernambucano. Ricardo Guilherme falou do solo e, sobretudo, de como Nelson Rodrigues escrevia sobre as paixões, sobre a experiência amorosa. Já na calçada do teatro, dizia Trepinha: “Entrem, entrem! Hoje, grande espetáculo do grande ator Ricardo Guilherme. Hoje, Flor de Obsessão, uma história de amor, carinho e chifre. Você não pode perder”.
Matéria- TJA
Postagem- Elistênio Alves
terça-feira, 24 de novembro de 2009
PONTO DE CULTURA PATRIMÔNIO VIVO ENCERRA OFICINAS DE GESTÃO CULTURAL
Buscando um melhor aproveitamento, as oficinas foram divididas em quatro módulos. O primeiro, realizado nos dias 17 e 18 de outubro, tendo como oficineiro o ambientalista Josael Lima, integrante do FERU-CE (Fórum Estadual de Reforma Urbana), foi discutido a importância de pensar a gestão cultural a partir da cidade, enquanto espaço de patrimônio histórico, mas também de conflitos e interesses diversos. Daí a necessidade de compreender o espaço urbano e suas alterações, bem como as legislações vigentes, tendo como enfoque o estatuto das cidades.
O segundo módulo foi realizado nos dias 24 e 25 de outubro. E teve como oficineira a jornalista Katharinne Magalhães da FM Universitária de Fortaleza, onde os alunos tiveram a oportunidade de estudar a gestão cultural em Rádio e em outras mídias, buscando construir, uma melhor comunicação do ponto de cultura com o público externo e financiadores, fornecendo suporte aos alunos para que eles possam elaborar seus projetos futuros.
O terceiro módulo aconteceu nos dias 14 e 15 de novembro, e teve como oficineira Izabel Gurgel, diretora do Teatro José de Alencar, apresentando sua experiência em gestão cultural, não apenas do aspecto administrativo financeiro, mas mostrando a formação cultural brasileira e suas diversidades e pluralidades étnico-culturais. Teve como base de seu trabalho na oficina, o livro “o povo brasileiro” de Darcy Ribeiro, e exibiu vídeos onde foram apresentadas as principais matrizes de nossa formação: a Tupy, a africana e a portuguesa, e suas influências em nossas mais variadas manifestações culturais.
Para concluir as oficinas, foi realizado nos dias 21 e 22 de novembro, a quarto módulo com o tema: formação e elaboração de projetos, com o oficineiro Emídio Sanderson- administrador cultural que trabalha na Secretaria de Cultura de Fortaleza.
Nessa última etapa foi estudado como elaborar projetos culturais, gerenciar, conhecer a legislação Federal e Estadual e as políticas de editais.
Foram momentos de grande aprendizado para os alunos, além de despertar a todos para pensar a gestão cultural, não apenas como negócio, mas acima de tudo, como algo inserido na vida da comunidade e dos sujeitos históricos envolvidos e seus mais variados atores sociais e culturais, tão ricos em saberes muitas vezes esquecidos ou não valorizados.
É importante destacar que o ponto de cultura Patrimônio Vivo tem como financiadores, o governo federal e estadual, através do MINC e da SECULT, realizado pela Ong IPHANAQ e tem o apoio do Liceu de Quixeramobim e do Sebrae.
Postado por Neto Camorim- Coordenador geral e aluno do ponto de cultura Patrimônio Vivo.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
O terreno da igreja foi doado por um devoto da Virgem, Custódio Ramos Mendes que nascera em Santo Antônio dos Passos, bispado do porto, em Portugal. A doação constituiu em 30 braças de terra em quadra. Até o fim do século passado, era costume entre os fiéis a construção de oratórios e nichos, onde ao entardecer ou ao anoitecer, serviam para rezar o terço e acenderem velas, um desses nichos foi construído no frontispício da Igreja de Nossa Senhora do Rosário que perdura até hoje, porém sem aquela finalidade do século XIX.
Cinema: Sua História em Quixeramobim
